LENDAS CAIÇARAS

Conheça a Gruta que chora em Ubatuba, cenário de uma história de amor

Esta é mais uma dica de passeio para aproveitar no litoral norte; localizada na praia da Sununga, é um lindo atrativo natural

Gabriela Petarnella
Publicado em 08/09/2023, às 10h20

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A gruta é um belo cenário para tirar fotos e fazer vídeos, vale a pena conhecer - Pousada Char
A gruta é um belo cenário para tirar fotos e fazer vídeos, vale a pena conhecer - Pousada Char

Você já ouviu falar da Gruta que chora? Ela fica em um dos lugares mais explorados na região sul de Ubatuba, no canto esquerdo da praia da Sununga. Além da beleza natural, a praia conta com este ingrediente especial que envolve uma lenda muito conhecida na cidade.

Prefeitura Ubatuba
A gruta fica localizada no canto esquedo da praia da Sununga - Prefeitura Ubatuba

Esta é uma das atrações mais famosas do litoral norte de São Paulo, e o melhor deste roteiro é que você pode levar toda a sua família porque o percurso é de fácil acessibilidade: basta se deslocar pela beira da praia do Lázaro e seguir para o lado esquerdo.

A gruta é pequena, porém encantadora. De acordo com estudos feitos na área, as paredes são constituídas a partir de segmentos vulcânicos e, ao provocar ruídos no seu interior, as vibrações fazem com que a água nascente despejada acima desta formação pingue através do portal. Entretanto, o principal fator para que ela continue "chorando" mesmo quando não há ruídos no interior é o eco das agitadas ondas da praia, suficientes para manter a água pingando constantemente do teto.

O ponto turístico tem uma alta procura pela curiosidade dos visitantes que ficam intrigados e querem ver com os próprios olhos o fenômeno, mas, como em toda boa cidade caiçara, existe uma lenda muito difundida pelos mais antigos que até hoje contam as histórias que eram usadas para explicar o choro na gruta.

Lendas

A primeira lenda conta que no passado a gruta abrigava um monstro marinho responsável por atacar embarcações pesqueiras e os tripulantes que por ali navegavam. Com a intenção de livrá-la do bicho, o padre Anchieta foi até o local e o benzeu. A história diz que desde então o monstro nunca mais foi visto, e que a água que pinga pelas paredes é a mesma água benta que permaneceu no lugar para que a criatura nunca mais retornasse.

A segunda lenda conta a história de uma jovem que se apaixonou por um belo rapaz e que todas as noites ela permitia que ele a visitasse em seu quarto. Um dia, já desconfiado de que a filha estava fazendo algo de errado, seu pai ficou à espera, espiando o que a filha fazia, e foi quando soube que ela tinha um caso com o rapaz. O pai ficou muito bravo, resolveu confrontar o namorado da filha e o seguiu até a gruta.

Então, ele descobriu que o jovem na verdade era o tal monstro que ali vivia e que em sua forma original aparentava ser uma grande serpente com cabeça de dragão.

A jovem moça, agora proibida de ver novamente seu amado, adoeceu e ficou de cama por muito tempo. Ela afirmava que esperaria por seu amor todas as noites em seu quarto para sempre. Até que, em um certo dia, um pescador local lhe contou que estava passando pela gruta e ouviu o barulho do monstro. Com muito medo, ele começou a rezar e pedir por proteção divina; ao ouvir suas preces, a fera foi diminuindo de tamanho e, voltando para a sua forma humana, perdeu-se em meio à mata. Depois de ouvir a história, a moça criou ainda mais esperanças de que um dia iria rever seu amado.

Em desespero, a mãe da jovem já não sabia mais o que fazer para que a filha recuperasse a saúde. Foi quando recebeu a visita de um monge já muito idoso, a quem deu de beber e comer em fartura. Ao vê-la aflita, o monge se propôs a benzer aquele lugar, até então assustador e que deixava a população tão agitada.

A lenda conta que, naquele mesmo dia, raios e trovões foram ouvidos nos céus e que o monstro fugiu para o mar profundo e nunca mais retornou. E no momento em que a jovem soube que seu amado havia partido, as lágrimas dela fizeram surgir uma nascente em cima da gruta que "chora" todos os dias por causa de um coração partido.

Os mais velhos dizem ainda que o motivo de tantas ondas e do mar agitado naquela praia é por conta do monstro que ainda vive nas profundezas ali perto.

A experiência de visitar a gruta já é especial por si só, mas saber destas histórias torna tudo muito melhor. E você, leitor, curte visitar pontos turísticos e saber das lendas caiçaras envolvidas?

Gabriela Petarnella

Gabriela Petarnella

Jornalista formada pelo Centro Universitário Módulo. Possui experiência em videorreportagem e fotojornalismo

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