ALTO RISCO

Pedra Selada: encerradas buscas por desaparecido há nove dias

Jefferson da Silva estava há passeio quando escorregou, bateu a cabeça e foi arrastado pelo mar; saiba o que pode ter acontecido com o corpo

Rebeca Freitas
Publicado em 31/10/2023, às 14h43 - Atualizado às 15h31

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Área é contra-indicada para banho - GBMAR
Área é contra-indicada para banho - GBMAR

Um rapaz de 27 anos está desaparecido no mar há nove dias. Ele sofreu um acidente no domingo (22), na Pedra Selada, em Bertioga, litoral de SP. Na data, um grupo de dez amigos foi passear na região e dois deles escorregaram da pedra e caíram no mar. Apenas um conseguiu voltar à superfície. 

A vítima, Jefferson Santana da Silva, tem como características a cor parda e estatura de 1,75 cm. Ele atuava como servente de pedreiro na Riviera de São Lourenço, área nobre da cidade litorânea. A Pedra Selada conta com sinalização de perigo, sendo contra-indicado o banho no local. 

As buscas foram iniciadas na data do desaparecimento, se prorrogando até o domingo (29). De acordo com o Grupamento de Bombeiros, a lei indica que nos primeiros três dias de desaparecimento as buscas sejam feitas por ofício. Depois disso, o comandante da unidade pode prorrogar a procura por mais sete. Após este período, é possível que haja mais uma ordem de prorrogação, mas ela tem que vir do subcomandante do corpo de bombeiros.

O sumiço do corpo pode ter sido ocasionado por uma série de fatores, conforme expõe o tenente do Grupamento de Bombeiros Marítimo (GBMAR), Guilherme Vegse. “Além do movimento das ondas, também há influência de correntes marítimas. Num período noturno, se o corpo tiver pego uma corrente dessas, pode navegar muitos quilômetros e, não raras vezes, aparece em alto mar ou então em praias distantes do local onde aconteceu o incidente. Às vezes temos afogamento no Guarujá e o corpo é encontrado em Bertioga, são 30 km de distância”, explica o oficial. 

O tenente afirma que este tipo de situação, na qual um corpo permanece desaparecido por muito tempo em alto mar, não é rara. “Infelizmente há casos do corpo aparecer muito tempo depois, ele pode passar muito tempo navegando longe. A população ribeirinha já encontrou um corpo na ilha Montão de Trigo [São Sebastião], há mais de 30 km da costa, então pode ser que [o corpo de Jefferson] apareça nos próximos dias, e pode ser que não, porque quando se trata da fisiologia, nós estamos envolvendo alguns dados que mudam muito, como a densidade, a temperatura da água influencia, se ficou preso, se não ficou preso, a correnteza, a direção de corrente, então são variáveis que não tem como a gente prever o resultado”, determina. 

Conforme o bombeiro, há diversas formas de buscas, e a escolha de uma em detrimento de outra varia de acordo com o local e a direção das ondas. São fatores de influência ainda a força e variação da maré. “Nós temos as buscas chamadas quadrante crescente, quadrante decrescente, busca em espiral, então a gente determina a busca que pode surtir o melhor efeito e as realiza. Também fazemos as buscas nas costeiras, porque muitas vezes o mar joga o corpo para cima das pedras e costeiras, que é onde a gente acaba encontrando na maioria das vezes”, coloca Vegse. 

Os bombeiros marítimos utilizam suportes meteorológicos nas buscas, se baseando também em atualizações fornecidas pela Defesa Civil a respeito de previsões de tempestades e ressacas. “Lembrando que não basta ser guarda-vidas, tem que ser guarda-vidas e condutor de embarcação habilitada - e não são todos que preenchem esse requisito. Eles fazem a navegação geralmente com equipamentos como a moto aquática e o bote de salvamento inflável”, exemplifica o tenente Vegse, que assumiu o comando de Bertioga em 2023, após liderar os bombeiros em áreas como Caraguatatuba e São Sebastião.

Atenção redobrada

A respeito da área da Pedra Selada, ele ressalta. “Nossa orientação é nunca subir em pedras. Pedras costeiras e costões são sempre um risco e eles têm perigos ocultos, principalmente ao olho da pessoa que não tem conhecimento: elas são limosas, possuem superfícies cortantes. Muitas vezes abrigam ostras, cracas e outros elementos que cortam e machucam. Nós sabemos que é tentador, principalmente para o turista. Mas infelizmente, ele acaba se colocando numa situação de risco, porque busca o melhor ângulo para a foto e pode ficar distraído”, reforça o tenente. Vegse finaliza ressaltando a importância de se respeitar a sinalização, bem como as ordens do guarda-vida e, em caso de dúvida, buscar orientação com o guarda-vida.

Rebeca Freitas

Rebeca Freitas

Formada pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp)

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