Município será o primeiro do país com a titulação concedida em iniciativa de entidades internacionais dedicadas à preservação das aves e habitats
Mayumi Kitamura
Publicado em 22/08/2024, às 15h21 - Atualizado em 02/09/2024, às 16h26
O município de Peruíbe, na Baixada Santista, se prepara para receber o título internacional de Cidade das Aves, que deve ocorrer das 10h às 11 horas*, no dia 12 de setembro, na Câmara Municipal. A cidade é a primeira do país com o reconhecimento, após esforços na preservação das aves e seus habitats, a exemplo do estudo de aves com o envolvimento da comunidade, além do desenvolvimento de políticas públicas.
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A iniciativa é promovida pelas organizações sem fins lucrativos American Bird Conservancy (ABC) e a Environment for the Americas (EFTA). Em julho de 2023, representantes das entidades visitaram a cidade, para verificar se ela possuía os requisitos para receber o título. Na época, a cidade se enquadrava nas várias características essenciais, como: ter áreas de conservação; não possuir praia pet friendly (já que cães e gatos afugentam aves); contar com leis municipais de proteção às aves; entre outros.
De todos os ítens necessários, ainda faltava a definição da ave símbolo da cidade, cuja votação encerrou em março deste ano, quando a população votou a partir de listagem com os pássaros mais comuns da cidade. A eleita foi a coruja-buraqueira (Athene cunicularia).
A titulação, inédita no Brasil e a segunda na América do Sul, será entregue pela diretora da Environment for the Americas, Susan Bonfield, pelo coordenador do Dia Mundial das Aves Migratórias na América Latina, Miguel Matta e a coordenadora do Dia Mundial das Aves Migratórias no Brasil, Karina Ávila, responsável por acender a centelha pela busca do título para Peruíbe.
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Karina, bióloga e idealizadora do projeto Aves Limícolas, contou que a ideia da nomeação veio pelo fato de cidade ser “o palco de grandes lutas ambientalistas no Brasil”, como o movimento da população contra a instalação das usinas atômicas da Nucleobrás, nos anos de 1990, e do projeto da termoelétrica, entre 2017 e 2018. “Percebi que existe um esforço da comunidade, das instituições e da municipalidade em cuidar da natureza”, destacou.
Acredita que essa é uma oportunidade para que a cidade se destaque em todo o mundo, como um recanto de cuidado com as aves e seus habitats. “O título também vai empoderar a comunidade, para que continuem cuidando das aves e exigindo que o poder público as proteja, até porque, se não mantivermos todos os requisitos, perdemos o título”, explicou a bióloga.
Bruno Lima, ornitólogo e também representante do projeto Aves Limícolas, colaborou e acompanhou o processo de busca pela titulação e, agora, comemora a conquista para a região e toda a comunidade. “É um título dado, não porque a cidade tem muitas aves, mas por ter uma parcela da população engajada em proteger as aves e os habitats. [Além disso] o que temos visto por aqui é que o título está levantando o moral da comunidade. Teremos um título, o que quer dizer que sempre que alguém ouvir falar de Peruíbe, vai lembrar das aves”, comentou o ornitólogo.
Outro aspecto destacado por ele é que o título poderá facilitar o acesso a verbas internacionais destinadas à proteção das aves ao município. “E, com certeza, vai turbinar o turismo de observação de aves, trazendo oportunidades de renda para a comunidade, rede hoteleira, restaurantes etc. Com Santander de Quilichao, na Colômbia, foi assim (a primeira Cidade das Aves da América do Sul). Depois que recebeu o título, a cidade, que recebia cerca de 20 turistas por mês para observar aves, passou a receber mais de 100”, exemplificou.
A titulação também marcará o início do Festival das Aves Costeiras do Litoral Paulista que, nesta quarta edição, contará com o tema Proteja os insetos, proteja as aves, um alerta para ressaltar a importância dos insetos para as aves.
A programação, que está nos últimos preparativos, será realizada na praça Matriz, das 10h às 18 horas, e, no dia 15, os interessados no universo do birdwatching poderão participar de uma saída para observação de aves.
*Horário divulgado pela organização anteriormente era de início às 18 horas
Mayumi Kitamura
Jornalista formada na Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp - Guarujá) e técnica em Processamento de Dados. Atua na área de comunicação há mais de 20 anos.
