LONGA JORNADA

Baleia-jubarte é avistada no litoral norte de SP após migrar 3.600km pelo Atlântico

Baleia avistada em Ilhabela foi vista em março, próxima às ilhas ilhas Geórgia e Sandwich do Sul; população pode contribuir com a identificação


Redação
Publicado em 25/06/2025, às 07h57

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Cauda de baleia
Fotoidentificação de jubartes é feita por meio do registro das suas caudas - Prefeitura de Ilhabela

O início da temporada oficial de observação de baleias, em Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, no dia 3 de junho, trouxe um feito impressionante: a identificação de uma baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae), avistada na costa do arquipélago após migrar 3.600km nas proximidades das ilhas Geórgia e Sandwich do Sul, no Atlântico Sul. O registro foi feito pela bióloga Marina Leite Marques, do Viva Instituto Verde Azul.

Essa mesma jubarte havia sido fotografada no dia 7 de março pelo fotógrafo e ativista Justin Hofman, em uma das principais áreas de alimentação da espécie no hemisfério sul. A conexão entre os dois registros só foi possível graças à plataforma Happywhale, que coleta e cruza dados com as imagens das caudas das baleias, que funcionam como impressões digitais, únicas para cada indivíduo.

Dessa forma, a foto feita por Marina permitiu identificar que se tratava da mesma baleia fotografada meses antes nas águas geladas do sul do Atlântico. “Conhecer esse deslocamento é essencial para entender e proteger essas gigantes do mar — e só foi possível graças à colaboração entre pessoas comuns e pesquisadores, por meio da ciência cidadã”, destacou o Instituto Verde Azul.

Projeto identifica mais de 700 baleias

Salto de baleia
 Atualmente, já são 718 baleias identificadas - Prefeitura de Ilhabela

O projeto Baleia à Vista, que contribui com o Happywhale ao alimentar a base de dados da região de Ilhabela, começou a catalogar jubartes em 2016, quando os primeiros indivíduos voltaram a ser avistados após décadas de ausência. Atualmente, já são 718 baleias identificadas, das quais aproximadamente 100 foram reavistadas — desse total, 32 tiveram registros de retorno ou permanência prolongada na região.

Entre as histórias marcantes está a da jubarte Jaci, que reapareceu este ano nas mesmas águas onde foi observada em 2024. Já a baleia identificada como SP0691 foi registrada continuamente entre os dias 15 de maio e 3 de junho, depois de permanecer por quase 20 dias ao redor da ilha — e ainda pode estar pela região.

“Cada baleia que identificamos é uma peça de um grande quebra-cabeça sobre a migração da espécie”, explicou Julio Cardoso, fundador do projeto Baleia à Vista. “Esperamos ampliar ainda mais esse catálogo nesta temporada”.

População pode contribuir com a identificação de jubartes

A fotoidentificação de jubartes é feita por meio do registro das suas caudas — que possuem padrões únicos de manchas, cortes e formatos, como se fossem digitais. A plataforma Happywhale analisa essas imagens e busca correspondências no banco de dados, o que torna possível identificar indivíduos e monitorar seus deslocamentos. Vale lembrar que a identificação só se torna possível a partir do segundo registro: é ele que permite comparar e confirmar que se trata do mesmo animal avistado anteriormente.

Essa prática, conhecida como ciência cidadã, tem se mostrado essencial para aprofundar o conhecimento sobre o comportamento e os deslocamentos das baleias, ao mesmo tempo em que engaja a população na causa da conservação marinha. A prefeitura de Ilhabela tem reforçado o compromisso com a conservação das espécies e o incentivo à pesquisa.

O prefeito Toninho Colucci comentou: “Ilhabela é um santuário natural que recebe essas gigantes com todo o respeito que merecem. Temos regras claras de avistamento para garantir a segurança dos animais e das pessoas, e apoiamos os projetos que estudam e protegem a vida marinha em nosso litoral. Preservar as baleias é também preservar nossa identidade como destino de ecoturismo responsável”.

Com o avanço da temporada 2025, cresce a expectativa por novos avistamentos e descobertas. Cada foto enviada pode representar a reidentificação de um indivíduo já conhecido — ou até mesmo a entrada de uma nova baleia para o catálogo. Avistou uma jubarte? Fotografe a cauda e envie seu registro para o site Happywhale. Sua imagem pode contribuir com a ciência e ajudar a contar mais um capítulo da incrível jornada das jubartes pelo Atlântico Sul.

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