ENERGIA

Ruas de Ilhabela já foram iluminadas por lamparinas, gás encanado e até por óleo de baleia

História da iluminação e da energia de Ilhabela, que teve a primeira hidrelétrica do litoral norte, é marcada pela transição de técnicas tradicionais para soluções modernas


Reginaldo Pupo
Publicado em 24/06/2025, às 11h00

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Antiga usina hidrelétrica de Ilhabela, onde hoje funciona o Museu da Energia de Ilhabela
Antiga usina hidrelétrica de Ilhabela, onde hoje funciona o Museu da Energia de Ilhabela - Reginaldo Pupo

Muitas pessoas têm  curiosidade sobre como a energia elétrica chega até o arquipélago de  Ilhabela, no litoral norte paulista,  cercado pelo Oceano Atlântico e distante entre 1,3km a 2,5km do continente. Para que a iluminação pudesse chegar ao local, muitos processos foram utilizados ao longo de décadas, até sua modernização.

Atualmente, as ruas, ciclovias e pontes de Ilhabela são iluminadas por lâmpadas LED, mais eficientes e baratas. Situação muito diferente se comparada à existente em 1988, quando o processo de iluminação de suas ruas públicas começou, mas apenas na Vila (antiga Villa Bella), atual centro histórico e turístico. À época, eram utilizados candeeiros a querosene. Por alguns anos, o local chegou a utilizar gás acetileno, distribuído por canos, substituindo as técnicas tradicionais.

Funcionário durante abastecimento de recipiente de lampião com querosene - Reprodução Reginaldo Pupo sobre foto de autor desconhecido
Funcionário durante abastecimento, com querosene,  do lampião - Reprodução Reginaldo Pupo sobre foto de autor desconhecido

Já em 1920, foi inaugurada na ilha a primeira usina hidrelétrica do litoral norte, um marco para a cidade, que contribuiu para seu desenvolvimento. A usina aproveitava as águas da cachoeira da Água Branca, abundantes até hoje, para gerar eletricidade. Atualmente, a usina ainda existe, mas foi transformada no Museu da Energia de Ilhabela.

A Cachoeira da Água Branca, que fica atrás do museu, que por décadas ajudou no fornecimento de energia em Ilhabela - Foto Reginaldo Pupo
A cachoeira da Água Branca, que fica atrás do museu, que por décadas ajudou no fornecimento de energia em Ilhabela - Foto Reginaldo Pupo

“Desde o século XVIII, o recurso era o óleo. Tivemos aqui iluminação através de lamparinas e candeeiros alimentados por óleo e azeite, principalmente, vindo das armações das baleias. Depois veio a introdução do querosene (lamparinas) quando, em 1888, foi inaugurada a iluminação pública da Vila, com candeeiros de querosene'', explica o historiador Plácido Cali, responsável pelo museu.

Desativação

A usina foi desativada quando a energia elétrica passou a ser fornecida por cabos submarinos que atravessam o canal de São Sebastião, e levam energia para o sul e para o norte da ilha. A desativação ocorreu após a construção e entrada em operação da usina da Água Branca, que utilizava um gerador a diesel, e com a instalação de cabos submarinos que conectaram a ilha ao continente.

Contudo, os antigos moradores sofriam com constantes interrupções no fornecimento, quando a produção de energia era afetada pelas épocas de seca na região. Em 1940, a chegada de um gerador a diesel permitiu contornar o problema.

Com a construção da usina da Água Branca e a instalação dos cabos submarinos, o sistema elétrico da ilha foi modernizado, tornando a antiga usina hidrelétrica obsoleta. A desativação ocorreu pouco mais de 20 anos atrás e, com  a inauguração desses novos sistemas, o fornecimento de energia passou a ser mais confiável e estável para Ilhabela.

No entanto, quando há blecautes de energia em São Sebastião, todo o fornecimento de Ilhabela também é afetado, já que a energia é alimentada por cabos que saem da cidade do continente.

Museu

A história da iluminação e energia é contada por meio de fotos, informações e objetos no Museu da Energia de Ilhabela, localizado na antiga usina, de onde também é possível ver a cachoeira que, décadas atrás, era utilizada para a produção de energia. Atualmente, a Sabesp utiliza a água da cachoeira para reforçar o abastecimento na cidade.

Painéis com fotos mostram a história da iluminação e energia na ilha, que teve primeira hidrelétrica do litoral norte - Foto Reginaldo Pupo
Painéis com fotos mostram a história da iluminação e energia na ilha, que teve a primeira hidrelétrica do litoral norte - Foto Reginaldo Pupo

O espaço preserva a memória da chegada da energia elétrica na ilha e apresenta a evolução dos sistemas de iluminação. O museu oferece uma viagem no tempo, mostrando a história da iluminação desde as lamparinas até os cabos submarinos, com a curadoria do historiador Plácido Cali.

“A história da iluminação em Ilhabela é cheia de desafios e inovações. Desde a instalação da usina hidroelétrica até a chegada dos geradores a diesel e, mais recentemente, dos cabos submarinos, cada etapa é registrada aqui no museu”, comenta o historiador. Ele destaca que o museu é um espaço único, preservando equipamentos históricos e artefatos que mostram o quanto a energia foi essencial para o progresso da cidade.

A exposição destaca a importância da usina hidrelétrica para o desenvolvimento de Ilhabela, mostrando como a energia cinética da cachoeira foi transformada em eletricidade.

O Museu da Energia de Ilhabela é uma atração turística que combina história e natureza, permitindo aos visitantes conhecerem de perto a evolução da iluminação e energia em Ilhabela. Aberto ao público das 9h às 17h, com entrada gratuita, o espaço fica na rua José Bonifácio, 341, no bairro Água Branca.

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