DIA DAS AVES

Bertioga é cidade referência na observação de aves

Município é lar de mais de 450 espécies; neste Dia das Aves, conheça o Clube de Observadores de Aves de Bertioga e Projeto Avifauna, do Sesc

Rebeca Freitas
Publicado em 05/10/2023, às 10h16

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Bertioga se destaca no cenário nacional de ornitologia com mais de 450 espécies catalogadas - Silvio Dutra
Bertioga se destaca no cenário nacional de ornitologia com mais de 450 espécies catalogadas - Silvio Dutra

Nesta quinta-feira (5) é comemorado o Dia Mundial das Aves. O Brasil está entre os três primeiros países no ranking mundial de diversidade, com 1971 espécies catalogadas. Bertioga contribui para o cenário nacional de ornitologia, sendo uma das cidades brasileiras com mais variedade de ambientes, como mar, rio, mangue, floresta de encosta, restinga e alagados. Estes diferentes espaços favorecem a ampla gama de aves que a cidade abriga, somando mais de 450 espécies catalogadas. 

O município também conta com a atuação de profissionais brilhantes da área. Marcelo Bokermann é a segunda geração de biólogos de sua família. Ele escolheu a profissão por influência de seu pai, Werner Bokermann, premiado ornitólogo e pesquisador, que foi diretor do setor de aves do Zoológico de São Paulo. Ele trabalha no Sesc Bertioga desde 2000 e presenciou a expansão do projeto Avifauna.

marcelo bokermann
Marcelo Bokermann tem 30 anos de profissão e é o biólogo à frente da Reserva Natural do Sesc Bertioga - Arquivo Pessoal

O Avifauna começou em 1992 a partir da pesquisa de um ornitólogo, que fez um levantamento das aves que existiam na unidade. Este trabalho acadêmico se transformou em um projeto de várias partes, dentre elas, a implantação de comedouros, que atraíam os passarinhos. Os comedouros foram transformados em ação educativa voltada para os hóspedes do Sesc Bertioga e os pássaros, instrumentos de aprendizagem. 

O avifauna também foi transformado em livros. O primeiro deles é o Aves do Sesc Bertioga, com sua primeira edição em 1994, além de um livro de pintura infantil que ilustra os pássaros. Existe a previsão de lançamento de uma nova obra literária para 2024, que fala sobre as espécies presentes em todas as áreas do Sesc, desde a praia até a serra. 

Além de atividades educativas para a população geral, o projeto Avifauna realiza práticas voltadas para grupos escolares, assim como ações comemorativas do Dia das Aves. Em 2011, o Sesc criou em conjunto com a comunidade local o Clube de Observadores de Aves de Bertioga (COAB). Os clubes se expandiram para outras cidades. “Existem pessoas que fizeram parte do Clube de Bertioga e hoje já estão fundando COA’s em Cubatão, Santos e Guarujá”, cita Bokermann.  

saíra-sete-cores (Tangara seledon)
Passarinho saíra-sete-cores (Tangara seledon) é uma das figurinhas carimbadas na Reserva do Sesc Bertioga - Divulgação/Sesc

O COAB auxilia no conhecimento das aves do município, estudando as espécies presentes na cidade de ponta a ponta, desde o Caibura até o Rio Silveiras, em Boracéia. Dentre as espécies mais comuns no amplo território de Bertioga estão o tiê-sangue, o tucano-bico-preto, sabiá-laranjeira, fragata e o martim-pescador. Bertioga tem, inclusive, muitos guarás vermelhos, ave símbolo de Cubatão. Já dentro da Reserva do Sesc Bertioga é possível achar pássaros como tiê-sangue, tucano-bico-preto, sabiá-laranjeira, fragata e o martim-pescador.

Apesar de ser um projeto da comunidade, o COAB tem o apoio do Sesc, que oferece deslocamento e a condução do grupo com ornitólogo. Interessados em participar do COAB podem entrar em contato através das redes sociais

A observação de pássaros promovida pelo COA de Bertioga, é realizada em diferentes áreas do município. “Cada mês a gente vai num local, porque além de observar as aves a gente faz uma lista que serve de documentação para o conhecimento das espécies da cidade, que depois vai se tornar uma publicação científica. O COAB atua em vários pontos da cidade e também dentro do Sesc, no qual a gente pode fazer a observação dentro do centro de férias, quando é com o hóspede, ou na reserva, tanto na parte externa, quanto na parte interna que é a Trilha do Sentir”, aponta Marcelo.

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Trilha do Sentir, na Reserva natural do Sesc Bertioga, é um dos cenários para a observação de pássaros - Divulgação/ Sesc

O público apreciador da observação de pássaros é muito variado, segundo o biólogo. “Existem desde pessoas da terceira idade, existe o público que é composto por moradores das proximidades da reserva, também é muito comum ter fotógrafos. Cada um desses públicos têm um interesse. Um quer ver a ave, outro tem interesse de estar na natureza, um tem interesse em tirar fotos, é muito variado”, explica.  As saídas para observação são gratuitas e divulgadas no site do Sesc São Paulo, na programação mensal da unidade Bertioga.

Não é somente o Sesc Bertioga que faz atividades relacionadas à observação de pássaros. Outras unidades do Sesc São Paulo, até mesmo na capital paulista, também realizam programações voltadas para as aves. 

Dia das Aves 

Em comemoração ao Dia das Aves, neste mês o Sesc intensifica as atividades do Avifauna. Haverá atividades durante todo o período, com início dia 7, quando se inicia um curso de introdução à observação de aves, nas manhãs de sábado ao longo de outubro e novembro. A atividade é gratuita e realizada na Reserva Natural do Sesc Bertioga.

Dia 14 de outubro haverá uma vivência de observação, com o ambientalista Odemir de Freitas Júnior. A caminhada será na Trilha do Sentir, para observar as diferentes espécies de aves que habitam na Reserva Natural Sesc Bertioga. Para além da observação, na atividade será possível ouvir as vocalizações e reparar nas cores, nos comportamentos, nos hábitos alimentares e nas interações das aves com outros seres. A programação ocorre das 10h às 11h e, para participar, é necessário retirar ingressos com 30 minutos de antecedência. 

Quem ama cuida 

Guaxe (Cacicus haemorrhous)
Comum em Bertioga, o Guaxe (Cacicus haemorrhous) habita a Mata Atlântica e percorre a folhagem da floresta em busca de alimento - Divulgação/Sesc

Atualmente, o crescimento imobiliário de Bertioga apresenta um risco para os animais que têm florestas como lar. “Se uma ave é totalmente florestal, como uma Choquinha por exemplo, ela não consegue viver em um campo. Então quando você transforma aquilo em um gramado de um condomínio, ela não consegue sobreviver. Ela se alimenta dos recursos dentro da floresta”, frisa Marcelo. 

“O bem-te-vi consegue viver na borda da floresta e um pouco mais para fora. Ele entra na floresta para caçar, mas também consegue viver fora. Mas não são todas as espécies que conseguem fazer isso. As mais ameaçadas são sempre as florestais”, expõe Bokermann. “Só com a sensibilização da importância que tem a natureza é que a gente consegue frear a destruição e o desmatamento”, complementa o biólogo. 

Pessoas que têm carinho por aves podem contribuir para a conservação das espécies as admirando de longe, segundo Marcelo. “Gradativamente estamos perdendo o costume da caça, mas ainda tem gente que tem esse hábito. E não são pessoas que caçam porque não têm o que comer, elas caçam por esporte, porque gostam. Se a pessoa quer ter uma interatividade com a ave, ela deve observar, fotografar. Essas são maneiras boas das pessoas estarem na natureza. Infelizmente ainda existe gente que caça os bichos e bota eles na gaiola”, lamenta.

Item comum nos quintais dos brasileiros amantes de pássaros, Marcelo afirma que bebedouros de beija-flor podem ser usados, mas deve-se ter atenção com o conteúdo que é colocado para alimentar as aves. “Você tem dois tipos de alimentos para os beija-flores. Você pode comprar aquele produto pronto rosado, que aguenta até cinco dias. Mas você pode fazer a mistura de água com açúcar, que deve ser feita sempre na proporção de uma colher de açúcar para seis colheres de água. Porque se você fizer a mais de quantidade de açúcar, ele vai fermentar antes de 24h e aí você pode eventualmente causar uma proliferação de bactérias, que podem prejudicar o beija-flor. O indicado é ter dois bebedouros. Porque após 24h você precisa lavar ele e deixar alguns minutos mergulhado na água sanitária, aí você põe o outro no lugar”, exemplifica. 

Bokermann complementa ainda dizendo que a melhor maneira para atrair os pássaros é plantando flores. “Se a pessoa tem um quintal ela pode plantar flor. É a melhor maneira que tem para atrair os beija-flores”, finaliza.

Rebeca Freitas

Rebeca Freitas

Formada pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp)

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