Serpente foi avistada na faixa de areia da praia do Una, em Peruíbe; biólogo explica que serpentes avistadas em praias estão, geralmente, 'perdidas'
Lenildo Silva
Publicado em 23/12/2024, às 12h16
Uma cobra da espécieTomodon dorsatus foi avistada na faixa de areia da praia do Una, em Peruíbe, litoral de São Paulo, na tarde de sábado (21). O registro foi feito por Beto Neves Alves e compartilhado nas redes sociais. Segundo o biólogo Thiago Malpighi, da Secretaria de Meio Ambiente de Peruíbe, essa serpente é nativa da Mata Atlântica e, em algumas regiões, é chamada de "corre-campo". Apesar do local onde foi encontrada, não se trata de uma serpente marinha, mas sim, de um animal terrestre e predominantemente diurno.
A serpente alimenta-se principalmente de moluscos, como caramujos e lesmas, e não representa riscos significativos à saúde pública, pois não está envolvida em acidentes ofídicos de relevância clínica, segundo o biólogo. Contudo, a espécie é opistóglifa, o que significa que possui dentes especializados na parte posterior da boca, adaptados para a alimentação e uma mordida pode ser perigosa.
As imagens também foram analisadas pelo biólogo Giuseppe Puorto, diretor cultural do Instituto Butantan. O especialista confirmou que o animal do vídeo se trata da Tomodon dorsatus e explicou que a espécie avistada na praia é avermelhada, porém, é comum ver espécimes cor de palha. Ele explica ainda que a serpente é também conhecida como comedora de lesmas, devido a seus hábitos alimentares.
Cobra da espécie Tomodon dorsatus é flagrada em praia do litoral de SP 🏖️🐍 pic.twitter.com/i6ZsjzWv9W
— Portal Costa Norte (@costanortenews) December 23, 2024
Ao longo de 2024, o Portal Costa Norte noticiou vários casos de cobras em praias da Baixada Santista e litoral norte. Malpighi conta que o aparecimento ocasional desse tipo de serpente em praias está relacionado a fatores ambientais, como chuvas e proximidade com fragmentos de vegetação nativa. "As serpentes avistadas na areia estão, geralmente, 'perdidas' e fora de seu ambiente natural".
O biólogo Henrique Charles, conhecido como "Biólogo das Cobras" explica que a serpente pode ter aparecido na praia devido a uma enxurrada que escorreu para o mar. Por se alimentar apenas de lesmas, o biólogo das cobras disse que a serpente é muito tranquila e humanos não precisam ter medo.
O biólogo Thiago contou que, em praias urbanizadas, é mais comum encontrar espécies, como a cobra-d’água (Helicops carinicaudus e Erythrolambrus miliaris), devido à presença de canais de drenagem que desembocam no mar. Já em praias preservadas ou próximas à vegetação natural, como a praia do Una, o aparecimento de serpentes terrestres pode ser mais frequente, devido à proximidade com seu habitat.
Ainda de acordo com o profissional, não há ocorrência de serpentes marinhas na costa brasileira, e a presença das espécies nativas na faixa de areia das praias é sempre transitória. Por fim, ele reforçou a importância de respeitar a fauna local e de evitar interferências não autorizadas. Ele orienta que, ao avistar um animal silvestre em ambiente urbano, ou em situação incomum, a população deve acionar os órgãos responsáveis para o manejo seguro e adequado.
Lenildo Silva
Estudante de jornalismo na Faculdade Estácio