Sabesp culpa a estiagem mais severa dos últimos 10 anos pela falta de água; agência reguladora cobra plano de ação para melhoria do abastecimento
Mayumi Kitamura
Publicado em 11/09/2024, às 09h16
Imagine acordar às 6h30 para trabalhar, abrir a torneira da caixa d’água e não ter uma gota sequer? A Alexa diz: “No momento, em Bertioga, a temperatura é de 18ºC”, mas o banho de mangueira é mais prático do que a famosa “canequinha”. Então, com toda a coragem, molho os braços querendo desistir do banho, mas continuo a saga gelada e chego até a colocar condicionador na cabeça. Para minha surpresa, assim que deixo o cabelo empastado, a água que estava saindo pela mangueira também me abandona! Percebo que passarei mais um dia de sofrimento pelo desabastecimento, e dias como esses, com variações diversas, têm se tornado cada vez mais comuns em cidades da Baixada Santista, no litoral de SP.
A Sabesp atribui o problema à estiagem que, segundo afirma, é a mais severa dos últimos 10 anos. “De fevereiro a junho, houve 35% menos chuvas do que no ano passado. Para reduzir os reflexos à população, a Sabesp vem disponibilizando caminhões-tanque aos imóveis com caixa-d’água e vem adotando medidas técnicas para reforçar o sistema de abastecimento”, destacou em nota. A dificuldade de alguns moradores, nesse caso, é conseguir alguém para acessar a caixa d’água e, assim, poder usufruir do caminhão-tanque. Este é o meu caso.
Ainda, a companhia afirma que “os momentos de intermitência no abastecimento não devem ser sentidos em imóveis com caixa-d’água dimensionada para ao menos 24 horas de consumo (de acordo com as normas técnicas para instalações prediais e o Decreto Estadual 12.342/78)”. Infelizmente, há bairros de Bertioga sentindo o desabastecimento há cerca de um mês e, quando a água, finalmente chega, não tem força para chegar no nível do reservatório do imóvel.
Após autuar a Sabesp em R$ 162 mil pelo desabastecimento e continuar sem uma solução, o prefeito de Bertioga Caio Matheus publicou, na semana passada, no perfil do Instagram, a ida até o escritório da Sabesp em São Paulo para cobrar medidas que possam amenizar a falta de água no município. Ele se reuniu com o diretor de Operação e Manutenção, Roberval Tavares de Souza, e a superintendente da Sabesp na Baixada Santista, Olívia Mendonça. “Nosso objetivo, na vinda, é buscar alternativas paliativas para que a gente possa diminuir o sofrimento do trabalhador, da dona de casa, que está sofrendo com a falta de água”, disse.
Pelo encontro, além do aumento dos caminhões-pipa para abastecimento na área central, abastecido pelo sistema Furnas/Pelaes, outras duas ações anunciadas pelo prefeito são a interligação do sistema Itapanhaú com o Furnas/Pelaes, para aumentar a vazão atualmente em baixa entre a região que compreende os bairros Veleiros e Rio da Praia e, a curto e médio prazos, a implantação de um novo sistema, de ultrafiltração para osmose reversa.
Segundo a Sabesp, em Bertioga, o reservatório Mogiano já armazena 5 milhões de litros após sua operação ter sido antecipada. Na cidade vizinha, Guarujá, que também tem sofrido com falta de água, a prefeitura acionou a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp), em busca de solução, o que motivou o deslocamento de uma equipe de fiscalização, que está em atuação nesta semana.
Por meio de nota, a Arsesp informou o seguinte:
“As fiscalizações estão em andamento para reunir informações conclusivas que orientarão as ações necessárias. Ao mesmo tempo, estamos avaliando as condições das infraestruturas de abastecimento e acompanhando junto à prestadora as medidas de contingência adotadas diante do período de estiagem que tem comprometido a disponibilidade hídrica nessa região. Dentre as ações previstas estão: plano de comunicação à população, disponibilização de carros tanque para abastecimento e reforço ininterrupto em Vazão máxima da Travessia Santos-Guarujá.
A Arsesp já solicitou à Sabesp um plano de ação concreto para melhorar o abastecimento na região o mais rápido possível. Reiteramos nosso compromisso em continuar a acompanhar a situação de perto com vistas a adotar todas as medidas cabíveis para garantir o cumprimento dos contratos de concessão.
Vale destacar que a estiagem que atinge o Estado de São Paulo também tem afetado o abastecimento de água em outros locais. A Arsesp segue monitorando esse cenário e continuará tomando as providências necessárias para assegurar o bom atendimento pela prestadora à população em todos os municípios regulados”.
Sobre a cidade de Guarujá, a Sabesp informou que “o reservatório Morrinhos, com capacidade para 10 milhões de litros de água tratada, tem previsão de entrega neste trimestre. Foi realizado também um grande programa de renovação de infraestrutura e combate a perdas com foco sobretudo no distrito de Vicente de Carvalho, em Guarujá, que trouxe mais eficiência ao sistema de abastecimento”.
E seguimos sem água, até para as necessidades básicas. Quem quiser solicitar vistoria para a Sabesp, deve informar o endereço completo por meio dos canais oficiais de atendimento: pelos telefones 0800 055 0195 (ligação gratuita) e pelo WhatsApp oficial da Sabesp 11 3388 8000 (mensagem de texto).
Mayumi Kitamura
Jornalista formada na Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp - Guarujá) e técnica em Processamento de Dados. Atua na área de comunicação há mais de 20 anos. Integra a equipe de mídias sociais do portal Costa Norte.