OPERAÇÃO VERÃO

Radar de R$ 4,8 milhões promete prevenir catástrofes no litoral de SP

Investimento visa aprimorar monitoramento meteorológico em São Sebastião e Bertioga; conheça mais sobre aparelho que ficará em ponto alto de Ilhabela

Rebeca Freitas
Publicado em 21/11/2023, às 17h01

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Radar precisou de operação logística para chegar de balsa a Ilhabela - Instituto de Estudos Avançados do Mar - IEAMar/Unesp
Radar precisou de operação logística para chegar de balsa a Ilhabela - Instituto de Estudos Avançados do Mar - IEAMar/Unesp

Um radar, avaliado em 1 milhão de dólares, equivalente a R$ 4,8 milhões, entrou em operação para fortalecer a capacidade de monitoramento de catástrofes na região do litoral de SP, especialmente em São Sebastião e Bertioga, cidades que registraram um volume excepcional de chuva no Carnaval de 2023. 

A iniciativa de implementação do aparelho é coordenada pelo Instituto de Estudos Avançados do Mar (IEAMar), da UNESP, em parceria com o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCTI), que disponibilizou verba federal para a aquisição. O projeto tem ainda o apoio da prefeitura de Ilhabela, cidade escolhida para a instalação do equipamento. A Ponta da Sela foi definida por meio de estudos como ideal devido à sua localização elevada, proporcionando uma visão desobstruída do canal de São Sebastião até Bertioga.

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Aparelho em sua localização definitiva, na Ponta da Sela, em Ilhabela - Instituto de Estudos Avançados do Mar - IEAMar/Unesp

O radar saiu de São Vicente na noite da sexta-feira (17), chegou em Ilhabela sábado (18) e já está operando, ainda em fase de ajustes. Porém, o governo estadual planeja inaugurar oficialmente o radar em dezembro. Ele utiliza um sistema de leitura remota de dados conectado ao Instituto Meteorológico da UNESP em Bauru. Isso permite, em tempo real, o monitoramento da distância e quantidade de chuva, contribuindo para uma resposta rápida e eficaz em situações de emergência.

A Dra. Gabriela Hurtado, Coordenadora Executiva do IEAMar, destacou a importância do novo aparelho de monitoramento. “Esse radar vai atuar em favor da população para monitorar regiões de risco. A proposta de que este radar viesse monitorar a região de São Sebastião foi definida por interesses científicos da UNESP e também da parceria estabelecida desta Universidade com a Secretaria da Casa Militar e Defesa Civil do Estado de São Paulo, onde foi apontado que essa região é uma área de risco como pode-se evidenciar com o desastre de fevereiro”. Ainda de acordo com ela, a UNESP deve fazer toda a parte de processamento de dados, enquanto as defesas civis se encarregam de dar os alertas à população. 

O radar móvel da UNESP, tem tecnologia de banda X  e possui um alcance de 120 km, com configuração ajustada para 50 km para maior sensibilidade. “Fomos conservadores porque precisamos de sensibilidade para ver a chuva. É difícil calcular o volume acumulado de precipitação, então preferimos focar em uma área menor para sermos mais precisos”, justifica Hurtado, que possui doutorado em química orgânica. 

Demilson Quintão, físico da UNESP à frente do projeto, explica que a precisão é crucial para monitorar a chuva, especialmente em áreas de risco. "O sistema é capaz de identificar a presença de hidrometeoros, como chuva e granizo, dentro das nuvens. O radar emite um pulso de sinal de rádio que é refletido por esses hidrometeoros. Ao medir o tempo de ida e volta desse pulso, conseguimos determinar a distância até eles. Além disso, a intensidade do sinal refletido fornece informações sobre a quantidade de chuva presente no momento da observação. Esses dados são utilizados para criar mapas que mostram a região e a intensidade da chuva, sendo atualizado a cada 5 minutos. Isso nos permite acompanhar em tempo real a localização das chuvas, bem como sua evolução ao longo do tempo. As imagens geradas oferecem um panorama sobre a direção e a velocidade do deslocamento do sistema de chuvas, além de indicar se está ganhando ou perdendo intensidade", expõe. 

Lídio Costa é Secretário de Segurança de Ilhabela e ressaltou que este radar móvel deve permanecer em Ilhabela por 18 meses. Após isso, eles devem receber um novo radar com a mesma metragem e capacidade de monitoramento, mas que será fixo ao invés de móvel. O investimento para este novo equipamento será do estado e ele deve permanecer na cidade por tempo indeterminado. 

Rebeca Freitas

Rebeca Freitas

Formada pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp)

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