Caninana de aproximadamente 2 metros foi filmada na faixa de areia e, em seguida, desapareceu entre as ondas; biólogo Henrique analisa vídeo
Lenildo Silva
Publicado em 19/09/2024, às 11h56
Uma cobra da espécie Spilotes pullatus, conhecida como caninana, foi filmada em um momento incomum na praia do Cruzeiro, na região central de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. O réptil, de cerca de dois metros de comprimento, foi visto "passeando" pela faixa de areia antes de entrar no mar e desaparecer entre as ondas. As imagens, registradas na feira de artesanato, localizada próxima à praia, e depois na faixa de areia, na sexta-feira (13), mostram o animal tentando escapar da presença humana.
Segundo o biólogo Henrique Charles, conhecido como 'Biólogo das Cobras', que analisou o vídeo, a caninana pode ter chegado ao local por algum fenômeno natural. "Não é normal ver essa espécie nadando em água salgada. Ela vai sair dessa área, pode ter certeza", afirmou o especialista.
Nas redes sociais, o vídeo gerou curiosidade e surpresa entre os membros do grupo de identificação de cobras do biólogo Henrique. Muitos destacaram o comportamento do réptil, que virou tema de debate entre especialistas e leigos. "É uma serpente do bem que ajuda a eliminar animais que transmitem doenças como ratos, morcegos e pombos. Pessoas matam por ignorância"; "[A caninana] não tem peçonha, mas é bem 'temperamental' e tem uma personalidade bem invocada. Pode morder, e deve doer", disseram.
O pesquisador Dr. Francisco Franco, do Instituto Butantan, informou que é raro ver cobras na praia, mas que todas as espécies de serpentes sabem nadar. "Raramente são vistas na praia, mas isso pode ocorrer, principalmente, se houver mata e/ou rio próximo. Ela deve ter entrado na água para fugir das pessoas, que estavam entre ela e a terra", disse Franco.
Ainda de acordo com o pesquisador, a Spilotes pullatus é uma espécie comum na Mata Atlântica, especialmente em áreas de floresta e litoral. Embora seja inofensiva, sua grande dimensão pode assustar. "A caninana é arborícola e terrestre, além de ser encontrada em áreas urbanas, como telhados e galpões, onde costuma caçar ratos e morcegos", acrescentou Franco.
A cobra filmada, apesar de seu comportamento incomum, não oferecia risco aos banhistas. O especialista do Instituto Butantan reforçou que a espécie não é venenosa, nem costuma atacar, a não ser que se sinta ameaçada. "Ela é ágil e prefere fugir, ao confronto", disse o pesquisador.
O pesquisador avaliou dois vídeos enviados pela reportagem, em dois momentos da filmagem. Ele reconheceu a espécie Spilotes pullatus nas imagens gravadas na feira de artesanato, mas, quanto ao vídeo da praia ele disse não ser possível afirmar que se trata da mesma espécie, "pois a filmagem não mostra detalhes necessários".
Lenildo Silva
Estudante de jornalismo na Faculdade Estácio