INVERNO CHEGANDO

Sem El Niño ou La Niña: o que a neutralidade no Pacífico reserva para o inverno no litoral de SP

Climatologista Rodolfo Bonafim explicou como será a estação, que começa nesta sexta-feira (20); saiba mais sobre o solstício de inverno

Pessoa agasalhada na praia
Episódios de frio intenso não estão descartados no litoral de SP - Francisco Arrais/Prefeitura de Santos

O inverno 2025 começa nesta sexta-feira, 20 de junho, às 23h42. E a neutralidade nas águas do oceano Pacífico equatorial influenciarão como a nova estação deverá ser percebida por nós. A neutralidade significa que, no momento, nem o fenômeno El Niño (aquecimento das águas do Pacífico equatorial) nem a La Niña (resfriamento dessas águas) estão configurados. 

O Costa Norte conversou com o climatologista Rodolfo Bonafim, da ONG Amigos da Água, de Santos, e do canal Geoastrodicas, no YouTube, sobre como será a estação mais fria do ano no litoral de São Paulo. Ele explicou que, pelo fato de não estarmos nem com El Niño, nem com La Niña, o inverno será de neutralidade. Isso significa que pode se esperar tanto frio acima da média quanto um frio abaixo da média.

Bonafim também comentou que, devido à proximidade do litoral paulista com a região Sul do Brasil, há muita influência da umidade no clima, e essa umidade acaba impactando na sensação térmica e em maior quantidade de chuvas, se comparado com o interior, que costuma enfrentar estiagem nesta época do ano. O climatologista alertou que essas chuvas devem ser mais frequentes entre o fim deste mês de junho e o começo de julho. 

Mesmo que no geral sejam esperadas temperaturas acima da média neste inverno, pela influência da umidade na faixa litorânea, a sensação de frio deve ser algo que faça com que aquele casaquinho amigo sempre esteja próximo. E, isso não quer dizer que não haverá episódios de frio intenso, alertou Bonafim. “Algumas massas de ar frio devem ser bem fortes, mas, na média, as temperaturas devem ficar um pouquinho mais altas do que no inverno passado no litoral de São Paulo”, disse.

Como já é comum no litoral paulista, o inverno também terá dias de temperaturas mais altas, que lembrarão um veranico bem fraco. Mas também não se descarta dias de temperaturas mais altas, devido às mudanças climáticas, pontuou Bonafim. Inclusive, há possibilidade de que a chegada do inverno coincida com uma mudança no tempo no litoral de São Paulo, entre esta sexta-feira (20) e o sábado (21), com o retorno da possibilidade de chuvas. 

Bonafim também explicou que, diferentemente do inverno 2024, os episódios de neblina não devem ser tão intensos e constantes, mas, como é típico da estação, principalmente no litoral sul e Baixada Santista, eles devem ocorrer em alguns dias. 

Solstício de inverno

Sol
Chegada do inverno afeta diretamente a duração dos dias e das noites - Imagem ilustrativa/Unsplash

Exatamente às 23h42 desta sexta-feira, pelo horário de Brasília, ocorrerá o solstício de inverno no hemisfério sul e o solstício de verão no hemisfério norte. Este evento marca a transição das estações e traz consigo mudanças significativas na duração dos dias e das noites.

A Drª. Josina Nascimento, astrônoma do Observatório Nacional, explica um pouco mais: “As estações do ano acontecem devido à inclinação do eixo de rotação da Terra em relação ao seu plano de órbita e também devido à sua translação em torno do Sol. O início das estações do ano está associado aos solstícios (inverno e verão) e aos equinócios (outono e primavera)".

Nos equinócios, o Sol nasce exatamente no ponto cardeal leste e se põe no ponto cardeal oeste. Após essas datas, o Sol passa a nascer cada dia mais afastado do ponto cardeal leste e passa a se pôr cada dia mais afastado do ponto cardeal oeste. Nos solstícios, o Sol atinge seu afastamento máximo e começa a "voltar", nascendo cada dia mais na direção leste e se pondo cada dia mais na direção oeste.

Variação na duração dos dias e noites

A chegada do inverno afeta diretamente a duração dos dias e das noites. Nos equinócios, o tempo de luz do dia e o de escuridão são praticamente iguais. A partir do equinócio de outono, os dias passam a encurtar gradualmente, culminando no solstício de inverno, momento em que ocorre a noite mais longa do ano. Depois disso, os dias começam a se alongar novamente, aproximando-se de um novo equilíbrio no equinócio de primavera e continuando a crescer até alcançar a noite mais curta do ano no solstício de verão.

"Esse fenômeno é mais acentuado quanto mais afastado do equador terrestre o observador se encontra. Quem está perto do equador terrestre, não percebe diferença no comprimento dos dias. Quanto maior a latitude, mais se percebe essa diferença, chegando ao máximo nos polos, onde o Sol não nasce no inverno e não se põe no verão", esclarece Josina.

Com informações de Observatório Nacional

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