ACUSAÇÃO

Vereador eleito que estava foragido da Justiça é preso em São Sebastião

Thiago Baly, eleito com 1.173 votos, é acusado de envolvimento em um homicídio de um jovem de 22 anos ocorrido em abril de 2024 em Barra do Una


Reginaldo Pupo
Publicado em 17/05/2025, às 01h40

FacebookTwitterWhatsApp

Thiago Alack de Souza Ramos
Thiago Bally, que foi preso nesta sexta-feira, em Juquehy, acusado por envolvimento em homicídio - Câmara de São Sebastião

A Polícia Civil de São Sebastião, no litoral norte de SP, prendeu nesta sexta-feira (16) o vereador eleito Thiago Alack de Souza Ramos, conhecido como Thiago Baly, que estava foragido desde outubro passado após a Justiça decretar sua prisão preventiva por suposto envolvimento em um homicídio ocorrido na cidade em abril de 2024.

Baly teria sido abordado por policiais do 2º Distrito Policial de Boiçucanga, que saíram em diligências para tentar encontrá-lo após receberem informações de o que o procurado se encontrava na região. O suspeito de homicídio estaria no interior de um veículo, no bairro de Juquehy, na Costa Sul de São Sebastião.

O vereador eleito foi levado para o 2º DP, onde foi registrada ocorrência de captura de procurado e posteriormente transferido para o CDP (Centro de Detenção Provisória) de Caraguatatuba. A polícia não informou quando será realizada a audiência de custódia, mas ela deverá ocorrer neste sábado (17).

Homicídio

Victor Alexandre de Lima, de 22 anos, foi morto a tiros no dia 6 de abril do ano passado na comunidade Sítio Velho, em Barra da Una. Segundo investigações da Polícia Civil, no dia do crime, a vítima teria recebido uma ligação e foi até o Sítio Velho. No local, ainda segundo a polícia, Victor se encontrou com Maiquel Douglas Pires Ferreira para negociar uma venda, quando foi atingido por dois disparos.

Maiquel Douglas confessou à polícia ter atirado contra Victor em legítima defesa. Ele estava preso temporariamente, mas, posteriormente, teve a prisão convertida em preventiva pela Justiça, durante o andamento das investigações.

O então vereador eleito contou na delegacia que esteve no local do crime minutos antes, mas para auxiliar um motorista que estava com o carro quebrado. Ele afirmou que chamou ajuda para o rapaz do veículo e foi embora, negando ter envolvimento no assassinato. Mas segundo o Ministério Público de São Paulo, Thiago mandou Maiquel matar Victor, pois havia recebido informações de que o jovem sequestraria a filha dele.

A juíza Gláucia Fernandes Paiva, da Vara Criminal de São Sebastião, emitiu ordem de prisão contra Thiago Baly, afirmando que ele “compareceu no local dos fatos minutos antes do crime, tendo sido demonstrado desentendimentos pretéritos com a vítima”.

Na decisão, a magistrada declara que “há presença de indícios suficientes nos autos a indicar a imprescindibilidade da prisão preventiva e a insuficiência das medidas cautelares diversas da prisão no caso em concreto”. A defesa de Baly ingressou na Justiça com um pedido de habeas corpus, que foi negado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo,

Mandado de prisão

A defesa do político, que nega que seu cliente tenha participado do crime, já havia tentado reverter sua prisão no STF (Supremo Tribunal Federal), mas o pedido também foi negado pelo ministro Gilmar Mendes, em dia 6 de dezembro do ano passado.  

Na decisão do TJ-SP, a corte sentenciou que não há nenhum tipo de irregularidade na prisão de Baly. O vereador foi preso preventivamente no dia 30 de outubro. Segundo o Ministério Público de São Paulo, Thiago mandou Maiquel matar Victor, pois havia recebido informações de que o jovem sequestraria a filha dele.

Defesa

A defesa do vereador, em nota à imprensa no final do ano passado, afirmou que não existem provas e nem indícios de envolvimento de seu cliente no crime. “Não tem ligação e (Thiago) nem conhece o autor confesso do crime. (Ele) quer provar sua inocência em liberdade, preenchendo todos os requisitos necessários para tal, inclusive com medidas cautelares, apresentando-se ainda imediatamente na delegacia e cooperar com as investigações”, afirmou a defesa.

“Reafirmo aqui que Thiago tem provas concludentes de sua inocência e confiamos na justiça, não sendo plausível que responda preso o processo”, concluiu a nota.

Perda do mandato

O presidente da Câmara de São Sebastião, Edgar Celestino (Podemos), extinguiu no dia 24 de janeiro deste ano o mandato Thiago Baly, eleito com 1.173 votos, sendo o sétimo vereador mais votado de São Sebastião.

Segundo o legislativo, o parlamentar perdeu o cargo por não comparecer à cerimônia de posse dentro do prazo legal e não apresentou justificativa. Celestino, então, convocou, por meio de ato da presidência, o primeiro suplente do PSDB, Luiz Carlos de Mello Cardim, o Professor Cardim, para ocupar a cadeira de Baly. A extinção do cargo ocorreu um dia após o prazo final para que ele fosse empossado.

Para mais conteúdos

Receba o melhor do nosso conteúdo em seu e-mail

Cadastre-se, é grátis!