Ação de coleta de lixo comum e recicláveis da praia é feita por barco até o canal de Bertioga; tempo instável e mar agitado podem adiar logística
A Prainha Branca, ou simplesmente Prainha para os mais chegados, praia localizada na divisa com Bertioga e a 27 quilômetros do centro do Guarujá, no litoral de São Paulo, é conhecida por suas águas cristalinas, areias branquíssimas e vegetação nativa exuberante. Este paraíso 'escondido' e de difícil acesso atrai milhares de turistas todos os anos.
O acesso à Prainha é feito apenas por uma trilha de dois quilômetros e por barco. Esta limitação é um dos principais fatores que mantêm a conservação ambiental e as tradições da comunidade caiçara. Contudo, como em qualquer lugar do mundo, a geração de resíduos sólidos é um desafio constante aos moradores locais.
A comunidade, de cerca de 400 moradores, enfrenta diariamente o problema da gestão de resíduos, que é intensificado pela visitação de até 2 mil turistas nos fins de semana, durante a alta temporada. E a pergunta que surge é: como este material é retirado da praia?
A Sociedade Amigos da Prainha Branca (SAPB), fundada em julho de 1972, desempenha papel crucial na remoção de resíduos. Em parceria com a Terracom, empresa de gerenciamento de resíduos contratada pela prefeitura do Guarujá, a SAPB coordena a retirada de lixo pelo mar, até a estrada Ariosvaldo de Almeida Viana (Guarujá-Bertioga), junto à travessia de balsas Guarujá-Bertioga, para posterior retirada por caminhão da empresa.
Mas nem sempre foi assim, historicamente, o lixo era enterrado na própria vila, devido à grande dificuldade de locomoção. Contudo, em meados dos anos 1990, uma ação da SAPB resultou na inclusão do serviço de coleta de resíduos no contrato da Terracom, que, agora, realiza a retirada duas vezes por semana, às segundas e sextas-feiras, com o apoio de coletores locais contratados.
Além da coleta regular de lixo comum, a SAPB organiza o serviço de cata-treco. Na semana passada, foram retiradas mais de 8 toneladas de material reciclável, incluindo eletrodomésticos e móveis. Este trabalho envolveu 17 viagens de lancha em três dias, realizadas por voluntários da SAPB e moradores.
Márcio dos Santos Flávio, vice-presidente da SAPB, detalhou à reportagem o processo de coleta de resíduos sólidos. Ele conta que as atividades começam às 7h e os moradores são instruídos a levar seus resíduos ao ponto de retirada, um trecho próximo à ilha, até às 9h. A equipe da Terracom, composta por seis colaboradores locais, transporta o lixo comum de barco, da praia até o canal de Bertioga, do lado de Guarujá. Já no píer, no final da rodovia Guarujá-Bertioga, ao lado da travessia de balsas, o material é depositado e, depois, coletado por funcionários da empresa e levado para Guarujá.
Já o serviço de cata-treco é conduzido exclusivamente pela SAPB, com o apoio voluntário de moradores. "Nesse esquema, todo o material de grande porte inutilizado é levado pela população ao ponto de retirada, que fica no canto direito da praia. Dependendo da quantidade de resíduos, uma segunda embarcação é utilizada para evitar o acúmulo de lixo na faixa de areia", explica.
Os materiais recicláveis são transportados até o canal de Bertioga, do lado desta cidade, onde são recolhidos por uma empresa de ferro-velho. O vice-presidente da associação ressalta que toda essa logística é sensível às condições climáticas. “Quando tem ventos fortes ou mar agitado, a operação das embarcações é interrompida”.
A SAPB possui autorização para realizar este transporte; para tanto, utiliza um trecho específico da praia como ponto de apoio.
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