Cargueiro Artemis fez viagem inaugural do Vietnã para o porto de São Sebastião, de onde partirá para a França em viagem de 21 dias
Reginaldo Pupo
Publicado em 12/11/2024, às 17h59
O porto de São Sebastião, no litoral norte paulista, comemora nesta semana dois fatos inéditos. Após movimentar, por décadas, cevada, barrilha, carga viva, minério de ferro e veículos, pela primeira vez, iniciará a exportação de café orgânico para a Europa. E o navio que transportará a carga premium será um veleiro-cargueiro totalmente sustentável, que, como o próprio nome sugere, é movido apenas pela força do vento.
O Artemis chegou ao porto sebastianense na segunda-feira (12), após concluir sua viagem inaugural. A embarcação havia saído do estaleiro onde foi construído, no Vietnã, e realizou uma viagem tranquila. Somente ao passar próximo à costa de Madagascar, enfrentou três dias sem ventos.
O veleiro-cargueiro tem 81 metros de comprimento e 12 metros de largura. O passadiço (cabine de comando) possui equipamentos eletrônicos e digitais e alguns comandos são controlados por joystick. O navio usa um sistema de aparelhamento robotizado e informatizado, para ajustar as velas duplas, de 65 metros de altura. A área vélica possui 300 metros quadrados.
Segundo a OMI (Organização Marítima Internacional), são emitidos cerca de um bilhão de toneladas de dióxido de carbono por ano no setor marítimo e o transporte naval é responsável por 3% das emissões globais de gases de efeito estufa. A meta é eliminar o carbono no setor até 2050.
Agora, a tripulação, composta por apenas oito pessoas, incluindo mulheres, se prepara para receber cerca de 700 toneladas de cafés especiais e 10 toneladas de cacau, também especial, que serão utilizadas para a produção de chocolates na Europa. O café orgânico, proveniente de uma produtora da cidade de Mococa, no interior de São Paulo, será transportado para o porto de Le Havre, na França, em viagem que levará 21 dias.
Segundo o diretor-presidente da Companhia Docas de São Sebastião, Alexandre Ernesto Corrêa Sampaio, o porto sebastianense foi escolhido pela empresa exportadora devido às características operacionais da área, como o berço de atracação, que acomoda as pequenas dimensões do veleiro, se comparado aos navios de grande porte e à proximidade com a cidade do interior. “Outro fator que pesou na decisão da escolha é fato de o porto possuir o selo verde, o que se enquadra na proposta sustentável da companhia”, explicou.
Além de obter, ao longo dos anos, vários selos de certificados ambientais (ISO) , o porto de São Sebastião também mantém programas e sistemas de gestão ambiental. “A empresa já projeta realizar mais cinco exportações de cafés no decorrer de 2025, pelo porto de São Sebastião. O Artemis é o segundo veleiro da companhia; um terceiro já está em construção e a meta é ter uma frota de quatro veleiros-cargueiros”, concluiu Ernesto.
