TURISMO HISTÓRICO

7 patrimônios no litoral de SP garantem viagem pela história do Brasil; veja quais são

Antigas construções no litoral guardam panorama dos aspectos construtivos, tecnológicos, estratégicos, históricos, culturais e geográficos do país

Eleni Nogueira
Publicado em 24/03/2025, às 11h27

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Canhão da Fortaleza de Itaipu em posição estratégica para defesa - Arquivo / CN
Canhão da Fortaleza de Itaipu em posição estratégica para defesa - Arquivo / CN

Todos os anos, milhões de pessoas descem a serra sentido litoral paulista, atraídos pelas belezas de suas praias e trilhas ecológicas, em meio à exuberante Mata Atlântica. Mas, há muito a se visitar, a exemplo dos patrimônios históricos que preservam parte da história do Brasil, localizados em Santos, Praia Grande, Guarujá e Bertioga. Construídos entre os séculos XVI e XX, estes patrimônios guardam um panorama resumido dos  aspectos construtivos, tecnológicos, estratégicos, históricos, culturais e geográficos do país.

Santos preserva a história do Forte Augusto, também erguido no século  XVII. A fortaleza foi destruída durante batalha, no fim do século XIX, dando lugar ao casarão construído em 1908, que hoje abriga o Museu de Pesca, atualmente fechado para reforma (veja detalhes abaixo). Outro patrimônio da cidade é a Casa do Trêm Bélico, que teria sido construída para armazenar arsenal de guerra. Em Praia Grande está a Fortaleza do Itaipu, construída no início do século XX, em área ocupada por três sítios - Itaipu, Prainha e Itaquitanduva.

Em Guarujá, município geograficamente desenhado pela natureza em forma de dragão, foram construídas quatro fortalezas. Na cabeça do animal está a Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande e, sobre a cauda, as ruínas do Forte São Felipe, que formam  um conjunto erguido no século XVI. Na parte mais “central” da figura mitológica estão o Forte dos Andradas, do século XX, e o Forte do Itapema, cuja primeira construção data do século XVI, localizada no distrito de Vicente de Carvalho e atualmente fechado. Em Bertioga, é possível conhecer o local que abrigou a primeira fortaleza militar construída no Brasil, em 1532: o Forte São João. Conheça os detalhes de cada um e quais estão abertos à visitação. 

Fortaleza Itaipu
Fortaleza de Itaipu - Fred Casagrande/Prefeitura de Praia Grande

Fortaleza de Itaipu - Construída no início do século XX, em  área ocupada por três sítios (Itaipu, Prainha e Itaquitanduva). No fim do século passado, passou por modernização operacional, incorporando os Lançadores Múltiplos de Foguetes – Astros II, de origem nacional, material de última geração de artilharia, que se destaca pela mobilidade, cadência de tiro e poderio de destruição.

A Fortaleza de Itaipu é composta por três fortes - Duque de Caxias, Jurubatuba e Rego Barros, todos desativados. A gestão da Fortaleza de Itaipu está sob o comando do 2º Grupamento de Artilharia Antiaérea do Exército Brasileiro, que não divulgou dias e horários de visitação, embora tenha afirmado que há a possibilidade em períodos específicos. A reportagem aguarda informações e o conteúdo será atualizado, quando houver. 

museu de pesca
Museu de Pesca ocupa área onde havia o Forte Augusto - Luciana Sotelo / Arquivo CN

Forte Augusto – Construído no século XVII, o Forte Augusto foi destruído em batalha no fim do século XIX, dando lugar ao casarão que abriga o Museu de Pesca, atualmente fechado para reforma. Dos jardins da construção, de 1908, destacam-se os portões de ferro e um canhão, da Fortaleza da Barra Grande.  

Para o Costa Norte, a diretora do Museu de Pesca, Renata Esper, informou que já foram realizadas obras de restauro das instalações hidráulicas e elétricas e o desenvolvimento do Plano Museológico. A fase atual é a elaboração do projeto básico para o restauro e reparos gerais do edifício, mas ainda não há uma data definida para o início das próximas obras, pois o processo passa por ajustes.

Questionada sobre se haverá novos atrativos no museu, a diretora disse: “Temos o objetivo de aprimorar nossa estrutura expositiva de acordo com o Plano Museológico, para melhor atender ao público. Esse aprimoramento demanda recursos específicos para viabilizar futuros projetos”.

A Casa do Trem Bélico
Único patrimônio da lista que não é uma fortaleza, Casa do Trem Bélico é monumento nacional - Foto Tadeu Nascimento

Casa do Trem Bélico - Considerado o prédio público mais antigo de Santos, a Casa do Trem Bélico não é um forte, mas pode entrar para essa lista de patrimônios de defesa.  De 1910 a 1945, abrigou a corporação militar Tiro de Guerra nº 11. Classificada a partir de 1937 como Monumento Nacional, foi construída entre 1640 e 1656. Porém, há controvérsias, alguns dizem que foi em 1734.

Localizada ao lado do Outeiro de Santa Catarina, o local teria sido construído para armazenar o arsenal de guerra, destinado aos fortes localizados na entrada das barras de Santos e Bertioga, que protegiam a Vila de Santos contra ataques de indígenas e  piratas. Sua estrutura interna é conhecida como falsa-tesoura, por causa do método usado para sustentação do telhado. No pavimento térreo, há três amplos salões, separados por portas e grades de ferro, e no andar superior, dois salões. As paredes, feitas com uma mistura de pedra, cal de sambaqui e óleo de baleia, têm cerca de 90cm de espessura. O local pode ser visitado gratuitamente de quarta-feira a sábado, das 10h às 16h30, na rua Tiro Onze nº 11, no centro histórico.

Fortaleza da Barra Grande
Fortaleza da Barra Grande, no Guarujá, pode ser vista a partir da Ponta da Praia, em Santos - Pedro Rezende/Arquivo CN

Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande - Está localizada na região sudoeste da ilha de Santo Amaro, Guarujá, entre as praias do Góes e Santa Cruz dos Navegantes, às margens do estuário de Santos. Foi construída no século XVI para defender a Vila de Santos de ataques de corsários e piratas, entre eles, o pirata inglês Edwar Fewton, em 1584.

Durante o século XVII, a fortaleza serviu como presídio político dos oposicionistas da Coroa Portuguesa. Em 1911, suas baterias foram desativadas e transferidas para o Forte Itaipu. A fortaleza, a única fortificação espanhola fora dos domínios da Espanha, foi tombada pelo Iphan e passou por processo de restauração. O acesso pode ser feito por Santa Cruz dos Navegantes ou por barco, com saída pela Ponte dos Práticos, em Santos.

Está aberto para visitação de terça a sexta-feira, das 9h às 17h; aos sábados, das 10h às 16h; e, aos domingos, das 9h às 15h. Para o agendamento prévio ou mais informações, basta entrar em contato pelo telefone: (13) 3384 6194 e pelo e-mail: [email protected]. A fortaleza fica na rua Messías Borges, 380, em Santa Cruz dos Navegantes.

Forte dos Andradas
Entrada do Forte dos Andradas, no Guarujá - Helder Lima/Portal de Turismo prefeitura de Guarujá

Forte dos Andradas – É um dos mais exuberantes pontos turísticos de Guarujá. Inicialmente chamado de Forte do Monduba, começou a ser construído em 1934, mas só foi inaugurado no fim de 1942. Fazia parte da defesa do porto de Santos, durante a Segunda Guerra Mundial (1939/1945), com intuito de proteger a entrada da baía de Santos ao sul da ilha de Santo Amaro.

A denominação de Forte dos Andradas foi uma homenagem aos irmãos Andradas, que tiveram papel de destaque na história nacional. Dotado de quatro obuseiros de 240mm  e um complexo eficiente de  sistema de tiros, o forte encontra-se a uma altitude de 300 metros do nível do mar. O acesso é por uma estrada pavimentada, de dois quilômetros.

O local abriga um túnel, no alto do morro, com cerca de 500 metros de extensão, no qual encontram-se câmaras e elevadores destinados ao transporte da munição para os obuseiros. As instalações são conservadas pela 1ª Brigada de Artilharia no Guarujá, que permite visita às dependências com passeios monitorados gratuitos às terças, quintas e sextas-feiras, e, aos finais de semana. Os horários disponíveis são: das 9h30 ao meio dia, e das 14h30 às 17 horas; a visita deve ser agendada previamente pelo telefone (13) 3354 2916 e pelo e-mail: [email protected]. O forte fica na rua Marechal Emilio Mallet, n°1.000, Jardim Guaiuba.

Forte do Itapema
Forte do Itapema, no Guarujá  - Luciana Sotelo/Arquivo CN

Forte do Itapema -  Construído, em Guarujá, pelos portugueses como ponto estratégico de defesa do estuário da antiga Vila de Santos, em meados do século XVI. A única informação exata sobre a fortaleza é uma escritura lavrada em 1753, mas historiadores dizem que o local teria passado pela primeira restauração em 1723. Também há controvérsias sobre seu primeiro nome (Fortim do Itapema, Forte Pinhão de Vera Cruz de Itapema ou  Santa Cruz de Itapema).

Em 1888, um incêndio quase o destruiu totalmente. Em 1905, suas instalações foram cedidas pela Intendência Geral de Guerra à Alfândega. Em 1982, o forte foi tombado pelo Condephaat. O monumento está fechado à visitação pública.

Forte São Felipe
Ruínas do Forte São Felipe, à margem do canal de Bertioga - Arquivo CN

Forte de São Luiz  - Construído em Guarujá, no ano de 1552, para proteção do canal de Bertioga. O nome foi alterado para Forte São Luiz, em 1765. Pouco existe da grande fortaleza de pedra, construída pelo capitão-mor Braz Cubas, hoje em ruínas, em frente ao Forte São João. Apenas resistiram ao tempo as muralhas de granito, uma guarita, marcando o ângulo Sul, e um poço interno.

O primeiro artilheiro do Forte de São Felipe foi o alemão Hans Staden, que ficou mundialmente famoso, pois, ao voltar à Europa, escreveu um livro narrando as aventuras vividas no Brasil. Segundo a história, ele quase foi devorado pelos índios tupinambás. Do século XVII ao XIX, foi a sede do Real Contrato da Armação das Baleias, onde eram recolhidos todos os apetrechos utilizados para a captura e processamento do óleo extraído do mamífero, utilizado para iluminação e construção.

Na mesma área estão as ruínas da Capela de Santo Antônio de Guaibê, conhecida como Ermida do Guaibê. O acesso é pela trilha que inicia ao lado da travessia de balsas Guarujá-Bertioga, no final da estrada Ariosvaldo de Almeida Viana. 

Forte São João
Forte São João à margem do canal de Bertioga - Heloísa Sacaldassy

Forte São João - Localizado em Bertioga, é a primeira fortaleza militar erguida no país. Construído em 1532,  em paliçada de madeira, teve inicialmente o nome de São Tiago. Localizado em ponto estratégico, tinha como função proteger a Vila de São Vicente de ataques de índios, piratas e inimigos. Em 1547, foi incendiado durante um ataque dos índios tupinambás. No mesmo ano, foi reconstruído em alvenaria.

Em 1765, recebeu o nome de Forte São João, devido à construção de uma capela, que recebeu o nome do santo. Em 1940, foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), sendo restaurado cinco anos mais tarde pelo órgão. A partir de 1962, ficou sob a guarda do Instituto Histórico e Geográfico Guarujá-Bertioga (IHGGB), que instalou em seu interior o Museu João Ramalho, para exposição de réplicas de objetos antigos.

Devido à falta de infra-estrutura, em 1996, o Iphan novamente retomou o forte, que ficou fechado em função de suas condições precárias. O local passou por nova restauração, sendo reaberto ao público em 22 de abril de 2000, por ocasião das comemorações dos 500 Anos do Brasil. Toda área em torno do forte também foi revitalizada e transformada no Parque Tupiniquins, inaugurado em abril de 2004 e recentemente reformado.

Abre para visitação de terça-feira a domingo, das 9h às 18h, com entrada gratuita; em caso de visitação em grupo, é necessário fazer agendamento com pelo menos 10 dias úteis de antecedência, pelo endereço eletrônico [email protected]. O forte fica na avenida Vicente de Carvalho, s/n, no Centro.

Eleni Nogueira

Eleni Nogueira

Jornalista formada em Comunicação Social na Universidade Braz Cubas

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