Animal costuma se alimentar de anfíbios e lagartos e pode ser comumente encontrado nas regiões de floresta da Mata Atlântica
Mayumi Kitamura
Publicado em 09/01/2025, às 16h59 - Atualizado às 17h06
Um turista fez um flagrante inusitado durante passagem pela Prainha Branca, região paradisíaca do extremo norte de Guarujá, no litoral paulista. Na manhã de domingo (5), ele filmou uma cobra enquanto devorava um anfíbio, próximo a um hostel local.
🐸🐍| Turista flagra cobra cipó se alimentando na Prainha Branca, no litoral de SP
— Portal Costa Norte (@costanortenews) January 9, 2025
Animal costuma se alimentar de anfíbios e lagartos e pode ser comumente encontrado nas regiões de floresta da Mata Atlântica
🎥| Cauê Godoy pic.twitter.com/vsszx3hcRv
Enviamos o vídeo para o biólogo Marcelo Bokermann, que, a partir da análise da imagem, afirmou se tratar de um exemplar de cobra cipó (Chironius bicarinatus), de tamanho médio. A espécie pode chegar a aproximadamente 2 metros de comprimento e anfíbios e lagartos estão no cardápio deste animal.
Conforme identificou Bokermann, a serpente se alimentava de uma rã quando foi filmada: “Pelo posicionamento dos dedos da pata traseira, é uma rã. Geralmente, elas capturam a rã pela cabeça para ficar mais fácil para engolir, da cabeça para o final do corpo. Uma serpente geralmente consegue abrir duas vezes e meia a largura da própria mandíbula, e aí ela pode comer coisas mais largas do que a própria cabeça. Por isso, ela tem essa mobilidade de poder abocanhar, porque a parte de cima da boca do animal, a maxila e a mandíbula, são soltas, então ela consegue abrir bem a boca para poder engolir o alimento”.
Essa espécie não está entre as peçonhentas, ou seja, não inocula veneno em suas presas ou vítimas. “Ela tem uma dentição chamada ‘áglifa’, em que os dentes são todos do mesmo tamanho. É uma dentição como a jiboia, por exemplo, tem. É uma dentição que ela não consegue inocular veneno, então, geralmente ela mata um bicho apertando-o ou se enrolando nele, depende da presa. Se for uma presa maior, ela tende a abocanhar e enrolar”, apontou.
Bokermann também explicou que as serpentes têm hábitos noturnos e, a cobra cipó, apesar de ser uma serpente, tem hábitos diurnos. “Quando a gente faz trilha na região de Bertioga, ou no próprio Guarujá, podemos ver esse bicho, que tem muita rapidez e destreza para se deslocar entre as árvores”, daí vem o nome comum da espécie - cipó-, detalhou o biólogo e supervisor da Reserva Natural Sesc Bertioga, local em que a espécie também pode ser encontrada.
Se você fizer uma trilha e se deparar com um exemplar dessa espécie, a orientação é evitar interação ou chegar perto; mesmo que não seja peçonhenta, é possível que, caso se sinta ameaçada, a serpente morda.
Mayumi Kitamura
Jornalista formada na Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp - Guarujá) e técnica em Processamento de Dados. Atua na área de comunicação há mais de 20 anos. Integra a equipe de mídias sociais do portal Costa Norte.