Notícia mente ao dizer que tubarão-galhudo siamês foi registrado pela primeira vez no litoral paulista; informações são desmentidas pelo IBIMM
A informação, que circula em veículos de comunicação, de que um tubarão-galhudo de duas cabeças foi registrado em Ilhabela, no litoral paulista, é mentira. A imagem propagada na falsa notícia sequer ilustra a espécie, já que mostra um tubarão-baleia, sem ligação alguma com o suposto tubarão-galhudo, com diferenças perceptíveis até mesmo para quem não é biólogo. O Instituto IBIMM desmentiu a fake news.
Muitas informações falsas ou desconexas aparecem na “notícia”. Uma delas diz que o registro da espécie siamesa em ambiente natural foi registrada pela primeira vez na história. Em outro ponto, detalha que o animal teria órgãos duplicados e estruturas independentes; características típicas de gêmeos siameses. Como se não bastasse, ainda supõe que a anomalia poderia ter sido causada pela contaminação por metais pesados.
As informações foram atribuídas, no texto, ao Instituto de Biologia Marinha e Meio Ambiente (IBIMM). A equipe do Costa Norte entrou em contato com o instituto para verificar a veracidade da “notícia”, e a resposta foi clara: fake news.
Além de desmentir, o IBIMM ainda detalhou que pediu a um veículo de comunicação, de Brasília, para tirar a matéria do ar. “Esta matéria é uma fake news. Pegaram partes da descoberta internacional do IBIMM em 2019, fizeram uma juntada do tubarão-baleia, que foi visto no litoral norte, e tentaram chamar para dar ibope”, completa a nota. No entanto, no litoral paulista, a notícia ainda segue publicada.
A cabeça achatada, boca larga e, principalmente, as pintas brancas do animal que aparece nas fotos são características do tubarão-baleia. Inofensivo aos humanos, a espécie se alimenta de plâncton e pequenos microrganismos.
Já o tubarão-galhudo costuma ter porte menor, sem pintas brancas, e boca em tamanho convencional, em relação a outras espécies de tubarão. O galhudo se alimenta de pequenos peixes ósseos bentônicos, tubarões e raias de pequeno porte, pequenos crustáceos e moluscos.
A informação falsa publicada recentemente apenas reforça o poder manipulativo das fake news. Para diminuir este impacto, é sempre recomendável checar informações antes de compartilhá-las.
Esta checagem pode ser feita de várias formas: pesquisar pelas informações em várias fontes diferentes; desconfiar de mensagens on-line que tenham o selo de “compartilhado frequentemente”; se possível, procurar profissionais de referência na área, entre outras providências. Este é um papel fundamental do jornalismo profissional e do cidadão.