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Biólogos resgatam duas cobras em dois dias e alertam sobre espécies no litoral de SP

Estado de São Paulo tem aproximadamente 149 espécies de cobras e 18% delas estão em Peruíbe; desconhecimento sobre elas é a origem do medo e especialistas alertam: "Matar não é o caminho"

Lenildo Silva
Publicado em 06/04/2022, às 14h28 - Atualizado em 07/04/2022, às 14h39

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Dipsas neuwiedi, conhecida popularmente como dormideira. Trata-se de animal frequentemente confundido com jararacas Serpetes em Peruibe - Reproduçao Thiago Malpighi
Dipsas neuwiedi, conhecida popularmente como dormideira. Trata-se de animal frequentemente confundido com jararacas Serpetes em Peruibe - Reproduçao Thiago Malpighi

No início desta semana, os biólogos Thiago Malpighi e Ligia Amorim, ambos da Secretaria de Meio Ambiente e Agricultura de Peruíbe, litoral de São Paulo, resgataram mais duas serpentes em áreas urbanas.

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Agora, no boletim atualizado da Secretaria, foram efetuados 28 resgates de serpentes, sendo sete peçonhentas, de interesse em saúde pública. No total foram 86 resgates de fauna no município, nos últimos sete meses.

Na segunda-feira (4), uma serpente da espécie Helicops carinicaudus (cobra d’água), foi resgatada em imóvel na avenida Mário Covas, região central. Em nota enviada ao Portal Costa Norte, Thiago afirma que é comum constatar essa espécie na área urbana, incluindo a faixa arenosa da praia.

Serpente da espécie Helicops carinicaudus (cobra d’água), foi resgatada em imóvel Serpentes em Peruibe (Reprodução Thiago Malpighi)

“São serpentes associadas à água, que podem aparecer próximas aos canais de drenagem de águas pluviais que existem na cidade. Não é uma espécie de importância em saúde, ou seja, não produz veneno e não está envolvida em acidentes ofídicos importantes da perspectiva clínica e epidemiológica”, disse o biólogo.

No dia seguinte (5), o biólogo recebeu outro chamado de munícipes para realizar um novo resgate de serpente, dessa vez uma Dipsas neuwiedi, conhecida popularmente como dormideira.

Dipsas neuwiedi, conhecida popularmente como dormideira. Trata-se de animal frequentemente confundido com jararacas Serpetes em Peruibe (Reproduçao Thiago Malpighi)

“Trata-se de animal frequentemente confundido com jararacas. É bastante comum encontrá-las na área urbana, enrodilhadas durante o dia. O exemplar em questão foi resgatado em imóvel próximo à divisa de Itanhaém com Peruíbe”, esclareceu o biólogo à reportagem.

Cobras peçonhentas

Em Peruíbe têm cerca de 27 espécies de serpentes, sendo que somente três são de interesse em saúde pública, ou seja, que podem estar envolvidas em acidentes com relevância clínica e epidemiológica: Micrurus corallinus (coral-verdadeira), Bothrops jararacuçu (jararacuçu) e Bothrops jararaca (jararaca).

Ainda de acordo com Thiago, o gênero Micrurus, apesar de conhecido pela neurotoxicidade, está envolvido em menos que 1% dos acidentes ofídicos notificados no Brasil, segundo ele, apesar do veneno potente e da coloração que inspira temor, as corais verdadeiras têm um temperamento e anatomia que minimizam as chances de acidentes, mas, mesmo assim, requerem cuidado.

Os acidentes com maior relevância epidemiológica na região ocorrem com serpentes do gênero Bothrops (jararacas), as quais respondem por aproximadamente 90% dos acidentes no Brasil. São serpentes de maior porte, maior ângulo de abertura bucal de dentes mais especializados, que utilizam o bote como um dos mecanismos de defesa e podem também ser encontradas na área urbana.

Resgate

O biólogo das cobras enfatiza que infelizmente matar serpentes é uma prática comum no país, as pessoas tentam justificar com uma diversidade de argumentos e na maior parte dos casos o desconhecimento é a origem do medo e matar elas não é o caminho.

“Em Peruíbe, o argumento que mais vemos está associado ao suposto risco/perigo. Porém, quase sempre que verificamos o exemplar morto, trata-se de espécie que não é de importância em saúde pública. Nesse contexto, o argumento em questão não faz sentido e demonstra que o desconhecimento é a origem do medo e da conduta”, disse.

Thiago fala ainda que a maior parte das serpentes não são peçonhentas, a maior parte dos acidentes não evoluem para óbito, e a maior parte dos encontros no município não é com serpentes de importância em saúde pública.

“No caso das serpentes peçonhentas, as atividades de resgate visam não somente garantir bem-estar e proteção ao animal silvestre, mas também gerenciar os riscos associados à possibilidade de ocorrência de acidentes ofídicos. Neste contexto, sempre aproveitamos a oportunidade para conversar com os solicitantes e passar informações importantes sobre o tema. A importância do acionamento para que seja realizado o resgate está, portanto, vinculada à proteção do animal e da população humana”, ressalta.

O que fazer ao avistar uma cobra

Basta manter a calma, manter distância e cada um seguir seu caminho. Se não for possível, ou se o animal não estiver no ambiente natural, entre em contato com as instituições competentes ou profissionais habilitados para lidar com esses animais.

A recomendação do biólogo é: encontrou o bicho, peçonhento ou não, NÃO MATE, mande uma foto/mensagem, que a espécie será identificada, a pessoa obterá as orientações necessárias e o animal será resgatado, sempre que possível.

Polícia Ambiental pelo telefone (12) 3842-0123 no Litoral Norte ou nos telefones; (13) 3348-4774 e (13) 3853-5750 para quem está na Baixada Santista ou Vale do Ribeira. A identificação não é necessária.

Já em Peruíbe, informações podem ser obtidas junto à Secretaria de Meio Ambiente (13) 3451-1066 ou (13) 99679-9631 (biólogo Thiago Malpighi).

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