Polícia Civil descartou participação de um homem negro, que fora apontado como o primeiro suspeito de ter cometido o crime
Rodrigo Florentino
Publicado em 27/02/2025, às 14h57
A Polícia Civil indiciou, na quarta-feira (26), um torcedor de 28 anos suspeito de cometer injúria racial contra o goleiro Tom Cristian, da Portuguesa Santista. O ato ocorreu durante partida contra o São José, em 20 de fevereiro, no estádio Ulrico Mursa, em Santos, litoral de SP, na Série A2 do Campeonato Paulista.
A informação é da Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP), que explicou que a identificação do suspeito foi feita por meio da análise de imagens, consultas a sistemas policiais e depoimentos de testemunhas. Com os elementos colhidos, a autoridade policial determinou o indiciamento do investigado.
O torcedor foi indiciado por injúria racial (artigo 2º-A da Lei 7.716/1989) e pelo delito de promover tumulto em evento esportivo (artigo 201, da Lei Geral do Esporte). Em caso de condenação, a pena pode variar de quatro a nove anos e seis meses de prisão. A Polícia Civil também descartou a participação de um homem negro, o primeiro torcedor apontado como suspeito, após depoimento prestado no 2º DP de Santos.
As ofensas começaram após o terceiro gol do São José, aos 31 minutos do segundo tempo. O atleta avisou o juiz Henrique Otto Cruz Hengstmam que escutava insultos raciais vindos da arquibancada na qual estavam torcedores da Portuguesa Santista. Segundo a súmula do jogo, Tom Cristian foi chamado de "macaco", "filho da p***" e de "preto". Além dele, outros quatro atletas da Briosa relataram ouvir ofensas racistas.
Na época, o goleiro Tom Cristian se pronunciou nas redes sociais: "Mas até quando iremos viver casos deste tipo? Até quando este tipo de crime será levado adiante? A poucos metros do Ulrico Mursa, o maior jogador de todos os tempos, o rei Pelé, um negro, fez a alegria de todos os brasileiros 'através' deste esporte". O atleta disse, ainda: "Temos de seguir na luta para que a cor da pele não seja motivo de inferiorização das pessoas, não só no esporte, mas na sociedade em geral. As medidas cabíveis já estão sendo tomadas para que os culpados sejam punidos!".
Já a Portuguesa Santista repudiou o episódio de racismo relatado pelo goleiro Tom e afirmou estar "debruçada em identificar os envolvidos no episódio, para que sejam punidos em conformidade com a lei". A Federação Paulista de Futebol (FPF) emitiu nota na qual explica que o caso será encaminhado às autoridades competentes, para que providências sejam tomadas, e os indivíduos que cometeram o crime "sejam punidos com o maior rigor da lei". A FPF disse também que o caso foi direcionado ao Tribunal de Justiça Desportiva (TJD), e que profissionais prestaram atendimento e o acolhimento necessário.
Rodrigo Florentino
Formado em Comunicação Social na Univesidade Santa Cecília (UniSanta)