Eclipse solar anular acontece na tarde deste sábado (14), mas a probabilidade de que o tempo siga ruim em todo litoral paulista é bem alta
O tempo carrancudo, com muita chuva, além de estragar o feriadão prolongado de Nossa Senhora Aparecida no litoral de São Paulo, deve “melar” um dos eventos astronômicos mais aguardados do ano: o eclipse solar anular, que acontece neste sábado (14).
Agora:eclipse solar 'anel de fogo' começou em todo Brasil | VEJA AO VIVO
O Portal Costa Norte foi conversar com o consultor em climatologia, astronomia e geologia da ONG Amigos da Água, de Santos, Rodolfo Bonafim, para saber como vai ficar o tempo durante o eclipse. Mas as informações não são nada animadoras, infelizmente.
Bonafim contou que a probabilidade de o tempo estar ruim durante o eclipse é muito alta. O sábado deve ser um dia ainda de muita umidade em todo o litoral paulista. O eclipse deve começar a partir das 15 horas, com seu auge previsto para às 16h50 e término por volta de 17h50. A previsão indica que a chuva pode até cessar em alguns momentos, mas mesmo assim é muito difícil observar um eclipse com o sol entre nuvens.
“Litoral bom para ver o eclipse só o do Nordeste”, brincou Bonafim. “Pode até ter alguns momentos de melhorias (no litoral paulista), mas não serão suficientes para a gente conseguir ter uma visão plena do eclipse”, contou o climatologista. Ele lembrou também que na faixa do estado de São Paulo, mesmo se o tempo colaborasse, só 40% do sol ficaria encoberto pela lua, devido a nossa posição geográfica.
Mesmo durante o ápice do fenômeno, não vai dar nem para sentir o céu um pouco mais escuro, pois mesmo se houvesse sol, o escurecimento já seria bem baixo.
Aliás, o litoral de São Paulo tem um histórico de nunca ter sido um bom lugar para a observação de eclipses do sol. Bonafim disse que bem poucos fenômenos dessa natureza conseguiram ser observados da região.
Ele lembrou de uma das únicas exceções à regra. Em novembro de 1994, quando houve o eclipse total do sol na região Sul do Brasil. No estado de São Paulo, apesar do fenômeno ter sido parcial, o astro-rei ficou bastante encoberto pela lua, e até do litoral deu para contemplar o espetáculo.
Bonafim recordou que observou o fenômeno do Posto 2, na orla santista, e que no momento em que houve a cobertura máxima da lua, ao olhar para o horizonte, na direção do mar, a tonalidade era de um cinza azulado impressionante e que logo começou a ventar. Ele explicou que isso ocorre porque, quando há uma súbita redução da quantidade de luz solar, a pressão atmosférica muda.
Bonafim também comentou sobre esse mês de outubro chuvoso que o litoral de São Paulo vem enfrentando. Ele lembrou que outubro não costuma ser um mês muito ensolarado na região, mas que neste ano a chuva está demais e que praticamente só houve um dia de sol pleno, a quarta-feira (11).
O climatologista também recordou que, mesmo quando houve a forte onda de calor que atingiu boa parte do Brasil em setembro, o litoral paulista não apresentou temperaturas muito altas, mesmo em tempos do fenômeno El Niño. Ele explicou que nesta época do ano, entre agosto e outubro, há uma brisa de sudeste a leste muito forte no litoral paulista e que o El Ninõ acaba até forçando mais essa brisa.
Para quem não quer perder o eclipse de jeito nenhum, uma boa dica é acompanhar pelo canal do You Tube do Observatório Nacional. O órgão anunciou que vai transmitir o eclipse solar anular ao vivo, em uma ação integrada internacional em parceria com a agência espacial norte-americana, a NASA, e o Time and Date.
A transmissão terá início às 11h30 da manhã (Hora Legal de Brasília) quando o eclipse anular estará começando na costa oeste dos EUA, e vai acompanhar todo o percurso da anularidade até que chegue ao seu final, na costa leste do Brasil.
Esther Zancan
Formada pela Universidade Santa Cecília, Santos (SP). Possui experiência como redatora em diversas mídias e em assessoria de imprensa.