QUALIDADE DAS PRAIAS

Chuvas e aumento de turistas são as causas da piora na balneabilidade no litoral de SP

De acordo com a Cetesb, o número de praias impróprias para o banho nesta semana, no litoral de SP, subiu para 51; chuvas arrastam poluição para o mar

Esther Zancan
Publicado em 13/01/2025, às 08h46 - Atualizado às 09h17

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Mais gente na praia significa  maior quantidade de esgotos  gerada - Prefeitura de Praia Grande
Mais gente na praia significa maior quantidade de esgotos gerada - Prefeitura de Praia Grande

De acordo com o boletim da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), divulgado na quinta-feira (9), 51 praias no estado estão impróprias para o banho, das quais 19, no litoral norte, e 32, na Baixada Santista. No litoral sul, todas estão próprias para o banho de mar. Foi registrado aumento do número de praias impróprias em relação ao boletim anterior. A Cetesb informa que as  principais causas são as chuvas, que arrastam a poluição para o mar, e o aumento de turistas na primeira semana do ano.

A companhia orienta os banhistas a evitarem o contato com a água em praias classificadas como impróprias, pois a exposição pode representar riscos à saúde. Reforça ainda que as condições de balneabilidade são atualizadas semanalmente. Para um verão seguro, é recomendável verificar os boletins e observar as bandeiras de sinalização nas praias antes do banho de mar.

Sob coordenação da Secretaria de Saúde do Estado e com apoio da Cetesb, Sabesp e municípios, está sob investigação a fonte que causou a infecção pelo norovírus no litoral paulista.

Bandeira vermelha da Cetesb
É sempre bom observar as bandeiras de sinalização nas praias antes do banho de mar - Esther Zancan

Monitoramento das praias

Desde a década de 1970, a Cetesb monitora a qualidade das praias paulistas, mantendo uma rede com 177 pontos de amostragem (incluindo a ilha Anchieta, em Ubatuba), distribuídos ao longo dos 427km da costa paulista. Este trabalho cobre os 15 municípios litorâneos do estado de São Paulo.

A Cetesb coleta amostras de água do mar em 170 pontos, ao longo de 150 praias, das 293 existentes no estado. Essas amostras são enviadas aos laboratórios da companhia, onde são feitas as análises microbiológicas com a contagem da concentração de bactérias fecais presentes na água. A avaliação da balneabilidade das praias utiliza critérios objetivos, baseados em indicadores microbiológicos, que são monitorados. Os valores das concentrações desses indicadores são comparados aos padrões pré-estabelecidos, para que se possa identificar se a qualidade das águas está adequada ou não ao banho de mar.

O parâmetro indicador básico, utilizado para a classificação das praias quanto à sua balneabilidade, é a densidade de bactérias fecais presentes na água. Para fazer a classificação da qualidade das praias são utilizados os resultados das últimas cinco semanas e, se mais de 80% desses resultados, estiverem abaixo do limite estabelecido, a praia é considerada adequada para o banho de mar.

Fatores extraordinários, tais como a incidência de surtos epidêmicos de doenças de veiculação hídrica, derrames acidentais de petróleo, ocorrência de maré vermelha (floração de algas tóxicas) etc., poderão tornar temporariamente imprópria uma região do litoral. No entanto, as causas mais comuns para que isso aconteça estão relacionadas à presença de esgotos nas praias.

Melhores e piores praias do litoral de SP

A Cetesb informa que, no geral, o litoral norte de São Paulo apresenta melhores condições de balneabilidade quando comparado à região da Baixada Santista. As melhores praias localizam-se principalmente afastadas dos centros urbanos. Geralmente, quanto menor a ocupação urbana no local, melhores as condições de balneabilidade da praia. Na Baixada Santista, embora sejam mais raras as praias consideradas ótimas, existem praias com boas condições de balneabilidade em todos os municípios. As cidades com condições mais críticas, principalmente no verão, são: Santos, São Vicente e Praia Grande.

Guarda-sóis em Praia Grande
A cidade de Praia Grande costuma ter uma situação mais crítica na balneabilidade durante o verão - Prefeitura de Praia Grande

Doenças

A companhia esclarece que, cursos de água contaminados por esgotos domésticos, ao atingirem as águas das praias, podem expor os banhistas a bactérias, vírus e protozoários. Estes microrganismos são responsáveis pela transmissão, aos banhistas, de doenças de veiculação hídrica tais como: gastroenterite, hepatite A, cólera, febre tifoide, entre outras. 

Do ponto de vista de saúde pública, é importante considerar não apenas a possibilidade de transmissão dessas doenças, mas também, a presença de organismos patogênicos oportunistas, responsáveis por dermatoses e outras doenças, como conjuntivite, otite e doenças das vias respiratórias.

A doença mais comum associada à água poluída por esgotos é a gastroenterite. Essa doença ocorre numa grande variedade de formas e pode apresentar um ou mais dos seguintes sintomas: enjoo, vômitos, dores de estômago, diarreia, dor de cabeça e febre. Outras manifestações menos graves incluem infecções dos olhos, ouvidos, nariz e garganta. O fato de a praia estar imprópria não significa que todas as pessoas que se banharem no local irão contrair alguma dessas doenças. Isso depende das condições imunológicas de cada um e do tipo de exposição, como, por exemplo, se fica muito tempo na água, se mergulha a cabeça, se engole água etc.

A impropriedade da praia significa que existe o risco de se contrair tais doenças. Nesse sentido, recomenda-se que se evite banhar-se em água do mar consideradas impróprias, tomar banho de mar após chuvas muito intensas, banhar-se em canais córregos ou rios que deságuam no mar e engolir água do mar.

Ocupação desordenada

Para a Cetesb, o litoral de São Paulo vem sendo ocupado em um ritmo muito acelerado e de forma desordenada. Um dos principais problemas causados por esse tipo de ocupação é a degradação ambiental, que acarreta uma série de consequências negativas e coloca em risco a saúde da população. 

A companhia salienta que a melhoria nas condições das praias é, sobretudo, uma questão de saneamento básico. O lançamento de esgotos in natura nos cursos de água chega às praias e contamina o mar e a areia das praias. Daí a necessidade e importância de se tratar o esgoto, individual ou coletivamente. 

Praia de Pitangueiras
Cetesb informa que a areia seca é mais contaminada que a areia úmida - Turismo Guarujá

Influência na balneabilidade

A companhia ressalta que existem dois fatores principais que influem na balneabilidade: o número de pessoas que se encontra no litoral e as chuvas. No verão, observa-se sempre uma piora das condições sanitárias das águas pelo fato de haver mais gente na praia e, portanto, maior quantidade de esgotos gerada. 

O verão é também a época do ano mais chuvosa, o que contribui negativamente para as condições de balneabilidade uma vez que maior volume da água dos rios chega ao mar. A Cetesb lembra que, em sua grande maioria, os municípios litorâneos estão desprovidos de sistemas adequados para coleta, tratamento e disposição final dos esgotos. A presença de cursos de água afluindo diretamente a uma determinada praia (e provavelmente tendo recebido águas de córregos onde ocorre o lançamento de esgotos) é mais um indicativo das más condições de balneabilidade de uma praia. 

As chuvas também contribuem para a deterioração da qualidade das águas das praias, pois recebem grande quantidade de esgotos, lixo e outros detritos, carregados por meio de galerias de águas pluviais, córregos e canais de drenagem. Assim, há um aumento considerável na densidade de bactérias nas águas litorâneas.

Areias

Quanto às areias das praias, a Cetesb informa que não realiza monitoramento regular para a classificação, pois não existe padrão legal no Brasil, nem na maioria dos países. Apesar disso, para a melhor compreensão do assunto e de forma complementar à avaliação da balneabilidade, desde 2009, a companhia avalia a qualidade sanitária das areias de um grupo de praias, anualmente, durante o verão.

Com base nestes estudos, foi possível verificar que a areia seca é mais contaminada que a areia úmida, e que a concentração de microrganismos diminui com o fim da alta temporada e consequente diminuição de turistas no litoral.

Como se informar

A Cetesb frisa que  informação sobre a balneabilidade das praias é fundamental para que a população conheça as condições de uso das principais praias de São Paulo. A divulgação das condições de balneabilidade é feita por meio da emissão de um boletim semanal.

Nas praias monitoradas, existem bandeiras de sinalização indicando as condições de balneabilidade e, se a bandeira for verde, a praia está própria; se for vermelha, a praia está imprópria ao banho. É possível, ainda, obter essas informações de forma on-line, acessando o  mapa de qualidade das praias. Basta clicar no nome do município desejado e a listagem de suas praias aparecerá, com as respectivas condições de balneabilidade, representadas por uma bandeira à direita do nome da praia. Aqui, no Portal Costa Norte, você também fica por dentro da balneabilidade das praias paulistas semanalmente. 

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Esther Zancan

Esther Zancan

Formada pela Universidade Santa Cecília, Santos (SP). Possui experiência como redatora em diversas mídias e em assessoria de imprensa.

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