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Sabores e aromas dos chás e infusões assumem o lugar merecido

Descubra os muitos segredos e a história desta bebida e aprenda a fazer um bolo de chá verde com geleia de frutas vermelhas

Fernanda Lopes
Publicado em 22/04/2025, às 15h49

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No frio de outono, um chá quentinho pode ser a opção perfeita - Fernanda Lopes
No frio de outono, um chá quentinho pode ser a opção perfeita - Fernanda Lopes

Além de reconfortantes e gostosos, os chás e infusões ainda têm função terapêutica, conhecida há mais de 3 mil anos. Para um lanche da tarde em clima mais ameno, nada melhor do que um chá, ou uma infusão, quentinho. Não é à toa que, hoje, eles são a bebida mais consumida no mundo.

Mas é importante lembrar que só podem ser chamados de chás aqueles que forem feitos a partir das folhas da Camellia sinensis, planta que dá origem aos chás preto, verde e oolong. Ou seja, aquele chazinho de camomila que você sempre tomou não é, na verdade, um chá, mas uma infusão. 

A nutricionista Karoline Jorge alerta que nem todas as infusões têm função terapêutica. É importante sempre consultar um nutricionista ou um médico. "Há substâncias que podem ser prejudiciais para pessoas com algum tipo de predisposição. Também a forma de apresentação da infusão (folhas, flores, pó etc.) modificam sua ação. Além disso, quando adoçamos a bebida, ela pode perder suas propriedades".

Sem menosprezar o conhecimento popular, Karoline revela que outro mito é o de que ‘tudo que é natural, se não fizer bem, mal não fará’. Para ela, “algumas plantas podem ser tóxicas; dependendo da quantidade e do tempo de utilização podem provocar efeitos colaterais indesejados”.

De acordo com a nutricionista Roberta Silva, o chá verde, proveniente da planta Camellia sinensis, é preparado a partir de folhas frescas, por isso o nome. Este tipo proporciona benefícios como: diminuir riscos de doenças cardiovasculares e as taxas de colesterol; evitar a redução da densidade óssea, e ativar o sistema imunológico, entre outros, devido às propriedades antioxidantes presentes na preparação.

Porém, a exemplo do que ocorre com outras plantas, a ingestão exige cautela. “Em excesso, causa taquicardia, náuseas, dores de cabeça e problemas gastrointestinais”, complementa Karoline Jorge. Estudo realizado com japoneses no Rio de Janeiro, em 2005, sobre o consumo de Camellia sinensis, constatou  que pessoas consumidoras deste chá revelaram ter menor ocorrência de doenças crônicas. Estudos apontam, ainda, que os polifenóis, presentes no chá verde, fazem com que haja um aumento no gasto energético e oxidação de gordura. Vale ressaltar, no entanto, que estes benefícios estão em fase pesquisa, sem resultados comprobatórios.

Em tempos idos

O primeiro registro escrito sobre o chá data de 3 a.C. Mas a difusão da bebida na Europa deu-se graças a uma portuguesa, no século XVII. Alguns historiadores apontam que foi Catarina de Bragança quem teria levado para a Inglaterra uma arca repleta de folhas da Camelia sinesis como parte do dote de seu casamento com o rei Carlos II. Para se ambientar na nova casa, reunia a nata da corte todos os dias no fim da tarde para o chá.

Mal sabia ela que, com isso, tornaria a bebida mundialmente famosa e criaria o tradicional hábito do chá das cinco na terra da rainha Elizabeth. No Brasil, é a princesa Isabel a grande responsável por tornar este também um costume entre os membros da corte. A historiadora Wilma Terezinha Fernandes de Andrade relaciona a importação deste costume à forte influência da Inglaterra desde o fim do período colonial, quando o chá das cinco já era um costume respeitado naquele país.

A princesa foi, por diversas vezes, retaliada pelo hábito, segundo a professora da Unisantos, principalmente durante a disputa pelo título de regente. “Antonio Silva Jardim, seu principal concorrente, tentou denegrir a imagem da princesa em função desse costume, que considerava fútil. Chegou a relatar isso em correspondências, nos documentos oficiais e em seus mais ferozes discursos”, cita.

Tipos

  • Chá preto - Um chá fermentado. Passa pelo processo maior, que inclui secar, oxidar e
    chá
    A diversidade de chás é abundante - Fernanda Lopes
    queimar. Isto se refere ao processo de oxidação que produz uma tonalidade vermelha escura e um cheiro doce das folhas.
  • Chá verde – Frequentemente, refere-se aos chás não fermentados. As folhas recém-apanhadas são cozidas no vapor imediatamente para prevenir a oxidação, então vai para a secagem e a queimada. Isto permite que as folhas secas fiquem verdes. Passa de um pálido verde para uma mistura verde dourada, atingindo um cheiro característico de fumaça e capim.
  • Chá oolong - Refere-se aos semifermentados e é principalmente produzido na China e em Taiwan (frequentemente chamado red ou formosa tea). Para a fabricação dos oolongs, as folhas são secas diretamente sob a luz solar, sacudidas em cestos de bambu para ligeiramente machucar as beiras. A seguir as folhas são estendidas para secar até a superfície tornar-se amarela. Oolongs são sempre chás de folhas, nunca quebradas pelo processamento de enrolar. Os menos fermentados dos chás oolongs, quase de aparência verde, são chamados de pouchong.
  • Chá branco - Ele é o menos processado das muitas variedades. Os botões novos de flores são colhidos antes que abram e são deixados para secar. Os botões encaracolados têm uma aparência prateada e produzem  uma cor de chá muito pálida e delicada.
  • Chá aromático - Criado após aromas adicionais serem misturados às folhas no estágio final antes do empacotamento. Para o chá de jasmim, as flores de jasmim são adicionadas aos chás verdes e chás oolongs. Earl grey é aromatizado com bergamota.

Forma de preparo

  1. Ervas frescas, flores e folhas: prefira a infusão. Coloque as ervas em um recipiente, preferencialmente de porcelana, e despeje água fervente. Tampe bem, deixe descansar por 10 minutos e coe. Sirva quente ou frio.
  2. Talos, raízes e cascas devem ser cozidos. Coloque as ervas em um recipiente com água fria, tampe e deixe ferver por 10 minutos. Tire do fogo e deixe tampado por alguns minutos a mais. Coe e sirva.

Receita

Bolo de chá verde com geleia caseira de frutas vermelhas - ingredientes:

  • 3 xícaras (chá) de farinha de trigo;
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    Bolo de chá verde com geleia caseira de frutas  vermelhas - Adobe Firefly
  • 2 colheres (chá) de fermento em pó;
  • 1/2 colher (chá) de sal;
  • 200g de manteiga em temperatura ambiente;
  • 2 xícaras (chá) de açúcar;
  • 4 ovos;
  • 1/2xícara (chá) de leite;
  • ½ xícara de chá verde bem forte e frio;
  • Manteiga e farinha de trigo para untar e polvilhar a forma.
  • Para a geleia: 3 xícaras de frutas vermelhas de sua preferência (podem ser congeladas, mas não polpa); 1 xícara de açúcar e ½ xícara de água.

Modo de preparo: passe pela peneira a farinha, o fermento e o sal. Reserve. Na batedeira, bata a manteiga com o açúcar até que fique cremoso e amarelo claro. Junte os ovos, um a um, batendo bem entre cada adição. Diminua a velocidade e adicione os ingredientes secos peneirados aos poucos, alternando com o leite misturado ao chá. A cada adição, bata apenas para misturar.

Desligue a batedeira e transfira para uma fôrma de furo no meio (ou assadeira de tamanho médio). Leve ao forno pré- aquecido e deixe assar por aproximadamente 45 minutos. Espete um palito no bolo para verificar o ponto. Se o palitinho sair sujo de massa, deixe assar mais um pouco. Depois de assado, retire o bolo do forno e deixe esfriar por mais 5 minutos. Desenforme o bolo, espere esfriar e polvilhe açúcar de confeiteiro.

Para a geleia, misture tudo e leve ao fogo baixo por cerca de 15 minutos, mexendo de tempos em tempos. Coloque em um pote fervido e seco. Guarde na geladeira e sirva com o bolo.

Matéria produzida para a Revista Beach&Co - Edição 123/Setembro 2012; a autora é jornalista, cronista, gastrônoma, sommelièr e coautora do Livro Santos Paladares.

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