Roteiro de bike inclui atrativos incríveis, com belas praias, exposições ao ar livre, antigas fazendas e imersão na história do arquipélago
Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, um dos destinos turísticos mais visitados do país, reúne milhares de visitantes durante o período de Carnaval, que este ano ocorre de 1 a 5 de março. Mas devido às suas características geográficas, fica lotada, já que possui sistema viário frágil, que resulta em congestionamentos e falta de locais para estacionamento. Por isso, selecionamos alguns atrativos para quem quer fugir da folia e de praias lotadas; a dica é percorrer o lado continental da ilha de bike.
Sim, a melhor forma para explorar a ilha, de ponta a ponta, sem perder horas no trânsito, é pedalar por sua ciclovia, que praticamente liga a região norte à região sul. O roteiro passa por antigas fazendas, exposições ao ar livre, paisagens naturais para contemplação e opções de bem-estar. Quem não pode levar uma bike na viagem pode alugar o equipamento em alguns receptivos turísticos existentes na ilha.
A partir da praia do Perequê, onde está concentrada a maioria das locadoras, é possível pedalar até o centro turístico-histórico, conhecido como Vila, em percurso de quatro quilômetros. Pelo caminho, contemple as belas praias da ilha, como a do próprio Perequê, com seus coqueiros que emolduram o cenário; e a do Itaquanduba, com enormes pedras na beira do mar e árvores que produzem uma vasta área de sombra, providenciais neste calor.
Aproveite e dê uma paradinha no mirante do morro da Cruz para contemplar a bela paisagem do lugar. O morro (na verdade uma leve subida e descida na avenida principal) divide as praias do Perequê e Itaguaçu. O pôr do sol visto dali é incrível. A partir da praia de Itaquanduba, a ciclovia desvia do ambiente urbano e passa apenas pelas praias, como a do Itaguaçu, até chegar no Saco da Capela, onde a ciclovia volta para o cenário urbano, mas com uma bela vista para o mar, com centenas de lanchas, iates e veleiros pela orla.
Na praia do Engenho D´Água, a ciclovia passa ao lado de uma exposição ao ar livre, localizada em um jardim entre uma antiga fazenda e o mar. O conjunto de esculturas mostra Jesus Cristo no Calvário, assim como outras representações religiosas. As 46 peças, produzidas pelo artesão local Gilmar Pinna, chegam a medir quase três metros de altura e foram produzidas em aço inox. Algumas pesam cerca de 300kg.
Atravessando a avenida, aproveite para conhecer a Fazenda Engenho d’Água, construída entre o final do século XVIII e início do XIX, época em que a produção açucareira no litoral norte ganhava expressão. Originalmente, foi uma fazenda de cana-de-açúcar com engenho d’água. Como muitos outros engenhos, em Ilhabela, passou a produzir cachaça, até se tornar a principal atividade de produção.
Antes de chegar no centro, a ciclovia ainda passa por um dos mais belos cenários de Ilhabela, a praia do Saco da Capela, cuja orla é repleta de barcos, veleiros e iates, que compõem um cenário digno de praias do Havaí.
A ciclovia ainda passa pelo centro histórico e segue até o mirante do Barreiro, já no norte de Ilhabela, trajeto de cerca de 3km. No centro, dê uma paradinha para se refrescar; há bares, quiosques e sorveterias para uma água de coco ou suco natural. Se preferir, há um chafariz cuja água jorra do chão, que é excelente para espantar o calor.
Aproveite para conhecer um pouco da história e da cultura do lugar, como a igreja matriz de Nossa Senhora D´Ajuda, construída entre 1697 e 1718, no período colonial; e o museu Náutico, que registra a história de diversos naufrágios ocorridos em Ilhabela, entre eles, o Príncipe de Astúrias, considerado o “Titanic brasileiro”.
Ainda na Vila, aproveite para voltar no tempo ao fotografar os canhões existentes no jardim de frente para o mar, ao lado da entrada do píer. Eles estão apontados para o lado de São Sebastião e eram utilizados por refugiados em Ilhabela, no século XIX, para proteger a ilha da invasão dos piratas que se aproximavam pelas águas do canal de São Sebastião. Você estará diante de peças monumentais da artilharia Imperial Portuguesa, com datas de 1526, 1531 e 1540.
A partir da Vila, sentido norte, a ciclovia aparece apenas em alguns trechos da avenida principal, devido ao afunilamento do leito carroçável. Mas é possível chegar até a praia de Santa Tereza, conhecida por seu bucolismo e pelas canoas coloridas dos pescadores artesanais. O trajeto inclui ainda a belíssima praia do Barreiro, repleta de coqueiros e palmeiras, com suas águas verdes cristalinas; a praia do Pinto, que possui um pequeno trecho de areia; a praia de Pacuíba, também tranquila e bucólica, além da praia da Pedra do Sino, conhecida por suas pedras que emitem sons de sinos de igreja, quando tocadas com outras pedras.
A ciclovia que atravessa Ilhabela também chega até a região sul do arquipélago, mas, alguns trechos são interrompidos pelo leito carroçável estreito. Da praia do Perequê, onde se encontram as locadoras de bike, até a praia do Curral, são 9km de extensão. Os trechos passam pela ilha Das Cabras, um paraíso ecológico marinho e considerado meca do mergulho no Brasil; a escondida praia do Veloso, a praia do Portinho, que possui um píer do qual é possível ver tartarugas marinhas; a Praia Grande, com suas areias fofas e estrutura de restaurantes e quiosques, finalizando na praia do Curral, a mais badalada de Ilhabela.
Por todos os lugares onde a ciclovia passa, são observados cenários incríveis, capelas, diversos mirantes para contemplação do mar, muita natureza em meio à Mata Atlântica e praias com águas que parecem piscina. Em alguns trechos, a ciclovia passa por pontes de madeira e, em algumas praias, tem até ducha de água doce para refrescar entre uma pedalada e outra.