Um prato caprichado de feijão contém cálcio, ferro, vitaminas, proteínas e carboidrato, definitivamente um aliado que não deve ser deixado de lado
Sabe aquela propaganda de que vale por um bifinho? No caso do feijão, isso vai bem além da publicidade. Ele realmente é um substituto para as proteínas animais. Quer outro motivo para colocá-lo à mesa: é plantado com sucesso em todo país, por isso é um ingrediente farto e variado.
A nutricionista Karoline Jorge enfatiza que, incluir o feijão na dieta, é uma oportunidade de fornecer fibras, ferro e proteínas. “Quando consumido em quantidade adequada, não engorda, diferentemente do que muitas pessoas pensam”. Segundo Karoline, a leguminosa é a principal fonte de proteína na alimentação brasileira e pode ser utilizada como alternativa em substituição às carnes e a outros produtos proteicos, formando com o arroz uma dupla imbatível.
É uma boa fonte de carboidratos complexos, fonte de vitaminas hidrossolúveis, possui alto conteúdo proteico com alto teor de lisina, complementando a proteína dos cereais (como o arroz) e ainda é fonte de cálcio e ferro com conteúdos também significativos de fósforo, potássio, zinco e magnésio; alto teor de fibras alimentares (6 a 7%).
Segundo o chef Guga, “samba, futebol e feijoada: esse trinômio é a base de nossa cultura popular mais arraigada na alma brasileira. Conheço quem não goste de peixe, de alface, até de chocolate, mas feijão é quase unanimidade”. A dica é inventar formas novas, tropicais, coloridas e refrescantes para utilizar esse rico ingrediente no seu dia. Ele ensina uma receita aqui: “Ele fica ótimo com frutas. Também varie o tipo de feijão e evite colocar linguiças e outras carnes gordurosas. Mas comer uma boa feijoada uma vez por semana não faz mal a ninguém”.
Feijoada Branca - ingredientes:
Modo de preparo: faça a dessalga das carnes, trocando a água de 8 em 8 horas, por dois dias (na geladeira). Na véspera, lave bem o feijão e o coloque de molho. No dia seguinte, cozinhe o feijão na mesma água em que ficou. Em outra panela, cozinhe as carnes. Depois de bem cozidas, corte as carnes em pedaços e as linguiças em rodelas.
Numa frigideira grande, refogue a cebola picadinha em azeite e junte o feijão com um pouco do caldo. Depois, acrescente as carnes e um pouco da água do cozimento delas. Corrija o sal e junte a salsa, o louro e o alho picado. Deixe apurar em fogo brando e sirva.
Os grãos de feijão já eram cultivados no Egito e na Grécia, na Antiguidade. Os romanos usavam os feijões nas suas festas gastronômicas e, também, como pagamento em apostas. Segundo historiadores, a disseminação do feijão ocorreu por meio das guerras, por ser um alimento essencial na dieta dos soldados.
Carioca - Também chamado de carioquinha, é o mais consumido no Brasil; corresponde a 85% das vendas. O grão bege e com listras marrons popularizou-se no país a partir da década de 1970, pois é bastante produtivo.
Preto - Muito consumido no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, é também apreciado em todo o país em feijoadas e nos pratos inspirados na cozinha mexicana. Este grão é resistente em períodos de seca e bastante produtivo, ou seja, a colheita costuma ser farta. O caldo pode ser preto ou de cor amarronzada.
Branco - Com caldo ralo e casca fina, o feijão branco é usado como saladas, sopas e ensopados, além de ser servido com dobradinha (ou buchada). O consumo não é muito popularizado e há poucas plantações desse grão. Costuma ser apreciado nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul.
Feijão-de-corda - Muito apreciado no Nordeste e em Minas Gerais, é considerado uma variação do feijão fradinho. Não é um grão que produz caldo, mas pode ser consumido como aperitivo.
Fradinho - Também chamado de feijão-de-corda em algumas regiões, é utilizado para preparar saladas ou pratos especiais. Pouco consumido, é um grão que não produz caldo e tem o sabor frutado. Maior consumo é na Bahia, no preparo do acarajé, por exemplo.
Jalo - O feijão-jalo tem os grãos alongados e é levemente adocicado, com massa consistente e caldo grosso. Pode ser utilizado para engrossar feijoadas, fazer tutu e no feijão tropeiro. É pouco consumido no Brasil, mas costuma ser exportado para os países árabes.
Jalo-roxo - Com coloração avermelhada, o jalo-roxo é uma variação do jalo comum. Com grãos grandes, é utilizado em sopas e saladas nas cozinhas paulista, mineira e goiana.
Rosinha - Rosado e de caldo claro, o feijão-rosinha já foi bastante consumido no país antes da década de 1970, mas perdeu espaço entre os agricultores por ser um grão bastante suscetível a pragas e doenças no campo. Tem o sabor mais suave que o carioca e, quando cozido, produz um caldo grosso.
Azuki - Os grãos do feijão-azuqui ou azuki são menores do que os de variedades mais conhecidas, como o carioca. O azuqui é mais adocicado e bastante utilizado em sobremesas da culinária do Japão, de onde é originário. É pouco cultivado no Brasil. O feijão azuki é fonte de proteínas, ferro, potássio, cálcio e vitaminas do complexo B. E além destes benefícios, ele tem melhor digestibilidade devido à presença de fibras solúveis.
Roxinho - De cor avermelhada, o feijão-roxinho tem textura macia e dá bom caldo. É muito consumido em São Paulo e Minas Gerais.
Mulatinho - De coloração amarronzada, o feijão-mulatinho se parece com o grão do tipo carioca, mas sem as listras. É um feijão que teve seu consumo reduzido a partir da década de 1970 no Brasil. Tem sabor suave e boa produção de caldo.
Bolinha - Também chamado de manteiga, é muito usado na culinária portuguesa. Tem grão arredondado e cor amarelada. Ótimo para sopas e saladas.
Matéria produzida para a Revista Beach&Co - Edição 182/Julho 2017; a autora é jornalista, cronista, gastrônoma, sommelièr e coautora do Livro Santos Paladares.