Manifestação em apoio às ações policiais está prevista para sábado (9), em Santos; letalidade por parte da polícia divide opinião
A 3ª fase da Operação Verão, no litoral de São Paulo, intensificada após o assassinato de três policiais em janeiro de 2024, já resultou em 837 prisões, 577kg de drogas apreendidas e 90 armas retiradas de circulação. No entanto, a letalidade da operação, com 39 mortes em confronto, gerou divergências entre o ouvidor da polícia, Cláudio Aparecido da Silva, e a Secretaria de Segurança Pública.
Um ato em favor da operação está previsto para 9 de março, na praça das Bandeiras, em Santos. Os deputados Capitão Telhada (PP) e Tenente Coimbra (PL) confirmaram presença na manifestação em apoio à ação policial e às vítimas de crimes. “Atendendo ao convite dos moradores da Baixada Santista, confirmo presença neste ato pela continuidade das operações no litoral paulista. Pela defesa do cidadão de bem, pelos nossos heróis policiais e contra o crime, nós estaremos lá, juntos com a população", disse Telhada.
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Familiares de mortos em confronto com a polícia protestaram pacificamente, no fim de semana, com faixas como 'Não existe confronto quando só um lado atira', a população pedia o fim da operação policial na região. Cláudio Aparecido acompanhou o protesto e visitou comunidades da Baixada Santista.
Em entrevista à imprensa, o ouvidor afirma ter encontrado indícios de irregularidades na Operação Verão. Ele diz que os boletins de ocorrência das mortes são "copia e cola", e que os moradores das comunidades estão sofrendo intimidação e medo de represálias. "Os boletins de ocorrência são todos iguais, com frases idênticas. Isso levanta a suspeita de que não houve investigação rigorosa", disse Silva.
Em São Vicente, o ouvidor obteve um vídeo o qual mostra policiais invadindo um sepultamento de uma vítima da operação. Em Cubatão, seis testemunhas relataram o clima de medo na Vila dos Pescadores.
Procurada, a SSP informou que as forças de segurança do estado de São Paulo são instituições legalistas, que atuam no estrito cumprimento do seu dever constitucional. Afirma que nenhum dos relatos citados foi formalizado junto às corregedorias das polícias, que estão à disposição para apurar toda e qualquer denúncia contra agentes públicos, reafirmando o compromisso com a legalidade, os direitos humanos e a transparência.
A SSP disse, ainda, que os casos de morte decorrente de intervenção policial (MDIP) são consequência direta da reação violenta de criminosos à ação da polícia, no combate ao crime organizado, que tem presença na Baixada Santista e já vitimou três policiais militares desde 26 de janeiro. A opção pelo confronto é sempre do suspeito, colocando em risco a vida do policial e da população.
E finaliza, afirmando que as ocorrências de mortes em confronto tiveram apreensão de armas usadas pelos criminosos, para atacar os agentes de segurança. Os casos são rigorosamente investigados pela Polícia Civil e Militar, com acompanhamento do Ministério Público e Poder Judiciário.