FIQUE ATENTO

Golpes românticos crescem com o uso de IA e falhas em apps de namoro; veja como se proteger

Tecnologia tornou os golpes românticos mais convincentes e perigosos; consequências emocionais e financeiras para as vítimas podem ser bastante graves


Redação
Publicado em 12/06/2025, às 08h49

FacebookTwitterWhatsApp

Mulher teclando no notebook
Criminosos utilizam Inteligência Artificial (IA) para criar deepfakes - Imagem ilustrativa/Unsplash

Neste Dia dos Namorados, há de se lembrar que nem tudo são flores e corações quando o assunto é romance. Os chamados golpes românticos, ou seja, fraudes emocionais que exploram sentimentos em troca de dinheiro, dados ou imagens íntimas estão cada vez mais sofisticados, na era da Inteligência Artificial (IA).

Além de perfis falsos e promessas de relacionamentos, criminosos têm utilizado Inteligência Artificial (IA) para criar deepfakes (vídeos ou gravações de áudio que manipulam a imagem de uma pessoa) em videoconferências e se aproveitam de falhas em apps de namoro para rastrear a localização exata das vítimas.

Embora os golpes românticos não sejam novidade, a tecnologia os tornou mais convincentes e perigosos, alerta a ESET Brasil, multinacional especializada em detecção proativa de ameaças.

Criminosos criam perfis falsos em aplicativos e redes sociais, desenvolvem vínculos emocionais com as vítimas e, com o tempo, solicitam dinheiro sob pretextos como emergências, investimentos ou envio de presentes. Em alguns casos, utilizam vídeos manipulados por IA (deepfakes) para simular chamadas em tempo real, dificultando a percepção do engano.

Segundo Daniel Barbosa, pesquisador de segurança na ESET Brasil, as consequências emocionais e financeiras para as vítimas podem ser bastante graves: “Muitos desses golpes se sustentam por semanas ou meses. O vínculo emocional criado pelos golpistas dificulta a identificação do risco e aumenta o impacto quando a vítima percebe que tudo era uma farsa”.

Como se proteger

Para se proteger dos golpes que circulam nos apps de relacionamento, a ESET orienta que os usuários redobrem a atenção a certos comportamentos suspeitos. Um dos primeiros sinais de alerta é a criação de um vínculo emocional muito rápido. Criminosos costumam declarar amor em poucos dias, dizendo que encontraram “a alma gêmea” e que desejam levar o relacionamento adiante, mesmo sem nunca terem se visto pessoalmente. Esse é o começo clássico de um golpe conhecido como “golpe do amor” ou “romance scam”.

Em um dos casos recentes analisados pela empresa, o golpista dizia estar trabalhando em uma plataforma de petróleo e pedia dinheiro para custear a volta ao país e finalmente encontrar a vítima. Outra prática comum é a tentativa de migrar rapidamente a conversa para fora do aplicativo, geralmente para o WhatsApp ou e-mail. Isso é feito para escapar dos mecanismos de moderação das plataformas e deixar a vítima mais vulnerável. Uma vez fora, o criminoso pode iniciar pedidos de ajuda financeira.

Em alguns casos, a desculpa envolve emergências médicas, passagens aéreas ou problemas com vistos. Mesmo que a história pareça convincente, é fundamental desconfiar de qualquer solicitação de dinheiro — não importa quão “urgente” ou dramática ela pareça ser.

Além das consequências emocionais, há também riscos à privacidade física. Uma recente pesquisa da universidade belga KU Leuven revelou que pelo menos seis aplicativos de relacionamento permitiam, por meio da triangulação de dados de distância, identificar a localização exata dos usuários. A vulnerabilidade, que já foi corrigida, permitia que qualquer pessoa com acesso ao app rastreasse alvos em tempo real.

Homem teclando no notebook
Usuários devem redobrar a atenção a certos comportamentos suspeitos - Imagem ilustrativa/Unsplash

“Embora os aplicativos tenham feito correções, a técnica pode ser aplicada a qualquer serviço que use localização precisa. A recomendação da ESET é desabilitar a função de localização exata e revisar todas as permissões concedidas a apps, eliminando todas aquelas que não exijam esse nível de precisão”, reforça Barbosa.

 Outra dica importante é verificar os perfis com atenção. Golpistas costumam usar fotos falsas, muitas vezes geradas por inteligência artificial ou copiadas de redes sociais de terceiros. É possível fazer uma busca reversa dessas imagens em ferramentas como o Google Imagens ou o TinEye. Se a foto estiver associada a diferentes nomes ou for encontrada em sites de banco de imagens, é sinal de alerta.

Além disso, perfis com poucas informações, fotos muito produzidas ou que parecem “perfeitos demais” também devem ser vistos com desconfiança. Por fim, a empresa recomenda ficar atento até mesmo em chamadas de vídeo. Com o avanço das tecnologias de deepfake, já há registros de criminosos usando vídeos manipulados por IA para fingir ser alguém que não são. Alguns sinais de que há algo errado incluem movimentos de boca desconectados da fala, ausência de reação em tempo real e falhas na imagem.

Para mais conteúdos:

Receba o melhor do nosso conteúdo em seu e-mail

Cadastre-se, é grátis!