Família afirma que houve negligência e violência obstétrica. Conselho Regional de medicina diz que pode abrir investigação rigorosa e hospital anunciou afastamento de médico
A morte de um bebê de 33 semanas durante o parto na maternidade do hospital municipal de Bertioga motivou uma manifestação em frente à unidade médica na noite de ontem (28). Durante o ato, familiares da criança e outras mulheres exigiram providências da unidade médica. “Começamos um caminho por justiça”, disse Samara Monteiro, irmã da parturiente.
Questionado, o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) informou que não recebeu denúncia em relação ao caso, mas adiantou: “Caso o Conselho receba uma denúncia, a autarquia iniciará uma investigação rigorosa dos fatos”.
Samara afirma que a família registrou um boletim de ocorrência, tem intenção de judicializar e avalia formalizar uma denúncia ao Cremesp. O boletim de ocorrência foi registrado na Delegacia de Bertioga como morte suspeita, sem causa determinante aparente.
Morte de bebê no parto motiva protesto contra hospital de Bertioga
— Portal Costa Norte (@costanortenews) August 29, 2023
Autônoma de 25 anos entrou em trabalho de parto no hospital e não viu filho vivo; familiar afirma que ela foi vítima de violência obstétrica; Conselho Regional de medicina diz que pode abrir investigação. pic.twitter.com/Tkdc9EWvZh
O INTS (Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde), que administra o hospital, disse que afastou preventivamente o médico acusado das violências e que abriu uma investigação interna para apurar as circunstâncias do caso.
A Secretaria de Saúde de Bertioga informou que o Serviço de Verificação de Óbito (SVO) encaminhou o caso para o IML; o laudo deve sair em até 90 dias.
Em entrevista na segunda-feira (28), Samara relatou que na noite de sexta-feira (25) sua irmã Sabrina Monteiro Aguiar de 25 anos entrou em trabalho de parto e foi atendida na maternidade do HM de Bertioga. Seu filho Akin Ayo morreu durante o procedimento. A criança foi enterrada no domingo. Abalada física e emocionalmente, Sabrina não pôde conceder entrevista.
Samara, que é doula e ativista do parto humanizado, acusa a equipe que fez o parto, especialmente o ginecologista responsável pelo procedimento, de negligência e violência obstétrica contra a irmã.
“É uma dor imensa. No pré-natal, antes do parto, o bebê estava bem, estava com batimentos bons. Então não dá pra saber o que aconteceu ali”, lamenta. Ela também relata que o médico responsável usou fórceps, insistiu em fazer um corte perineal não autorizado pela irmã e induziu o rompimento da bolsa.
Ela acrescenta que o médico, além de insultar sua irmã durante o parto, a responsabilizou pela morte do próprio filho. Segundo Samara, o médico disse à Sabrina que a culpa pela morte de Akin era dela.