Climatologista Rodolfo Bonafim analisou as imagens e descartou a hipótese da formação de nuvens ter sido um ciclone ou tornado sobre Ilhabela
Esther Zancan
Publicado em 07/11/2023, às 13h35
Um vídeo publicado na plataforma Tik Tok pelo perfil @tikxtokteste na sexta-feira (3), dia em que uma forte tempestade atingiu o litoral paulista e outras regiões do estado, mostra o flagrante de uma estranha formação de nuvens no céu sobre Ilhabela.
Da praia de Baraqueçaba, em São Sebastião, o responsável pela filmagem capta um verdadeiro funil se formando no céu sobre a ilha. Assista as imagens:
@tikxtokteste#ciclone cria um tubo de ar nas #nuvens quando tocou #ilhabela , um #tornado se formou em nossa frente!!! nesse momento eu não imaginava que ao fundo haviam 2 #trombadagua♬ som original - TikXTok
O post aventa a possibilidade da formação ter sido um ciclone ou um tornado. Ele chama a atenção também para o que seriam trombas d'água. O Portal Costa Norte procurou o climatologista Rodolfo Bonafim, da ONG Amigos da Água, de Santos, que analisou as imagens.
O climatologista disse que, aparentemente, tinha uma tuba ou tromba se formando atrás de Ilhabela, no mar. Mas que, pelas imagens, não chegou a ser um tornado, muito menos um ciclone. Ele classificou a formação como uma "nuvem funil".
Bonafim explicou que pode até ter sido uma tromba d'água, mas pelas imagens não tem como ver se a tuba tocou o mar. Só pode ser considerada tromba d'água se a nuvem tocar o mar. Quando não há o toque da tuba no mar ou no solo, configura-se uma condição pré-tornádica ou nuvem funil. Tromba d'água nada mais é que um tornado no mar. Elas são extremamente perigosas para quem se encontra no oceano. Em terra, dificilmente essas tubas encostam no solo.
Bonafim também lembrou que o que atingiu o litoral de São Paulo na sexta-feira foi uma frente de rajada, que foi causada por uma linha de instabilidade. "Quando se tem uma linha de instabilidade há condição para a formação de tornados, sim", disse.
Ele frisou ainda que não foi o ciclone que atingiu o litoral de São Paulo. "O ciclone se forma junto de uma frente fria e o que ocorreu em São Paulo foi uma infiltração marinha que veio de forma rápida e trombou com uma área de instabilidade que já estava sobre o estado". Prova disso é que as tempestades atingiram áreas do interior também.
Bonafim também deu uma dica para nós, leigos, que gostamos de acompanhar as atualizações sobre o clima. "Toda vez que se deparar com o termo 'linha de instabilidade' é sinal de perigo, porque vem o exército de CBs junto". "CBs" são as famosas e temidas cumulonimbus, nuvens responsáveis pela ocorrência de fortes tempestades, com raios, ventos e granizo. O climatologista já havia comparado a tempestade de sexta-feira com um "exército de CBs em marcha".
Esther Zancan
Formada pela Universidade Santa Cecília, Santos (SP). Possui experiência como redatora em diversas mídias e em assessoria de imprensa.