ALICIADO

Jovem boliviano engole 52 cápsulas de crack e morre após cirurgia, em Praia Grande

Outros quatro bolivianos foram presos, também com drogas no estômago; uma criança de 3 anos estava com o grupo e apresentava desidratação e febre

Redação
Publicado em 27/12/2024, às 11h15

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Jovem Ancelmo estava em recuperação cirúrgica no hospital Irmã Dulce - Reprodução/Google Street View
Jovem Ancelmo estava em recuperação cirúrgica no hospital Irmã Dulce - Reprodução/Google Street View

Um jovem boliviano morreu depois de engolir 52 cápsulas de crack e passar por cirurgia para retirada dos entorpecentes, em Praia Grande, no litoral paulista. Ancelmo Condori Espinoza, de 19 anos, teria sido aliciado por  facção criminosa; ele havia recebido voz de prisão e estava em recuperação da cirurgia, no hospital Irmã Dulce, mas teve complicações e morreu na noite de Natal, na quarta-feira (25). 

Outros quatro bolivianos, dois homens, de 25 e 29 anos, e duas mulheres, de 18 e 25, que também tinham drogas no estômago, foram presos preventivamente. Os cinco integrantes e uma menina de três anos, filha de uma das bolivianas, eram mantidos em  local insalubre, usado para alojar estrangeiros aliciados da Bolívia, para que eles pudessem expelir as drogas. As prisões foram resultado da Operação Ômega, diligenciada na rua Sertanista Fernando Meireles, bairro Vila Tupi, no dia 11 de dezembro.

Estrangeiros aliciados

Nossa equipe teve acesso ao boletim de ocorrência, no qual consta que uma organização criminosa brasileira vem sofrendo grandes apreensões de drogas recentemente, por isso, começou a aliciar cidadãos de baixa renda na Bolívia, com a promessa de recompensa em dinheiro. Essas pessoas ingerem  quantidade razoável de cápsulas de drogas ilícitas, e, quando chegam ao Brasil, as expelem para abastecer o mercado interno.

Iniciada em novembro deste ano e desencadeada pela Delegacia Seccional de Polícia de Praia Grande, a Operação Ômega diligenciou policiais militares à rua Sertanista Fernando Meireles, no bairro Vila Tupi, local onde fica o alojamento da facção, destinado aos estrangeiros que chegam de seus países com drogas no estômago. Segundo a Polícia Militar, trata-se de um local “muito sujo, inóspito e insalubre para qualquer ser humano”, e possui apenas dois sofás e alguns colchões, sem mobiliário.

No registro, consta ainda que, quando os agentes chegaram, Ancelmo lavava cápsulas, supostamente expelidas por ele, na pia do único banheiro existente no imóvel. Em um dos quartos da casa, foi encontrada quantidade considerável de drogas já expelidas pelos estrangeiros, além de pequena porção de cannabis sativa (maconha), segundo a PM. No total, foram apreendidos 280 porções de crack; 16 de maconha; 24 cápsulas de cocaína e 6 celulares.    

Prisões

No dia da operação, os cinco estrangeiros receberam voz de prisão e foram encaminhados a hospitais da cidade. Três deles já haviam expelido as drogas, exceto o homem de 29 anos, que ainda tinha 2 cápsulas de cocaína, e Ancelmo, com 52 porções de crack. O primeiro suspeito conseguiu expelir as drogas no hospital, mas Ancelmo não teve a mesma sorte, e precisou ser operado. Em recuperação da cirurgia e sob escolta policial, ele teve complicações e morreu na quarta-feira (25).

Também foram feitos exames na menina de 3 anos que estava com o grupo, mas foi constatado que não havia entorpecente em seu corpo; apesar disso, ela apresentava estado febril, desidratação e subnutrição, então foi encaminhada ao PS Central e recebeu alta posteriormente. Ao sair do pronto-socorro, ela ficou sob responsabilidade do Conselho Tutelar de Praia Grande.

As duas mulheres foram para a Cadeia Feminina de São Vicente; o homem de 25 anos foi para a carceragem da CPJ Praia Grande e o homem de 29 anos seria encaminhado à carceragem do CDP de Praia Grande assim que recebesse alta médica. O caso foi registrado como tráfico de drogas e associação para o tráfico na Delegacia Seccional de Polícia de Praia Grande. 

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