Pacotes de Ano Novo e Carnaval, em alguns hotéis, ultrapassam os R$ 15 mil. Alugar um barco para se hospedar pode sair a partir de R$ 160,00 a diária
A corrida para passar o Réveillon e o Carnaval, no litoral norte paulista, começou desde meados do ano, mas, muitos turistas esbarraram nos valores cobrados pelos pacotes. Em alguns hotéis e pousadas da região, o período de cinco dias está sendo comercializado por valores entre R$ 5 mil a R$ 15 mil, com direito apenas a café da manhã.
Para fugir dos altos valores, alguns turistas recorrem à locação de barcos para se hospedar e ainda curtir o Réveillon em alto-mar, privilégio que muitos dos hotéis de luxo não podem oferecer por estarem distantes das praias.
Algumas das embarcações têm conforto semelhante ao de hotéis de luxo. Há opções com suítes espaçosas, camas de casal e de solteiro, salas de estar, banheiros e, dependendo do porte da embarcação, piscina e tobogãs.
De olho nesse nicho, empresas e donos de barcos oferecem veleiros, catamarãs, lanchas e iates, como forma de amenizar o alto custo de manutenção — apenas para deixar um barco parado em uma marina pode ser necessário pagar até R$ 30 mil mensais.
A procura tem aumentado desde meados deste ano, afirmam algumas empresas que operam esse tipo de locação. O serviço de barco-hotel aparece em anúncios de sites de locações de casas. A oferta pode ser atrativa em um país de 7.367km de costa e 35 mil km de vias internas navegáveis, segundo o Ministério do Turismo.
De acordo com a empresa Angatu, de Ubatuba, é possível alugar um veleiro de médio porte por valores entre R$ 160 a R$ 190 a diária, por casal, sem incluir passeio. Nesse caso, a embarcação fica ancorada na enseada da praia do Itaguá, na região central. A vantagem é a privacidade, já que apenas os hóspedes permanecem no barco. Caso os turistas queiram sair para terra, basta acionar o serviço de táxi-boat disponibilizado pela empresa.
Responsável pelo veleiro Keewi, de 9,44 metros de comprimento, Pamela Jaque, da Angatu afirma: “Se os hóspedes optarem pela hospedagem com passeio e pernoite, um comandante é acionado para conduzir os turistas a algumas praias e ilhas da região”. A diária, porém, salta para R$ 900. Ainda assim, bem mais em conta que a rede hoteleira.
A quantidade de hóspedes depende do tamanho da embarcação, mas, no caso do veleiro da Angatu, o máximo permitido são seis. Segundo Pâmela, os veleiros desse porte costumam ter até duas cabines fechadas, além das camas de solteiro, que ficam no salão, e o banheiro. Algumas dessas embarcações possuem suítes.
Já os turistas que pretendem passar o ano novo ou Carnaval em Ilhabela, outra empresa que faz locação de embarcações é a BnBoats, considerada o “Airbnb dos barcos”, com mais de 400 modelos no portfólio em todo o litoral brasileiro. As locações partem de R$ 160,00.
Em seu portfólio há embarcações para passeios, pesca, viagens, almoços, jantares, eventos, festas, entre outras atividades. A locação funciona como uma espécie de “Airbnb”, plataforma mundial de locação de residências. A negociação é feita diretamente com os proprietários dos barcos, por intermédio da BnBoats, o que oferece aos clientes mais segurança, inclusive na questão dos pagamentos.
No catálogo, há lanchas pequenas, veleiros, pesqueiros, botes, catamarãs, escunas e até iates, que podem ser locados por amigos ou famílias por hora, períodos (manhã, tarde, noite ou pernoite) ou por dia, por valores acessíveis e que cabem no bolso.
Na região Sudeste, entre as cidades atendidas, estão Angra dos Reis, Arraial do Cabo, Búzios, Cabo Frio, Paraty e Rio de Janeiro, no estado do Rio. No litoral paulista estão Bertioga, Caraguatatuba, Guarujá, Ilhabela, Santos, São Sebastião e Ubatuba. Também há embarcações nas regiões Nordeste (com exceção da Bahia), no Sul (PR, SC e RS), além do Lago Paranoá, em Brasília.
Para alugar um barco, basta o interessado acessar o site da BnBoats (www.bnboats.com), onde há informações sobre os destinos, tipos de embarcações e valores. Marcos Möller, sócio da plataforma destaca que a BnBoats chegou para democratizar o mundo náutico. "Oferecemos centenas de embarcações a valores econômicos, desmistificando a questão de que o setor é para poucos privilegiados”.
Segundo ele, a BnBoats também oferece oportunidade de negócios para proprietários de embarcações, que geralmente ficam a maior parte do ano ociosas, mas que exigem despesas para manutenção e abrigo. “O cadastro na plataforma é simples e oferece aos donos total controle sobre os barcos, com por exemplo, agendamentos, manutenções, rotas (pequenas ou longas distâncias) e horários”, acrescenta.
O arquiteto Ronaldo Lorena Filho, de Campinas, alugou um barco para passar um fim de semana com a família em Ilhabela. Ele disse que investiu R$ 4 mil na experiência de três dias. Velejador há 35 anos —desde os 12—, afirma que já foi dono de barcos de oceano, mas, atualmente, prefere apenas alugar. “Alugando, o barco sempre está limpo, com tudo funcionando, e não tem aqueles custos fixos e aborrecimentos de ter uma embarcação onde você tem que pagar marina, marinheiro, e toda hora quebra uma coisa, por mais novo que o barco seja, sempre tem alguma manutenção pra fazer”, explica.
Outra vantagem citada é que ele pode alugar o barco ‘bear boat’ (pelado), ou seja, sem ‘skipper’ (capitão), por ser habilitado e com currículo náutico. “Foi uma experiência hiperpositiva”. Ronaldo Filho alugou o barco de uma startup espanhola que possui 430 embarcações para locação na costa brasileira, das quais 65 localizadas no litoral norte paulista.