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Atobá-pardo com rara coloração branca passa por reabilitação em Guarujá

À primeira-vista, pode-se acreditar que o animal é albino, porém, quando analisado mais de perto, é possível identificar o motivo da coloração branca

Mayumi Kitamura
Publicado em 23/05/2024, às 08h58

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Atobá-pardo de coloração branca foi resgatado em Guarujá - Divulgação/Gremar
Atobá-pardo de coloração branca foi resgatado em Guarujá - Divulgação/Gremar

Um atobá-pardo (Sula leucogaster) tem chamado a atenção na costa do litoral paulista. Isso porque, normalmente, essa espécie adulta tem plumagem marrom-escura e, no caso particular deste exemplar, a plumagem é totalmente branca. Se você, assim como eu, pensou se tratar de um animal albino, sinto dizer, mas errou.

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No caso desse atobá,  trata-se de leucismo, comenta a bióloga Rosane Farah, responsável pelo Instituto Gremar. “É a primeira vez que o Gremar encontra esta espécie com leucismo, e, provavelmente, é o primeiro registro na costa do estado de São Paulo. Já foram documentadas diversas aves marinhas com leucismo, que é o caso dele, mas é raro nas famílias dos atobás”, destaca.

Mas, no que o leucismo difere do albinismo? O próprio Gremar fez uma postagem sobre o tema, e destacou algumas características que diferenciam as duas anomalias cromáticas. Separamos duas importantes, neste caso: no albinismo, os olhos dos animais são rosados ou vermelhos - no leucismo, a coloração é normal; além disso, os indivíduos albinos têm ausência total de pigmentação no corpo, incluindo os olhos, já os leucísticos, possuem ausência parcial de pigmentação no corpo.

Infelizmente, a análise detalhada deste atobá-pardo, de coloração branca, ocorreu após dar entrada no instituto, no qual  passa por reabilitação. Rosane explica que já havia recebido fotos e vídeos que registraram a ave, semanas antes do resgate, quando aparentava estar bem, no entanto, passado o tempo, ele apresentou quadro de exaustão. Após o resgate, na praia do Sangava, em Guarujá, foram constatadas baixa pesagem e musculatura, por isso, passou por exames e atendimento com veterinários. Agora, ele já responde melhor ao tratamento, inclusive, se alimenta e pesca sozinho. Ele passa por fisioterapia, para fortalecimento da musculatura peitoral e, assim que estiver completamente recuperado, poderá retornar ao seu habitat.

Triste notícia

Para quem via a ave em boa forma, no mar, a notícia de que ela foi encaminhada para reabilitação foi recebida com tristeza. O pescador Ronei Peterson reconheceu o atobá, que sempre vinha perto da embarcação, pelos belos olhos azuis, e conta a sua experiência com o animal raro. “Na minha vida inteira de pesca, nos meus 41 anos de mar, é o primeiro atobá branco que vi na vida, meus irmãos de pesca também nunca viram”, destaca. Admirador das aves, ele conta que a relação do exemplar branco com os demais atobás era de maior distanciamento, e que ele era mais solitário.

IUm dos registros do atobá no mar feitos por Ronei Peterson
Um dos registros do atobá no mar feitos por Ronei Peterson

Peterson relata que esse atobá apresentava comportamento mais arisco que os demais, por isso, ele acredita que ele estava realmente muito debilitado para se deixar ser resgatado. “Fico triste por ele estar em [estado de] reabilitação, mas feliz que está no Gremar, que eles têm muito carinho pelos animais. Espero que ele volte para a natureza logo”, finaliza.

Instituto Gremar

O Gremar é uma organização não governamental pioneira, fundada em Guarujá (SP), em 2002. A atuação do instituto ocorre por meio de equipes multidisciplinares, no monitoramento ambiental e reabilitação de animais vitimizados, atividades de educação ambiental em espaços formais e não formais e atendimento a emergências ambientais com fauna marinha e silvestre.

Mayumi Kitamura

Mayumi Kitamura

Jornalista formada na Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp - Guarujá) e técnica em Processamento de Dados. Atua na área de comunicação há mais de 20 anos.

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