NOVA ESTAÇÃO

La Niña promete chuva acima da média durante a primavera no litoral de SP

Diferentemente da primavera 2023, que foi de forte calor, a primavera deste ano pode registrar temperaturas abaixo da média no litoral de SP

Esther Zancan
Publicado em 20/09/2024, às 14h30 - Atualizado às 14h43

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Mesmo com a tendência de ser uma edição fraca do La Niña, o litoral de SP deve ter uma primavera mais fresca que a de 2023 - Imagem ilustrativa/Unsplash
Mesmo com a tendência de ser uma edição fraca do La Niña, o litoral de SP deve ter uma primavera mais fresca que a de 2023 - Imagem ilustrativa/Unsplash

O inverno 2024 dá adeus no domingo, dia 22 de setembro. A primavera já começa logo pela manhã, às 9h44. E, se o receio de muitos é que a estação das flores deste ano traga consigo o forte calor de 2023, parece que não será bem assim. Tudo isso devido ao fenômeno La Niña, que consiste no resfriamento das águas do oceano Pacífico equatorial que, como o El Niño, influencia o clima em praticamente todo o planeta.

Para entender melhor como será a nova estação no litoral paulista, o Portal Costa Norte bateu um papo com o climatologista Rodolfo Bonafim, da ONG Amigos da Água, de Santos. E, sobre o La Niña, ele lembrou que, apesar do “auê” que muitos fizeram sobre o fenômeno, no início deste ano, afirmando inclusive que ele já estaria configurado entre julho e agosto, a realidade é outra. Bonafim explicou que o La Niña deve começar a atuar ainda neste mês de setembro, mas a tendência é que seja uma edição fraca do fenômeno, e que não deve provocar mudanças de muito impacto no clima do Brasil.

Mesmo em uma versão mais fraca, o La Niña deve influenciar no regime de chuvas do litoral paulista e também na chegada de frentes frias à região. O climatologista disse que, mesmo enfraquecido, o fenômeno vai se somar ao aquecimento das águas do Atlântico Sul, o que deve provocar chuva acima da média na faixa litorânea entre os estados do Paraná e Rio de Janeiro. “O litoral paulista já é chuvoso naturalmente na primavera, e, nessa, vai ficar um pouquinho acima da média”, enfatizou Bonafim.

La Niña
Previsão de anomalias de temperatura da superfície do Pacífico para o trimestre outubro-novembro-dezembro - Reprodução/Copernicus/Meteored

Já para o restante do Brasil e interior de São Paulo, o climatologista prevê que as chuvas devem ser dentro da média, com tendência a ficarem até um pouco abaixo da média esperada. Mesmo assim, deve chover no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o que vai ajudar a apagar os incêndios, mesmo que não sejam grandes chuvas. Um alerta que Bonafim faz é quanto a  possibilidade de problemas com abastecimento de água e energia elétrica mais cara, devido a essa tendência de chuvas abaixo da média. 

Estação de transição

Bonafim salientou que nunca podemos esquecer que a primavera é uma estação de transição, principalmente no litoral de São Paulo. "Costuma ser uma estação da ‘pá virada’, com variação de temperaturas em um mesmo dia, a chamada gangorra térmica, e ocorrência de ventos”.

Quanto à temperatura, elas devem ficar dentro, ou até um pouco acima da média, em grande parte do Brasil. Mas, no litoral de São Paulo, a tendência é que ela possa ficar até um pouco abaixo da média. De acordo com o climatologista, isso pode ocorrer devido às frentes frias, que vão continuar chegando por aqui. Ele explicou que as chuvas provocadas por que esses sistemas não devem ser fortes, mas típicas das frentes frias marítimas, aquela chuvinha fina que parece que não vai parar mais, isso pelo menos até o mês de novembro.  

“No geral, não deve ser uma primavera quente, exceto por alguns períodos muito curtos de ondas de calor que podem se formar, principalmente no interior do Brasil e de São Paulo. Mas não devem ser ondas longas, como no ano passado, quando estávamos sob efeito do El Niño. No litoral paulista, podem ocorrer picos de calor, mas de curta duração”, pontuou Bonafim. Mas ele lembra que, devido às mudanças climáticas, não dá pra descartar a possibilidade de temporais, mas a tendência maior é de chuva fraca, principalmente, em outubro, mês que tende a ser mais nebuloso no litoral paulista. 

Já sobre os nevoeiros, que foram presenças constantes durante o inverno litorâneo, Bonafim contou que eles devem diminuir, devido ao aumento das chuvas, diminuição das queimadas no interior e aumento da temperatura da água do mar. Mesmo assim, ele alerta que não estamos completamente livres do fenômeno, pois podem ocorrer episódios fora de época, também devido às mudanças climáticas.

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Esther Zancan

Esther Zancan

Formada pela Universidade Santa Cecília, Santos (SP). Possui experiência como redatora em diversas mídias e em assessoria de imprensa.

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