BALANÇO

Mar sem Lixo recolhe 32 toneladas de resíduos do oceano e manguezais do litoral de SP

Engajamento de pescadores aumentou 215% desde o início do programa, diz Semil; plásticos são os principais itens recolhidos do mar

Redação
Publicado em 23/12/2024, às 16h28 - Atualizado às 16h38

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Pescadores são fundamentais para a manutenção e sucesso do programa - Divulgação / Semil
Pescadores são fundamentais para a manutenção e sucesso do programa - Divulgação / Semil

Oceano, ilhas e manguezais do litoral paulista ficaram livres de 32 toneladas de lixo, com a ação de pescadores de arrasto de camarão, integrantes do programa Mar sem Lixo. O balanço refere-se ao período de junho de 2022, quando o programa foi criado, a outubro deste ano, e engloba seis municípios beneficiados pela iniciativa - nos litorais norte e sul e na Baixada Santista. 

O programa começou em Cananeia, Itanhaém e Ubatuba e, em novembro de 2023, foi expandido para Bertioga, Guarujá e São Sebastião. O engajamento de pescadores, segundo a Fundação Florestal, responsável pelo programa, deu um salto de 215%, de 81 cadastrados na primeira fase (implantação) para 255 em outubro deste ano.

São quatro os componentes fundamentais do programa: Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) aos pescadores, que capturam resíduos durante a atividade de pesca artesanal; ações educativas; geração de dados e informações para pesquisa científica e formulação de políticas públicas; e captação de parcerias e patrocínios para aumentar a escala, alcance e sustentabilidade do programa. Veja os resultados:

Renda para pescadores

No eixo de PSA, o programa estipula a remuneração dos pescadores por meio de cartão-alimentação, com valores mensais de até R$ 653. Esses beneficiados atuam nos municípios atendidos, abrangendo as APAs marinhas dos litorais sul, centro e norte. De junho de 2022 a outubro de 2024, 255 pescadores cadastrados no Mar sem Lixo receberam R$  339.457 no total. O número de cadastros, só na segunda fase do programa, quando o número de cidades atendidas passou de três para seis, aumentou 40,8%, de novembro de 2023 a outubro de 2024.

A renda pelo serviço é ainda mais importante no período de defeso, quando a pesca de camarão fica proibida devido à reprodução desses crustáceos. Como os pescadores estão proibidos de exercer atividades de arrasto de camarão, foram realizados mutirões de limpeza em manguezais e ilhas. Nessas operações, os pescadores receberam R$ 70.485 pelas 13,2 toneladas de materiais coletados. Neste ano, o defeso ocorreu de 28 de janeiro a 30 de abril.

Educação Ambiental

No eixo de ações educativas, foram realizadas 625 atividades pela própria equipe do programa e apoio de parcerias, com a participação de mais de 5.300 pessoas. Dessas, 142 ações foram realizadas no período do defeso.

Que lixo é esse? 

Quanto aos subsídios para pesquisa e políticas públicas, o programa levantou os seguintes dados: numa profundidade média de 32 metros, 94% dos resíduos sólidos coletados no fundo do mar correspondem a itens plásticos. Além disso, também foram coletados itens feitos de materiais como vidro, metal, borracha e tecido. Entre os materiais frequentemente encontrados, 67% são de itens fragmentados, dos quais 97% são compostos por plásticos. As embalagens de alimentos representam 63% do total coletado, especialmente pacotes de alimentos industrializados.

Os resíduos recicláveis mecanicamente representam parcela muito pequena do total do lixo entregue pelos pescadores, de apenas 8%. Isso ocorre por causa das condições de degradação características dos resíduos removidos do fundo do mar, que acompanham a pesca de arrasto de camarão.

Limpeza dos oceanos

O Mar sem Lixo foca na prevenção e combate de lixo no oceano; busca a conservação do ambiente marinho protegido pelas Áreas de Proteção Ambiental (APAs) marinhas e pelas Unidades de Conservação (UCs) costeiras e insulares. O lixo no mar, além de poluir as águas e causar danos aos animais marinhos, provoca também riscos à saúde humana devido à liberação de substâncias químicas que se acumulam nas cadeias alimentares, contaminando mexilhões, ostras e outros animais consumidos pelo homem.

O programa Mar sem Lixo é promovido pela Fundação Florestal, vinculada à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), do estado de São Paulo. O governo paulista investiu até agora R$ 1,6 milhão no projeto.

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