Caraguatatuba lidera em todas as modalidades de crimes: homicídios, roubos, estupros, furtos de veículos, e já teve a maior alta do estado
Nos quatro municípios do litoral norte de São Paulo, desde 2001, foram 1.759 pessoas assassinadas, a partir da divulgação de dados de ocorrências de todos os municípios do estado pela SSP (Secretaria de Segurança Pública). Desde o início do século, Caraguatatuba lidera, todos os anos, em número de homicídios, assaltos, estupros e roubos ou furtos de veículos.
De 2001 até dezembro deste ano, 798 pessoas foram assassinadas na cidade. A maioria dos crimes ocorreu na região sul, nos bairros Pegorelli, Travessão e Perequê-Mirim, onde há grande incidência de tráfico de drogas e disputas por pontos de venda. Somente neste ano, 28 pessoas foram assassinadas, mas os números poderiam ser maiores, pois foram registradas 22 tentativas de homicídio.
Segundo a SSP, os assassinatos no litoral norte foram dolosos, ou seja, quando há a intenção de matar. Em 2023, houve o registro de 22,58 mortes em Caraguatatuba, para cada 100 mil habitantes. A média no estado, no primeiro trimestre deste ano, é de 5,8 mortes para cada 100 mil habitantes. A vizinha São Sebastião, durante o mesmo período, teve 440 homicídios, enquanto Ubatuba registrou 445 mortes. Ilhabela tem os menores índices de violência da região. Mas, desde 2001, ao menos 76 pessoas perderam a vida, vítimas de assassinatos.
O caso mais recente de homicídio registrado em Caraguatatuba, e que chocou a cidade, foi da operadora de caixa Laryssa Cristina Agostinho dos Santos, de 21 anos, morta após sair do trabalho no dia 16 de dezembro. Seu corpo foi encontrado em área de mata, próxima ao local do trabalho, após ter sido considerada desaparecida três dias antes. Ela estava parcialmente nua, vestindo apenas um sutiã rosa, e com sinais de violência. A polícia, que ainda não prendeu nenhum suspeito, também trabalha com a hipótese de estupro. O caso foi registrado como feminicídio.
Somente neste ano, a polícia de Caraguatatuba registrou 54 estupros, dos quais que 36 dessas vítimas eram vulneráveis. Um número bem abaixo do ano passado, quando foram registrados 80 estupros, 53 deles de vulneráveis.
O ano mais violento em Caraguatatuba, desde o início da divulgação das estatísticas, foi em 2003, quando foram registradas 62 mortes. Mas, mesmo antes da série histórica, em anos anteriores, a cidade já liderava os índices de criminalidade. Um exemplo foi o crescimento de 52% nos casos de homicídio, desde 1996, chegando a 61,2 mortes por grupo de 100 mil habitantes, e se aproximou da capital paulista, que, à época, registrou a taxa de 66,9.
O maior salto ocorreu em 1999, quando o aumento chegou a 25% em relação a 1998, de acordo com levantamento feito à época, pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados). O crescimento foi maior do que a média do estado, que passou de 36 para 44,2, aumento de 22,7%.
Em 1996, ocorreram, em Caraguatatuba, porta de entrada para o litoral norte a partir do Vale do Paraíba, 27 homicídios. Em 1999, foram 47. Foi o maior índice de taxa de mortalidade por homicídios registrado entre as principais cidades do Vale do Paraíba e litoral norte, passando São José dos Campos, com a taxa de 54,2 homicídios por 100 mil moradores.
Caraguatatuba também lidera, desde 2001, os registros de roubo (assaltos à mão armada). Foram 11.217 pessoas, entre moradores e turistas, na cidade. Ubatuba, município vizinho, registrou 7.038 casos de roubo; em São Sebastião, 5.957 pessoas tiveram algum bem roubado por criminosos.
O município de Caraguatatuba lidera, também, os índices de carros roubados ou furtados, desde 2001. Ao menos 3.939 pessoas tiveram seus veículos subtraídos, enquanto São Sebastião registrou 1.878 casos, seguida por Ilhabela, com 379 carros roubados ou furtados. Em todos os casos, os números podem ser maiores, já que nem todas as vítimas registram boletins de ocorrência.
A cidade de Caraguatatuba, a maior da região, abriga a sede do 20º Batalhão da Polícia Militar, que comanda as companhias de Ubatuba, São Sebastião e Ilhabela. Somente em dezembro de 2022, o município criou a GCM (Guarda Civil Municipal), que possui efetivo de 61 guardas, sete viaturas e seis motocicletas. Em época de feriados prolongados, ao longo do ano, a Polícia Militar recebe reforços de equipes do Baep (Batalhão de Ações Especiais), da Força Tática e da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar).
Na temporada de verão, o efetivo também recebe reforços de policiais e viaturas. Para o verão 2024/2025, foram enviados mais de 700 policiais, além de 120 viaturas, quadriciclos, motocicletas, helicópteros e equipamentos de tecnologia como drones, entre outros. Caraguatatuba recebeu um efetivo de 264 policiais.