DIFERENCIADO

Para fugir dos altos custos, turistas trocam hotéis por barcos no litoral de SP

Pacotes de Ano Novo e Carnaval, em alguns hotéis, ultrapassam os R$ 15 mil. Alugar um barco para se hospedar pode sair a partir de R$ 160,00 a diária

Reginaldo Pupo
Publicado em 21/11/2024, às 10h43

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Embarcações podem ser alugadas para hospedagem, festas, almoços e passeios - Foto Divulgação
Embarcações podem ser alugadas para hospedagem, festas, almoços e passeios - Foto Divulgação

A corrida para passar o Réveillon e o Carnaval, no litoral norte paulista, começou desde meados do ano, mas, muitos turistas esbarraram nos valores cobrados pelos pacotes. Em alguns hotéis e pousadas da região, o período de cinco dias está sendo comercializado por valores entre R$ 5 mil a R$ 15 mil, com direito apenas a café da manhã.

Para fugir dos altos valores, alguns turistas recorrem à locação de barcos para se hospedar e ainda curtir o Réveillon em alto-mar, privilégio que muitos dos hotéis de luxo não podem oferecer por estarem distantes das praias.

[Colocar ALT]Ambiente interno de uma das embarcações disponíveis para locação pela BnBoats - Foto Divulgação
Ambiente interno de uma das embarcações disponíveis para locação pela BnBoats - Foto Divulgação

Algumas das embarcações têm conforto semelhante ao de hotéis de luxo. Há opções com suítes espaçosas, camas de casal e de solteiro, salas de estar, banheiros e, dependendo do porte da embarcação, piscina e tobogãs.

De olho nesse nicho, empresas e donos de barcos oferecem veleiros, catamarãs, lanchas e iates, como forma de amenizar o alto custo de manutenção — apenas para deixar um barco parado em uma marina pode ser necessário pagar até R$ 30 mil mensais.

A procura tem aumentado desde meados deste ano, afirmam algumas empresas que operam esse tipo de locação. O serviço de barco-hotel aparece em anúncios de sites de locações de casas. A oferta pode ser atrativa em um país de 7.367km de costa e 35 mil km de vias internas navegáveis, segundo o Ministério do Turismo.

Veleiro em Ubatuba

De acordo com a empresa Angatu, de Ubatuba, é possível alugar um veleiro de médio porte por valores entre R$ 160 a R$ 190 a diária, por casal, sem incluir passeio. Nesse caso, a embarcação fica ancorada na enseada da praia do Itaguá, na região central. A vantagem é a privacidade, já que apenas os hóspedes permanecem no barco. Caso os turistas queiram sair para terra, basta acionar o serviço de táxi-boat disponibilizado pela empresa.

Responsável pelo veleiro Keewi, de 9,44 metros de comprimento, Pamela Jaque, da Angatu afirma: “Se os hóspedes optarem pela hospedagem com passeio e pernoite, um comandante é acionado para conduzir os turistas a algumas praias e ilhas da região”.  A diária, porém, salta para R$ 900. Ainda assim, bem mais em conta que a rede hoteleira.

A quantidade de hóspedes depende do tamanho da embarcação, mas, no caso do veleiro da Angatu, o máximo permitido são seis. Segundo Pâmela, os veleiros desse porte costumam ter até duas cabines fechadas, além das camas de solteiro, que ficam no salão, e o banheiro. Algumas dessas embarcações possuem suítes.

Lancha em Ilhabela

Já os turistas que pretendem passar o ano novo ou Carnaval em Ilhabela, outra empresa que faz locação de embarcações é a BnBoats, considerada o “Airbnb dos barcos”, com mais de 400 modelos no portfólio em todo o litoral brasileiro. As locações partem de R$ 160,00.

Em seu portfólio há embarcações para passeios, pesca, viagens, almoços, jantares, eventos, festas, entre outras atividades. A locação funciona como uma espécie de “Airbnb”, plataforma mundial de locação de residências. A negociação é feita diretamente com os proprietários dos barcos, por intermédio da BnBoats, o que oferece aos clientes mais segurança, inclusive na questão dos pagamentos.

No catálogo, há lanchas pequenas, veleiros, pesqueiros, botes, catamarãs, escunas e até iates, que podem ser locados por amigos ou famílias por hora, períodos (manhã, tarde, noite ou pernoite) ou por dia, por valores acessíveis e que cabem no bolso.

Na região Sudeste, entre as cidades atendidas, estão Angra dos Reis, Arraial do Cabo, Búzios, Cabo Frio, Paraty e Rio de Janeiro, no estado do Rio. No litoral paulista estão Bertioga, Caraguatatuba, Guarujá, Ilhabela, Santos, São Sebastião e Ubatuba. Também há embarcações nas regiões Nordeste (com exceção da Bahia), no Sul (PR, SC e RS), além do Lago Paranoá, em Brasília.

Para alugar um barco, basta o interessado acessar o site da BnBoats (www.bnboats.com), onde há informações sobre os destinos, tipos de embarcações e valores. Marcos Möller, sócio da plataforma destaca que a BnBoats chegou para democratizar o mundo náutico. "Oferecemos centenas de embarcações a valores econômicos, desmistificando a questão de que o setor é para poucos privilegiados”.

Segundo ele, a BnBoats também oferece oportunidade de negócios para proprietários de embarcações, que geralmente ficam a maior parte do ano ociosas, mas que exigem despesas para manutenção e abrigo. “O cadastro na plataforma é simples e oferece aos donos total controle sobre os barcos, com por exemplo,  agendamentos, manutenções, rotas (pequenas ou longas distâncias) e horários”, acrescenta.

“Experiência hiperpositiva”

O arquiteto Ronaldo Lorena Filho, de Campinas, alugou um barco para passar um fim de semana com a família em Ilhabela. Ele disse que investiu R$ 4 mil na experiência de três dias. Velejador há 35 anos —desde os 12—, afirma que já foi dono de barcos de oceano, mas, atualmente, prefere apenas alugar. “Alugando, o barco sempre está limpo, com tudo funcionando, e não tem aqueles custos fixos e aborrecimentos de ter uma embarcação onde você tem que pagar marina, marinheiro, e toda hora quebra uma coisa, por mais novo que o barco seja, sempre tem alguma manutenção pra fazer”, explica.

Outra vantagem citada é que ele pode alugar o barco ‘bear boat’ (pelado), ou seja, sem ‘skipper’ (capitão), por ser habilitado e com currículo náutico. “Foi uma experiência hiperpositiva”. Ronaldo Filho alugou o barco de uma startup espanhola que possui 430 embarcações para locação na costa brasileira, das quais 65 localizadas no litoral norte paulista.

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