DENÚNCIA

Mãe de criança autista desconfia de atendimento médico e foge de hospital na Baixada Santista

Jovem afirma que chegou em pronto-socorro infantil com filho de quatro anos em estado de convulsionamento e médico disse que ela estava ‘’caçando doença’’ ao ser questionado; Ouvidoria de Saúde de Cubatão, onde caso aconteceu, investiga

Redação
Publicado em 13/10/2023, às 18h12

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Ana Luíza (à dir.) e o filho Miguel durante a internação. No centro, pronto-socorro infantil de Cubatão - Imagens: Acervo Pessoal Ana Luíza Brito / Divulgação Prefeitura de Cubatão
Ana Luíza (à dir.) e o filho Miguel durante a internação. No centro, pronto-socorro infantil de Cubatão - Imagens: Acervo Pessoal Ana Luíza Brito / Divulgação Prefeitura de Cubatão

Uma jovem mãe afirma que, durante um atendimento de urgência em um pronto-socorro na Baixada Santista, o filho autista de quatro anos foi vítima de um atendimento médico duvidoso que, na avaliação dela, poderia ter sido fatal. “Não aconteceu o pior porque eu fugi do hospital”, disse em entrevista ao Portal Costa Norte nesta sexta-feira (13), a autônoma Ana Luiza Brito, de 22 anos.

Ela relata que, na madrugada de domingo (8), foi levada de ambulância com o filho Miguel ao Pronto-Socorro Infantil Enfermeiro Joaquim Nogueira, em Cubatão, onde mora, após o menino apresentar febre alta, convulsões e batimentos cardíacos acelerados.

“O Miguel é uma criança autista, o autismo dele é moderado, ele faz uso de medicamento controlado, faz acompanhamento com o neurologista e vários médicos”, explica Ana Luiza, que prossegue. “Ele estava em casa e passou mal. Do nada, ele teve uma febre e convulsionou. Os batimentos cardíacos dele foram para 198. Ele estava totalmente abatido, com muita dor no peito. Foi quando eu chamei a ambulância”.

No entanto, ao chegar no pronto-socorro, ela afirma que estranhou o atendimento de um médico. “O médico simplesmente olhou pra mim e falou que ia prescrever uma benzetacil [injeção de antibiótico]. Eu falei, ‘não, benzetacil você não vai passar, você não fez exame nenhum”.

Segundo Ana Luíza, após ser questionado, o médico a insultou.

Ele falou ‘você tá caçando doença para o seu filho’ e que não era nada, que era só uma inflamação na garganta. Meu filho convulsionando e ele [médico] falando que era amigdalite. Não passou um exame de sangue, não passou um raio-x porque o Miguel é um paciente respiratório, por conta de uma pneumonia que ele teve”, relata ela num tom indignado.
Fachada de pronto-socorro em cubatão
Pronto-Socorro infantil de Cubatão. Ouvidoria de Saúde da cidade investiga o caso

A autônoma afirma que, ressabiada, não esperou a injeção no filho, fugiu do pronto-socorro infantil no meio do atendimento médico e procurou outro hospital. “Eu chamei um Uber e fui pra Santa Casa de Santos pelo convênio. Eu fui no PS de Cubatão porque era mais rápido devido à distância. No Uber, meu filho convulsionou novamente. E aí, chegando na Santa Casa de Santos, ele recebeu pronto atendimento. Aguardamos a febre diminuir, a neurologista fez um eletroencefalograma nele e constou uma alteração cerebral do lado direito do cérebro, ele fez exames de sangue, de urina e foi internado”.

Após quatro dias de internação, Miguel recebeu alta na quinta-feira (12), Dia das Crianças, conta Ana Luíza. “Estamos em casa, graças a Deus”, diz a jovem aliviada. “Ele está se recuperando e iniciará acompanhamento médico. Ele agora é considerado uma criança epiléptica, foi encaminhado para o endócrino e pediatra”, explicou a jovem.

Procurada, a prefeitura de Cubatão, que responde pelo pronto-socorro, não respondeu por que não foram realizados exames em Miguel durante o atendimento médico, mas disse que “a direção dos prontos-socorros da cidade levou o caso à Ouvidoria Municipal da Saúde que apura o que teria ocorrido”.

A Santa Casa de Santos ainda não se pronunciou sobre o caso. Caso o hospital se manifeste, esta matéria será atualizada.

Ana Luíza acredita que sua desconfiança da prescrição médica e a fuga do pronto-socorro podem ter salvo a vida do filho. “O sentimento que eu tive foi de impotência, de decepção e frustração, porque eu estava desesperada. Se o meu filho tivesse tomado essa benzetacil, no estado em que ele estava, meu filho poderia ter morrido, então acho que houve uma negligência na questão do atendimento, uma falta de atenção. Seria uma negligência maior se eu tivesse autorizado essa injeção”. 

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