O Birdwatching é uma recente prática turística em Ilhabela que tem 83% de Mata Atlântica preservada e 400 espécies de aves tropicais catalogadas
Ilhabela é um cenário deslumbrante, suas praias, cachoeiras e trilhas são muito conhecidas por esbanjar beleza, mas existe uma modalidade de turismo que tem ganhado força há cerca de cinco anos e que explora paisagens como a estrada de Castelhanos e as trilhas do Bonete e da Cachoeira dos Três Tombos, por um outro ângulo: o birdwatching.
Birdwatching ou observação de pássaros em português é uma modalidade turística mundial, mas muito reconhecida no Brasil, já que o país é o segundo no ranking mundial com maior diversidade de espécies aviárias. A prática é recente e se faz necessária porque o município possui 83% de sua área preservada e mais de 400 espécies catalogadas, sendo considerada uma área importante para a conservação de aves pela Bird Life International.
Existem muitos pontos turísticos onde se pode praticar a modalidade, mas listamos aqui três lugares que vão garantir a experiência completa.
A trilha possui 22 km que levam até a praia de Castelhanos. O caminho é um dos mais versáteis do município, podendo ser percorrido a pé, de bicicleta ou de automóvel dependendo das condições climáticas, porém com dificuldade mediana de locomoção. Seu acesso é a partir da guarita do Parque Estadual localizado no bairro do Reino.
Cercada por uma rica mata, o trajeto é ideal para ser iniciado pouco antes do raiar do dia, pois nos horários entre 5 e 6 horas da manhã é possível avistar o despertar de uma rica fauna nativa e, ao final do percurso, ainda aproveitar um dia inteiro de lazer em uma das praias mais tranquilas e relaxantes do município.
A praia abriga uma comunidade quase isolada da zona urbana, uma tranquilidade que permite admirar espécies consideradas raras e até mesmo ameaçadas de extinção, como a jacutinga (Aburriajacutinga), o macuco (Tinamus solitarius) e pica-paus.
Em sentido totalmente oposto ao anterior, a trilha que leva à praia do Bonete só é acessível a pé. Com início no bairro do Borrifos, final da estrada no extremo sul da ilha, os que estiverem dispostos a se aventurar em um trajeto com um pouco mais de dificuldade por suas diversas subidas e descidas este é o caminho certo.
E, exatamente por ser um caminho que exige mais esforço, a observação neste caso ajuda com que os visitantes façam mais paradas que servirão tanto para o descanso quanto para a contemplação de aves tropicais únicas daquela região. Portanto, prepare sua garrafinha de água e não se esqueça da máquina fotográfica ou do celular para fazer ótimos registros ao longo do caminho.
Este é um passeio que também vale a pena ser feito logo ao amanhecer do dia, mas com uma recompensa final igualmente maravilhosa. A praia abriga a comunidade do Bonete, que vive mais isolada do centro urbano e é o lar de dezenas de famílias que vivem apenas do cultivo e da pesca artesanal caiçara. A paisagem é única e já foi considerada como uma das dez praias mais bonitas do mundo de acordo com o conceituado jornal britânico The Guardian.
Esta é uma trilha que requer muito pouco esforço e com uma curta extensão de menos de 500 metros. Com acesso no bairro da Feiticeira, ao sul da cidade, os visitantes podem chegar até a guarita de automóveis e seguir a pé no percurso até a cachoeira, que leva este nome por apresentar três quedas d'água em sequência que formam diferentes poços para banho.
O percurso, apesar de menor, apresenta uma rica diversidade de espécies e não só aviárias, pois há registros recentes, por exemplo, de inusitados avistamentos de jaguatiricas. O lugar é bem movimentado, portanto o momento certo para o avistamento de passarinhos ou quaisquer outras espécies não comuns à movimentação humana é também pela manhã.
Existem três trilhas que levam até os poços e cada uma delas oferece uma experiência diferente. A menor é mais rasa, maior e ideal para se divertir com crianças, enquanto a segunda tem uma queda d'água mais forte com espaço para entrar embaixo e receber uma verdadeira "massagem natural". Já o terceiro tombo deságua em um poço com rochas que servem de apoio para sentar e apenas apreciar a natureza ao redor.
Os passeios normalmente são em grupos com cerca de 5 pessoas e um guia. O agendamento pode ser feito diretamente com os guias, e eles devem estar devidamente cadastrados no município. Os contatos você pode consultar no site da Secretaria de Turismo ou no Centro de Informações Turísticas na Praça Vereador José Leite dos Passos, 14, na saída da balsa, mas os interessados também podem entrar em contato com o Parque Estadual no número (12) 3896 2585 que disponibiliza alguns eventos como a Corujada, um passeio para avistamento apenas de espécies noturnas.
Gabriela Petarnella
Jornalista formada pelo Centro Universitário Módulo. Possui experiência em videorreportagem e fotojornalismo