Ações de limpeza envolveram pescadores artesanais e ampliaram a coleta de resíduos em Guarujá, Bertioga e Ubatuba, no primeiro trimestre do ano
O litoral de São Paulo registrou a retirada de 29 toneladas de resíduos marinhos e de manguezais nos primeiros três meses de 2025, segundo dados da Fundação Florestal. O volume representa aumento de 198% em relação ao mesmo período do ano passado, resultado das ações do programa Mar sem Lixo em parceria com pescadores artesanais.
De acordo com a fundação, a iniciativa, criada em 2022, busca combater o descarte irregular de resíduos e fortalecer a inclusão socioeconômica de comunidades tradicionais. Desde 2024, o programa passou a reconhecer a limpeza de manguezais como atividade ambiental remunerada, especialmente durante o defeso do camarão, ampliando o alcance das ações de conservação.
O número de pescadores cadastrados no projeto subiu de 200 para 275 neste ano, com crescimento também no valor dos repasses feitos pelo Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). Entre janeiro e março, foram pagos R$ 137.225 em benefícios, superando os R$ 89.888 repassados no mesmo período do ano passado. Cada pescador recebe até R$ 653 mensais, via cartão-alimentação, como reconhecimento pelo serviço ambiental prestado.
A instituição afirma que a maior parte dos resíduos recolhidos no trimestre — mais de 27 toneladas — veio de mutirões realizados em manguezais e ilhas nos meses de fevereiro e março. O município do Guarujá liderou o volume de material retirado, seguido por Bertioga e Ubatuba. Em janeiro, ainda durante a pesca de camarão com arrasto, pescadores recolheram 1,7 tonelada de resíduos diretamente do mar.
De acordo com a coordenação do programa, o aumento expressivo da coleta reflete a adesão crescente das comunidades locais. “Em 2024, demos um passo inédito ao expandir o PSA para ações em manguezais. Como era uma iniciativa nova, o primeiro ano foi de adaptação”, explica Sandra Leite, coordenadora do Mar sem Lixo.
O programa atua em quatro eixos: o Pagamento por Serviços Ambientais; ações educativas junto às comunidades; produção de dados para políticas públicas e pesquisas científicas e captação de parcerias para expansão da iniciativa. A atuação ocorre em áreas das APAs marinhas do litoral sul, centro e norte, explica a instituição.
Segundo Rodrigo Levkovicz, diretor executivo da Fundação Florestal, a iniciativa reforça a importância de integrar conservação ambiental e fortalecimento das comunidades tradicionais. “Os pescadores se tornam protagonistas da proteção dos nossos mares, gerando impacto positivo não só para a natureza, mas também para a economia local”, afirma. Desde seu lançamento, o Mar sem Lixo já retirou mais de 60 toneladas de resíduos da costa paulista e se consolida como referência em ações de conservação marinha com participação comunitária.