PERIGO IMINENTE

Jararaca é resgatada em residência no litoral de SP

Responsáveis por aproximadamente 90% dos acidentes com cobras peçonhentas no país, o gênero Bothrops, assim como várias outras serpentes, devem aparecer com mais frequência no litoral nesta época do ano, alerta biólogo

Lenildo Silva
Publicado em 06/10/2022, às 10h16 - Atualizado às 14h26

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Serpente teria ingerido uma presa recentemente e o resgate foi realizado de modo seguro para o animal e equipe Jararaca no litoral - Fotos: Thiago Malpighi
Serpente teria ingerido uma presa recentemente e o resgate foi realizado de modo seguro para o animal e equipe Jararaca no litoral - Fotos: Thiago Malpighi

Uma jararaca (𝘉𝘰𝘵𝘩𝘳𝘰𝘱𝘴 𝘫𝘢𝘳𝘢𝘳𝘢𝘤𝘢) foi capturada em uma residência em Peruíbe, no litoral de São Paulo, na tarde de ontem (5). Sendo uma das mais importantes serpentes peçonhentas do Brasil, o animal estava embaixo de um armário da oficina que fica na frente do imóvel, no bairro Antônio Novaes, e foi resgatado por biólogos da Secretaria de Meio Ambiente e Agricultura da cidade.

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Segundo informou o biólogo Thiago Malpighi à reportagem do Portal Costa Norte, o animal havia ingerido recentemente uma presa -  possivelmente um roedor. Devido à busca por alimentos, a presença da jararaca, que ocorre naturalmente nas florestas no município e da região, pode se expandir para a área urbana. 

“A capacidade de 'adaptação' da espécie à área urbana, bem como a disponibilidade de alimento e de abrigo são os principais fatores associados ao encontro com esses animais em área urbana. Não houve dificuldades no resgate, o qual foi realizado de modo seguro para o animal e equipe”, disse o biólogo especialista em serpentes.

Após o resgate, o animal foi solto em área de vegetação nativa (restinga, Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas) entre o Guaraú e o Parque Estadual do Itinguçu, longe de habitações e influências humanas diretas.

O biólogo ressalta que nos próximos meses, especialmente até março/abril, a frequência de encontros com serpentes no litoral de São Paulo tende a aumentar. 

Devido à umidade e ao calor, característicos da primavera/verão, as serpentes (cobras fazem parte do grupo) podem aparecer em qualquer lugar de áreas urbanas, pois têm maior disponibilidade de alimento, além de estarem aptas à reprodução, mas o comportamento agressivo aparece apenas quando se sentem ameaçadas. 

Veja o vídeo

Cobras peçonhentas

Em Peruíbe há cerca de 27 espécies de serpentes, sendo que somente três são de interesse para a saúde pública, ou seja, que podem estar envolvidas em acidentes com relevância clínica e epidemiológica: Micruruscorallinus (coral-verdadeira), Bothrops jararacussu (jararacuçu) e Bothropsjararaca (jararaca).

Jararaca

Ainda de acordo com Thiago, os acidentes com maior relevância epidemiológica na região ocorrem com serpentes do gênero Bothrops que respondem por aproximadamente 90% dos acidentes no Brasil.

A jararaca se alimenta de ratos e pode aparecer perto de residências para se alimentar. São serpentes de maior porte, maior ângulo de abertura bucal e de dentes mais especializados, que utilizam o bote como um dos mecanismos de defesa.

Em abril deste ano, uma cachorra foi picada por cobra jararaca em Caraguatatuba, no Litoral Norte, o animal foi picado em área próxima aos olhos enquanto brincava no quintal da residência.

O que fazer caso encontre uma serpente?

No caso de encontrar uma serpente ou outro animal silvestre, mantenha distância segura e contato visual. O conselho do Biólogo é manter a calma e cada um seguir seu caminho.

Se não for possível ou se o animal não estiver em seu ambiente natural, entre em contato com as instituições competentes ou profissionais habilitados para lidar com esses animais.

“Encontrou o bicho, peçonhento ou não, NÃO MATE, mande uma foto/mensagem, que a espécie será identificada, a pessoa obterá as orientações necessárias e o animal será resgatado, sempre que possível”, recomenda o biólogo.

O que fazer em caso de picada?

Não se deve amarrar o local, pois o torniquete pode aumentar o risco de necrose (morte) dos tecidos adjacentes e resultar até em amputação.

Também não se deve fazer cortes, perfurações ou sucção. Toda a área da ferida deve ser lavada com água e sabão e a vítima deve ser levada o mais rápido possível ao hospital; é importante que os médicos tenham informações para tentar identificar a serpente (pode ser por foto, se possível), pois isso facilitará a escolha do soro antiofídico a ser aplicado.

Onde ligar

Em caso de acidente com qualquer serpente, entre em contato imediatamente com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) por meio do telefone 192, Corpo de Bombeiros no 193 ou se dirija ao hospital público mais próximo.

Já em caso de resgate do animal, a Polícia Ambiental deve ser acionada pelo telefone (12) 3842-0123 no Litoral Norte ou pelos telefones (13) 3348-4774 e (13) 3853-5750 na Baixada Santista e Vale do Ribeira. A identificação não é necessária.

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Em Peruíbe, informações podem ser obtidas junto à Secretaria de Meio Ambiente (13) 3451-1066 ou (13) 99679-9631 (biólogo Thiago Malpighi).

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