Entenda a diferença entre os tipos de eclipse e como o fenômeno previsto para 14 de outubro poderá ser observado no litoral paulista
Esther Zancan
Publicado em 14/09/2023, às 13h21
Daqui a um mês, no dia 14 de outubro, haverá um verdadeiro espetáculo no céu: o eclipse solar anular. Mas, afinal, o que é um eclipse solar anular? E vai dar para observar o fenômeno do litoral de São Paulo?
Diante destes questionamentos, o Portal Costa Norte procurou Rodolfo Bonafim, consultor em astronomia, climatologia e geologia da ONG Amigos da Água de Santos para bater um papo. Ele explicou primeiramente o que é um eclipse, que é quando o sol, a Terra e a lua ficam alinhados. Isto tanto no eclipse solar quanto no lunar. O que muda de um para o outro é a posição dos astros. No eclipse lunar a Terra fica entre o sol e a lua, daí a lua recebe a projeção da sombra da Terra. Já no eclipse solar, é a lua que fica entre o sol e a Terra. A lua passa na frente do sol, cobrindo-o.
Entretanto, Bonafim lembrou que existem diferentes tipos de eclipse solar. O parcial, que é o mais comum, é aquele quando a lua cobre apenas uma parte do sol. Já o eclipse total é quando a lua passa totalmente na frente do sol, cobrindo todo o disco solar. Mas por que isto acontece?
Segundo Bonafim, o tamanho do disco lunar, ao se observar o céu, é do mesmo tamanho do disco solar, mas é claro que é apenas uma impressão porque o sol apesar de muito maior do que a lua está muito mais distante. Para se ter uma ideia, o sol está a quase 150 milhões de km da Terra, enquanto a lua está a uma distância média de 380 mil km.
O eclipse anular é aquele em que a lua passa na frente do sol, mas deixa um “anelzinho” de claridade em volta da lua. Bonafim já até imaginou a dúvida que vai surgir na galera: “Mas se o tamanho do disco lunar e do disco solar parecem ser os mesmos para quem observa o céu, por que alguns eclipse não são totais como no caso desse anular de 14 de outubro?” De acordo com o consultor, a explicação está na angulação (inclinação) dos astros. É por causa dela que em alguns eclipses partes do sol ainda ficam visíveis.
Agora que você já sabe a diferença entre os eclipses, a pergunta que não quer calar é: “Vai dar para observar o fenômeno do litoral de São Paulo?” Pelo visto, se a previsão do tempo ajudar, sim, mas não exatamente o eclipse anular, um outro tipo de eclipse.
Bonafim disse que o eclipse solar anular (também conhecido como “Anel de Fogo”) vai ser visível do Brasil, principalmente na região Nordeste que será a mais privilegiada. Cidades como Natal no Rio Grande do Norte, Juazeiro do Norte no Ceará, e João Pessoa na Paraíba vão ter uma boa visão do fenômeno.
Já em boa parte das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, quem olhar para o céu a partir das 15 horas de 14 de outubro vai ver apenas um eclipse parcial . Portanto, no litoral paulista, o eclipse vai ser parcial. “Vai parecer que o sol foi mordido pela lua”, explicou Bonafim com bom humor. Será que o astro-rei vai ficar parecido com o logotipo da Apple?
Quanto à previsão do tempo para o dia, ainda não é possível saber. “Previsão do tempo acima de cinco dias é sujeita a muitos erros”, lembrou Bonafim. O que se pode dizer, por enquanto, é que a primavera que começa em 23 de setembro vai ser sob a regência do fenômeno climático El Niño (aquecimento das águas do Oceano Pacífico na altura da linha do Equador).
Segundo Bonafim, a estação das flores deverá registrar temperaturas relativamente mais altas e possibilidade de pancadas de chuva. Ele lembra que, apesar do El Niño provocar chuvas mais concentradas na região Sul do Brasil, o litoral paulista sempre acaba sendo atingido por alguns “respingos”.
Bonafim alerta que mesmo o eclipse sendo parcial para quem está no litoral de São Paulo é necessário que as pessoas que pretendem observá-lo façam isto com total segurança. Ele lembra que não se deve olhar diretamente para o sol, pois a radiação ultravioleta pode causar danos permanentes à retina. É recomendável que se use óculos especiais para acompanhar o eclipse, que podem ser facilmente encontrados principalmente em lojas de comércio eletrônico.
Ele adverte ainda que não se deve usar chapas de raio-x para ver o eclipse, pois elas possuem espaços mais claros que não protegem de forma segura. Os antigos negativos de máquinas fotográficas também não devem ser utilizados.
Bonafim dá uma dica, além dos óculos especiais para eclipse: o vidro de máscaras de soldadores. Segundo o consultor, eles fornecem proteção e podem ser encontrados em lojas que vendem materiais de segurança (EPIs), mas ele alerta que deve ser adquirido o de número 14. “Não aceite o de número 12”, frisou.
Esther Zancan
Formada pela Universidade Santa Cecília, Santos (SP). Possui experiência como redatora em diversas mídias e em assessoria de imprensa.