Falta de água afeta, principalmente, a região central da cidade que, diferentemente de outras áreas, é abastecida pelo sistema Furnas-Pelaes
Mayumi Kitamura
Publicado em 02/10/2024, às 16h56 - Atualizado às 17h07
É desesperadora a situação dos moradores da área central de Bertioga, que, sem abastecimento, racionam água o quanto podem - isso quando conseguem um pouco de água, ou têm condições de encher suas caixas com caminhão-pipa. Para nós (digo isso porque também moro nessa região), que estamos em tal situação já há dois meses, a notícia não é das melhores: a situação ainda deve perdurar.
Procurada pela reportagem, para atualização das informações, a Sabesp não se manifestou, mas a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp) respondeu aos questionamentos e divulgou o que foi constatado pela fiscalização realizada recentemente na região. Conforme apontou, o abastecimento em Bertioga ocorre, exclusivamente, por seis sistemas isolados, com captações superficiais, por isso, há redução na disponibilidade hídrica em períodos de estiagem - como vivemos atualmente.
Apesar de ainda aguardar informações complementares da Sabesp, solicitadas durante a fiscalização, e de já indicar melhorias no plano de comunicação sobre a situação geral e ações para mitigação dos efeitos da escassez hídrica, a Arsesp destacou algumas medidas. “Foram apontadas ações em Bertioga que buscam reduzir os riscos de indisponibilidade hídrica a médio e longo prazo, a exemplo da antecipação da operação do reservatório Jd. Mogiano/Bertioga e da interligação parcial entre os sistemas Furnas-Pelaes/Itapanhaú, mas são medidas com maior tempo de implantação e, portanto, não são voltadas a resolver o atual desabastecimento, mas evitá-lo nos anos subsequentes. A curto prazo, estão sendo disponibilizados 10 carros tanque, além de estudos exploratórios para encontrar pontos de captação de água próximo às adutoras existentes com características físico-químicas adequadas”, afirmou.
Quando perguntamos para os mais próximos, que também moram em Bertioga, se eles têm água em casa, podemos nos surpreender com a resposta positiva. Isso tem uma explicação: a crise hídrica é sentida, principalmente, pelas residências da área central, região abastecida pelo sistema produtor Furnas-Pelaes, composto por dois mananciais de superfície, os ribeirões Furnas e Pelaes. Após o tratamento da água captada, o armazenamento ocorre em dois reservatórios, um semienterrado, de 900m³, e outro, de 5 mil m³.
Já bairros como o Indaiá e a Vista Linda, por exemplo, têm abastecimento pelo sistema Itapanhaú, com captação exclusiva no rio Itapanhaú. Deste manancial ocorrem as captações para a estação de tratamento de água Itapanhaú, com destino aos centros de reservação e distribuição destes mesmos bairros, com capacidade de 3 mil m³ cada; e para o sistema Riviera de São Lourenço, com destino à ETA própria do loteamento. A cidade conta, ainda, com outras captações e sistemas. As informações sobre as capacidades de armazenamento e sistemas constam no plano de saneamento básico de Bertioga, datado de 2017.
Mayumi Kitamura
Jornalista formada na Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp - Guarujá) e técnica em Processamento de Dados. Atua na área de comunicação há mais de 20 anos. Integra a equipe de mídias sociais do portal Costa Norte.