Criado após a tragédia climática de 2023, programa já formou mais de 2 mil alunos em São Sebastião; a meta é ampliar o projeto para os 645 municípios paulistas
Redação
Publicado em 22/05/2025, às 11h05
O projeto Escolas Seguras, desenvolvido pelo Instituto Conservação Costeira (ICC), será apresentado como proposta de política pública estadual durante reunião extraordinária do Conselho Estadual de Mudanças Climáticas de São Paulo, nesta quinta-feira (22), no auditório Augusto Ruschi, na capital paulista. A meta é ampliar a ação para todos os 645 municípios do estado, como ferramenta de educação climática, prevenção de riscos e preparação comunitária para desastres.
A iniciativa nasceu como uma medida para evitar tragédias como a ocorrida no Carnaval de 2023, que deixou 64 mortos no litoral norte, a maioria na Vila Sahy, em São Sebastião. O projeto é um desdobramento do premiado Restaura Litoral, focado na regeneração ambiental das áreas atingidas, e atua como seu braço educacional, formando jovens lideranças em comunidades vulneráveis.
Atualmente presente em escolas públicas de bairros como Camburi, Juquehy, Maresias, Barra do Sahy, Boiçucanga e Baleia Verde, o Escolas Seguras capacitou mais de 2 mil estudantes em 2024. A meta para 2025 é dobrar esse número. O conteúdo inclui oficinas práticas sobre risco geológico, vegetação, cartografia social, uso de pluviômetros, história oral e elaboração de planos de contingência escolar, além de saídas de campo para unidades de conservação.
A ação também tem reconhecimento nacional. Vencedor dos 1º e 2º lugares do prêmio de Boas Práticas em Redução de Riscos de Desastres, promovido pelo Cemaden Educação, o projeto já foi apresentado em fóruns da Cetesb e da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Também foi destaque em reportagens da CNN Brasil, Globoplay, Deutsche Welle e Estadão.
Integrante do programa Restaura Litoral, o Escolas Seguras está ancorado em um dos projetos ambientais mais inovadores do país, que já regenerou 203 hectares da Mata Atlântica com cápsulas de sementes biodegradáveis lançadas por drones. O Restaura recebeu prêmios internacionais como o Global Good Awards (Reino Unido), German Innovation Award, Green World Awards (EUA) e o Innovation Awards 2025, pela sua abordagem tecnológica com impacto socioambiental.
A apresentação no conselho será feita no contexto da Coalizão Verde SP, frente de ONGs que defendem justiça climática e escuta territorial. O ICC, responsável pelo projeto, foi eleito a Melhor ONG de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Brasil em 2024 e atua há mais de uma década no litoral norte com projetos de conservação, regularização fundiária e educação comunitária.
Fernando Amorim, coordenador de educação climática do ICC, pontua: “Não podemos controlar o volume da chuva, mas podemos preparar nossas crianças para enfrentá-la com coragem, técnica e solidariedade”.
