Sem filas demoradas e preços mais altos, turistas que vistam o litoral norte neste período têm praias quase exclusivas e muita tranquilidade
Reginaldo Pupo
Publicado em 31/03/2025, às 11h47
Passada a temporada de verão, período em que as cidades do litoral norte paulista recebem milhões de pessoas, a região tem recebido, nas últimas semanas, visitantes que buscam turismo mais tranquilo, sem trânsito, preços mais acessíveis, tarifas de hotéis mais baratas e praias praticamente vazias.
O cenário, agora, é bem diferente do período de alta temporada (dezembro, janeiro e fevereiro), ocasião em que encontrar um lugar na areia da praia, a partir das 10h, era tarefa quase impossível. O litoral norte é muito procurado por possuir belas praias, decoradas pela Mata Atlântica, onde a natureza tem presença marcante. Na maioria das praias, não existem prédios, o que torna a experiência dos turistas ainda mais memorável.
A busca por turismo nesta época do ano parte de visitantes com poder aquisitivo um pouco mais elevado, diferentemente da maioria dos turistas, que só pode viajar durante as férias, por causa do trabalho. Em 2025, porém, a presença de turistas será maior, devido aos feriados prolongados.
Em Ilhabela, é possível observar muitos turistas na cidade no meio da semana. Os congestionamentos, antes registrados na principal avenida, agora, são vistos na ciclovia que praticamente corta a ilha de norte a sul. O vai e vem de bikes e patinetes elétricas é frenético.
“Estive aqui em janeiro, por poucas horas, porque estava em um navio de cruzeiro e não sobrou muito tempo para explorarmos a ilha. Então, eu e meu marido decidimos voltar agora em março, porque apesar de ainda fazer bastante calor, a cidade está menos movimentada”, disse Maria Rita Penedo, 49, que, desta vez, trouxe os dois filhos do casal e uma bagagem extra: três bikes e o pet Bidú.
Ela e os filhos, de nove e 12 anos, pedalavam ao entardecer do domingo (30) pela ciclovia enquanto o marido, acompanhado de Bidú, ficou no hotel para uma reunião on-line com a empresa onde trabalha. “Nos divertimos muito. A ciclovia é segura e a paisagem é inesquecível. Paramos em um trecho de gramado (na praia do Engenho D´Água), deitamos, e nem nos preocupamos com nossas bikes, celulares e minha bolsa. Aqui é tudo muito seguro. É uma outra Ilhabela nesta época”, elogiou.
Outras duas turistas, uma argentina e outra croata, também preferiram visitar o arquipélago na baixa temporada. Enquanto degustavam cafés e bolos caseiros em uma cafeteria do centro da cidade, observando os barcos à vela que navegavam a poucos metros dali, as estudantes de medicina Yulia Kovalev, 24, e Elsa Flores Acosta, 23, que dividem um quarto em uma república na capital paulista, decidiram partir para Ilhabela após assistirem vídeos sobre seus atrativos nas redes sociais.
Elsa conta com descobriu o "pulo do gato": “Um colega de faculdade, que conhece aqui, nos recomendou para que não viéssemos na alta temporada, pois é tudo lotado, tem fila de carros para atravessar, e ouvi-lo foi a melhor coisa que fizemos. Notamos que os preços nesta época são bem mais baixos, assim como as diárias do hotel. Até pesquisamos alguns hostels, por serem mais baratos, mas vimos que, pelo valor, compensou ficar em um hotel, com café da manhã, piscina e academia”.
Yulia, que está há cinco anos no Brasil, após deixar sua cidade natal, Osijek, fala português fluente. Ela conta que uma amiga passou o Carnaval em Ubatuba, mas que não conseguiu frequentar as praias da cidade. “Ela me disse que só voltará para Ubatuba na baixa temporada, pois perdeu mais tempo no trânsito do que curtindo a cidade”, afirmou a croata, ainda com forte sotaque de seu país de origem.
Com poucos turistas na região, algumas praias ficaram praticamente desertas, apesar de o fluxo de turistas no litoral norte ainda existir, porém, em menor escala. Pedro Mitiota, 51, aproveitou a tarde ensolarada da quarta-feira (26) para relembrar os velhos tempos em que surfava com mais frequência nas praias de Ubatuba.
Ele conta que chegou por volta das 9h na praia da Fazenda e não havia ninguém no lugar, apesar de sua extensa faixa de areia. “Me senti como se a praia fosse só minha, exclusiva, pois até por volta das 13h, apareceram três pessoas, que ficaram bem distantes de mim, também para pegar onda. Não havia banhistas. Algo impossível na temporada, onde todas as praias ficam lotadas”, frisou.
A calmaria nas praias do litoral norte, no entanto, está com seus dias contatos. O trade turístico (empresas que trabalham direta e indiretamente com turismo) espera uma nova invasão de turistas no próximo feriado prolongado, que terá quatro dias (de 18 a 21 de abril). Os turistas, porém, costumam chegar na véspera, no caso, em 17 de abril. A expectativa é que a rede hoteleira ultrapasse 90% de ocupação.
