COLETIVA DE IMPRENSA

Prefeito de Caraguatatuba expõe condições “deploráveis” e dívidas

Mateus Silva convoca a imprensa para desmentir e esclarecer informações que circulam em redes sociais, e afirma que levará tempo para “arrumar a casa”

Reginaldo Pupo
Publicado em 24/02/2025, às 16h10

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Mateus Silva fez balanço dos primeiros dias de governo em coletiva concorrida - Reginaldo Pupo
Mateus Silva fez balanço dos primeiros dias de governo em coletiva concorrida - Reginaldo Pupo

O prefeito de Caraguatatuba, Mateus Silva, disse, na manhã desta segunda-feira (24), que encontrou a prefeitura da cidade do litoral norte paulista em situação “deplorável”, em relação aos equipamentos públicos, e que herdou diversas dívidas, uma das quais relacionada a empréstimos, que somente se encerrará em 2033. Ele convocou entrevista coletiva para fazer um balanço dos primeiros dias de governo e para avisar que ainda levará algum tempo para “arrumar a casa”.

De acordo com levantamento feito por sua equipe, são R$ 314 milhões em empréstimos; pelo menos R$ 69 milhões precisarão ser quitados ainda neste ano. Nos quatro anos de sua primeira administração, o valor, segundo ele, é de mais de R$ 277 milhões. “Algumas dívidas só terminam em 2033. Esses empréstimos vão comprometer não apenas esta, mas as futuras gestões, já que há dívidas que ultrapassam os quatro anos”, queixou-se.

Antes da coletiva, Silva disse que reuniu os jornalistas para divulgar informações verdadeiras, com a intenção de combater fake news que estariam sendo disseminadas pelo ex-prefeito Aguilar Júnior, que teria afirmado, em redes sociais e programas de rádio, que teria deixado R$ 84 milhões em caixa, e que este orçamento poderia ser utilizado para o pagamento de empresas fornecedoras. “O que não foi dito é que, aproximadamente 90% desse valor estava comprometido com despesas obrigatórias, ou seja, verba carimbada, que não pode ser usada para outra finalidade, apenas a que foi destinada”, explicou Silva. Segundo ele, desse valor, somente R$ 8,7 milhões, de fato, podem ser utilizados para o pagamento dos fornecedores.

O prefeito afirmou que, atualmente, existem 120 empresas sem receber da prefeitura desde março do ano passado. “São notas (fiscais) que vão de R$ 68,00 até valores milionários, e a dívida (da prefeitura com os fornecedores) é de R$ 74 milhões”, exemplificou. “Se os R$ 84 milhões estivessem realmente disponíveis, os valores poderiam ter sido quitados pela gestão anterior. Não o foram porque, a maior parte desse dinheiro, tem destino certo e não pode ser usada para isso”, acrescentou.

“Caos na Saúde”

O prefeito Mateus Silva também afirmou que encontrou “caos instalado na Saúde”; que houve “falta de responsabilidade” e que a “má-gestão” levou a cidade “à beira do colapso”.  A Saúde é uma das áreas mais sensíveis da administração e alvo de diversas reclamações de moradores. Silva disse que entre os problemas encontrados, estão a falta de medicamentos essenciais da Remume (Relação Municipal de Medicamentos) e insumos básicos; infraestrutura das unidades de saúde comprometida, com equipamentos sem manutenção; defasagem no quadro de profissionais, com impacto direto no atendimento e aumento da fila de espera; frota insuficiente para transporte de pacientes; além do atendimento de urgência do Samu, prejudicado devido ao sucateamento da frota de ambulâncias.

“Arrumar a casa”

Mateus Silva fez uma comparação entre as gestões de seu pai, Antônio Carlos da Silva, quatro vezes prefeito da cidade (1997/2004 e 2009/2016), e a gestão anterior do agora ex-prefeito Aguilar Júnior (que também havia sucedido o pai, José Pereira de Aguilar). Desde 1997, as duas famílias se alternam no poder da prefeitura de Caraguatatuba.

De acordo com Silva, até o final de 2016, quarto ano do último mandado de seu pai, todas as benfeitorias, estruturas e obras, como as dos centros educacionais, centros médicos, unidades de saúde e malha viária, foram realizadas com recursos próprios da prefeitura. “Nunca foi contratado um empréstimo. Os próprios públicos eram estruturados e em pleno funcionamento”, frisou.

Segundo ele, foram deixados cerca de 400 equipamentos em condições de funcionamento, como tratores, máquinas pesadas, caminhões, veículos de serviços multiuso, automóveis, ambulâncias e motocicletas. “Caraguatatuba era referência na saúde, educação, no uso do recurso público, destaque no ranking brasileiro de gestão fiscal como a sétima melhor do estado de São Paulo”, explanou.

“Antes de executarmos o plano de governo projetado para esta gestão, faz-se necessário arrumar a casa. E isso vai levar um tempo, apesar da equipe e todo o secretariado estarem empenhados nisso. Desde a década de 1990 (quando seu pai havia sido eleito prefeito pela primeira vez) não se via uma situação como essa, de caos na zeladoria, nas contas púbicas, na saúde, nos próprios públicos e até o comprometimento no aprendizado das crianças do município”, concluiu.

Outro lado

Até o momento desta publicação, a reportagem não conseguiu localizar o ex-prefeito Aguilar Júnior para comentar as críticas do atual prefeito. No entanto, à noite do mesmo dia,o ex-prefeito Aguilar Júnior enviou extensa nota à imprensa, na qual rebate as acusações de Mateus Silva. Dada a extensão da nota e a importância da discussão, publicamos uma nova matéria. Veja:Ex-prefeito de Caraguatatuba nega declarações e aponta “má-fé” da atual gestão

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