LUTO

Morre mascote dos guarda-vidas de Bertioga, o cão Selva

Membros da corporação indicam que o mascote Selva tinha 21 anos e dedicou 19 deles à Estação de Bombeiros Guarda-Vidas de Bertioga

Mayumi Kitamura
Publicado em 23/01/2025, às 16h20 - Atualizado às 16h29

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Cão Selva seguia com os guarda-vidas nas embarcações - Reprodução
Cão Selva seguia com os guarda-vidas nas embarcações - Reprodução

O mar amanheceu mais cinza nesta quinta-feira (23), quando a Estação de Bombeiros de Guarda-Vidas de Bertioga, no litoral de São Paulo, acordou sem seu mascote: o cão Selva. Quem não o conheceu pelo nome, certamente já o viu junto com os membros da corporação, seja nas águas ou nas areias das praias da cidade. Dos 21 anos da vida longeva desse cãozinho, 19 foram dedicados a servir com seus companheiros de mar.

A ligação com os bombeiros começou em 2005, quando Selva quase se afogou durante brincadeira com dois pitbulls, muito maiores. Ele foi salvo após ser retirado da água e serem aplicadas manobras - inclusive respiração boca-a-boca. O cãozinho sumiu por algum tempo, mas quando voltou, foi reconhecido, e uma parte da sua história foi descoberta: ele se chamava Lobinho e tinha uma dona. Como se acostumou a fugir de casa para ir até os bombeiros, a tutora ofereceu a guarda e, a partir de então, ele se tornou membro ativo; seu nome mudou para Selva, já que latia sempre que ouvia a palavra nos treinamentos.

Selva
Selva

Comandante da Estação de Bombeiros Guarda-Vidas de Bertioga, o primeiro tenente da Polícia Militar Guilherme Vegse contou que ele era conhecido por gostar de andar nas viaturas, assim como nas embarcações. “Navegava longe nas embarcações, inclusive indo para ocorrências. E nos cursos de guarda-vidas, tem uma travessia tradicional, que sai de Bertioga até a Prainha Branca [Guarujá]. Não raras vezes o Selva, sem equipamento nenhum, chegava na frente de alguns dos alunos. Isso foi motivo de boas risadas. Ele tinha um condicionamento físico e uma postura que era além de um cachorro normal, por isso dizíamos que o Selva tinha o verdadeiro espírito de guarda-vidas”, disse.

Quem também guarda boas lembranças de Selva é o cabo da Polícia Militar, o guarda-vidas Rafael Menossi: “Quando cheguei aqui, ele patrulhava na embarcação e fazia longas travessias nadando. Participava das instruções de condicionamento físico e nas de formação de novos guarda-vidas. Já vi ele cair do bote em um treinamento na Prainha Branca, no Guarujá, com um mar de mais de 2 metros. Pensei que ele ia se afogar! Quando eu consegui sair do mar, que estava absurdo de perigoso, o Selva já estava na areia todo contente! Ele é uma lenda!”, comentou.

pesar da idade avançada, o primeiro-tenente Vegse revelou que a morte de Selva foi tranquila, sem sofrimento. “Dormiu e não acordou. Foi depositado em lugar digno e fardado com honras, como se faz com um guarda-vidas”, comentou.

Cão Selva morreu aos 21 anos | Reprodução

Nas redes sociais, o Grupamento de Bombeiros Marítimo postou a seguinte homenagem: “Hoje, aos 21 anos, nosso mascote Selva, da Estação de Bombeiro de Guarda-Vidas de Bertioga, virou estrelinha! Alguns cães entram na nossa vida como amigos. Outros, como heróis. E há aqueles raros que são os dois ao mesmo tempo. Esse foi o caso do Selva, o cão que marcou para sempre a Estação de Bombeiros Guarda Vidas de Bertioga. Por 21 anos, ele não foi apenas um mascote; foi parte da equipe, um verdadeiro irmão de farda.

Selva não era um cachorro comum. Ele acompanhava os treinamentos com a disciplina de um veterano e a alegria de quem nasceu para isso. Quando a equipe partia para a Prainha Branca, lá estava ele, nadando com a mesma determinação que um guarda-vidas em missão. Navegava no bote de salvamento como se fosse seu lugar de direito, encarando o mar com a coragem de quem sabia que fazer parte daquele time era mais do que um privilégio, era um propósito”.

Selva na praia da Enseada | Reprodução
Cão dedicou 19, dos 21 anos de vida, à Estação de Bombeiros Guarda-Vidas de Bertioga | Reprodução

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Mayumi Kitamura

Mayumi Kitamura

Jornalista formada na Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp - Guarujá), atua na área da comunicação há mais de 20 anos. Também possui formação técnica em Processamento de Dados e, atualmente, é estudante de Engenharia de Software pela Universidade Estácio.

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