Órgão entende que Bolsonaro se aproximou de forma não intencional, mas que essa aproximação poderia representar um risco a sua segurança
Rodrigo Florentino
Publicado em 31/03/2025, às 16h09
O Ministério Público Federal (MPF) arquivou inquérito contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, em denúncia de suposta importunação contra uma baleia jubarte em São Sebastião, litoral de SP, enquanto andava de jet-ski. O caso foi em junho de 2023. O MPF entende que Bolsonaro se aproximou de forma não intencional, mas que tal aproximação poderia representar um risco a sua segurança.
“Não se pode deixar de considerar que uma aproximação, a uma distância tão pequena como a que se constatou nos autos, poderia colocar em risco a própria vida dos envolvidos, de modo que não é desarrazoada a alegação que fizeram, no sentido de que a conduta de se aproximar do animal não foi intencional”, diz o órgão. Em março do ano passado, a Polícia Federal (PF) também concluiu que não iria indiciar o ex-presidente e seu advogado, Fábio Wajngarten.
Advogado que representa Bolsonaro, Paulo Cunha Bueno, comentou a decisão em seu perfil na rede social X (ex-Twitter). "A eminente procuradora da República, subscritora do parecer, acolheu [...] as razões que articulamos como linha de defesa durante as diligências da Polícia Federal". "Absurdo daquela apuração e a mobilização da máquina estatal na direção de um episódio nitidamente sem qualquer repercussão jurídica, mas que, no entretanto, foi amplamente explorado pelo ambiente político”, disse Paulo.
Vídeos que circularam nas redes sociais mostram uma pessoa em uma moto aquática, perto de uma baleia jubarte, em junho de 2023, em São Sebastião. Para a PF, o ex-presidente Jair Bolsonaro seria o condutor do jet ski em questão. A pedido do Ibama, em 17 novembro de 2023, o Ministério Público Federal informou que acompanharia o inquérito policial da PF, por suposto importunamento de uma baleia, com base na Lei 7.643, de 18 de dezembro de 1987.
Segundo a procuradora do caso, Marília Soares, o jet ski “com motor ligado chegou a aproximadamente 15 metros” do animal, que estava na superfície. Em 27 de fevereiro do ano passado, Bolsonaro e Wajngarten prestaram depoimento à PF, na capital paulista. Daniel Tesser, advogado que representa o ex-presidente disse, após o depoimento, que Bolsonaro assistiu a um vídeo que consta no inquérito e confirmou que era ele na moto aquática, mas negou que tenha importunado a baleia.
O ex-presidente ficou por duas horas na sede da PF e saiu por volta das 15h45 sem falar com a imprensa. Segundo Eduardo Kutz, advogado que representou Wajngarten, ele também negou ter importunado o animal e alegou que, no momento, estava consertando outra embarcação, que estava com areia no motor. Kutz afirmou à imprensa, ao sair da sede da PF, que não houve questão que comprometesse o cliente e que considera um absurdo ele ter que depor no caso.
Rodrigo Florentino
Formado em Comunicação Social na Universidade Santa Cecília (UniSanta)