Edital para construção de usina de dessalinização foi lançado em abril, pela Sabesp; previsão é que equipamento seja implantado em 2026, em Ilhabela
O governo de São Paulo tem um projeto para a construção de uma usina de dessalinização no litoral norte de São Paulo, que pretende atender 8 mil pessoas em 19 ilhas, na região de Ilhabela. A ideia é enfrentar o problema da falta de água em cidades do litoral paulista, durante o período de temporada, quando aumenta significativamente o número de turistas nos municípios litorâneos.
O professor José Carlos Mierzwa, do Departamento de Engenharia Hidráulica Ambiental da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo), especialista em tratamento de água e desenvolvimento de tecnologia de separação por membranas, explicou que o problema é antigo, e a dessalinização pode ajudar na oferta de água na região. A ideia da construção de uma usina de dessalinização na região de Ilhabela seria a solução ideal para locais que não comportam um reservatório.
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Segundo Mierzwa, a primeira unidade de dessalinização construída no Brasil foi em Fernando de Noronha, ilha no litoral nordestino, que também enfrentava escassez de água. O assunto vem sendo discutido e estudado no país desde a década de 1970. Ele também lembrou que o litoral norte paulista é uma área de preservação ambiental, por isso, existe também a preocupação com o meio ambiente.
Quando sair do papel, essa será a primeira usina de dessalinização do estado de São Paulo. Já quando o assunto é custos, a tecnologia de engenharia utilizada atualmente já está bem mais acessível à população e, nesse quesito, também há de se ponderar que a falta de água gera custos bem maiores. Mierzwa também destacou, entre os pontos positivos do projeto, a qualidade da água produzida, que não deixa nada a desejar para a de reservatório.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), até 2050, estima-se que a população mundial atinja 9,5 bilhões de pessoas. Já em 2025, a escassez absoluta de água tende a atingir cerca de 2 bilhões de habitantes do planeta. Apesar de o recurso natural ser encontrado em abundância, apenas 2,5% do volume total de água na Terra é doce.
A Sabesp lançou, em 19 de abril, licitação para a construção da usina de dessalinização de água em Ilhabela. De acordo com a companhia, a iniciativa inovadora fornecerá água potável para mais de 8.000 habitantes do município, cerca de um quarto da população. Atualmente, Ilhabela dispõe de dois sistemas tradicionais: Pombo e Água Branca.
A usina captará água salgada e terá capacidade de processamento de até 30 litros por segundo, permitindo à Sabesp aumentar em 22% a oferta de água tratada, e atender os clientes da cidade mesmo na alta temporada, quando a população cresce de forma exponencial.
A Sabesp lembrou que a dessalinização é uma tecnologia amplamente empregada em locais como Dubai, Israel e Califórnia, entre outros ao redor do mundo. Conta com tecnologia avançada de osmose reversa, processo usado internacionalmente. A água dessalinizada será transportada para reservatório da própria estação de tratamento de água (ETA) Água Branca, e, daí, distribuída para consumo da população.
Com a dessalinização, a Sabesp lembrou que segue avançando na adoção de tecnologias inovadoras e coloca Ilhabela como polo de inovação no saneamento. Os interessados no edital têm até o dia 25 de junho para apresentar propostas. A previsão inicial é que a usina seja implantada em 2026.
Com informações de governo de SP e Sabesp