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Aparições recentes de raias despertam curiosidade no litoral paulista

Presença de animal marinho morto, na faixa de areia em Peruíbe, causou espanto; mais dois registros de raia, em Guarujá e Bertioga, chamam a atenção

Paulo Henrique Chaves
Publicado em 07/05/2024, às 15h18 - Atualizado às 15h36

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Raia morta nas areias da praia de Guaraú - ONG Vida & Surfe
Raia morta nas areias da praia de Guaraú - ONG Vida & Surfe

Na semana passada, uma raia apareceu morta na praia de Guaraú, em Peruíbe. Outros dois animais da mesma espécie (Aetobatus Narinari), popularmente conhecida como arraia-pintada ou raia-chita, também foram registradas no litoral paulista, em Bertioga e Guarujá, nas últimas semanas.

Na região da prainha Branca, no Guarujá, uma raia foi fotografada em movimento, no mar, bem próxima da costa. O responsável pelo registro, o fotógrafo Valclei Lemos, postou em sua rede social, como "o voo da raia". A outra raia foi puxada para fora das águas do canal de Bertioga, no píer de pesca, por um pescador que postou a "proeza" em sua rede social. O animal deu muito trabalho para se render, mas foi fisgado e depois devolvido às águas. 

raia 'voando' próximo à praia
Raia 'voando' próximo à praia - Valclei Lemos

Os eventos incomuns chamaram a atenção e suscitaram dúvidas. Afinal, são animais que representam algum perigo? É comum encontrá-los nas praias do nosso litoral? Conversamos com especialistas, para tentar responder essas e outras perguntas.

O biólogo Ed Ventura, do instituto Bioventura, responsável pela publicação do exemplar achado em Peruíbe, explica que as raias não são vistas com frequência na faixa de areia, e o encalhe não é comum. “Pode ter sido descarte de algum barco de pesca. Pode ter caído acidentalmente na rede e, depois de descartada morta, a corrente [marítima] pode ter direcionado seu corpo até a praia”, analisa Ed. Ele cita, ainda, que a espécie Aetobatus Narinari é comum em todo o litoral do Sudeste e possui hábito de ficar no fundo do mar. “Por isso, as redes de arrasto podem capturá-las”, complementa.

Parente do tubarão, a raia pintada tem a cabeça destacada das nadadeiras, focinho longo e achatado e cauda em formato de chicote, com um ‘espinho’ serrilhado e longo. Esse ferrão é o que mais amedronta as pessoas. Mas o biólogo, especialista em raias e tubarões, Alexandre Rodrigues, esclarece que elas não representam riscos às pessoas. “Tem ferrão realmente, mas sabendo lidar com ela não oferece risco nenhum para ninguém, muito menos para banhistas, porque banhistas não vão ter (normalmente) contato com elas, muito difícil”, comenta.

Pescador 

O vídeo da raia, no canal de Bertioga, ganhou destaque no TikTok. Nele, o pescador aparece pescando e, depois, manipulando a raia-pintada, inclusive dando um beijo no animal.

@machadopescador#videoviral#mar#pescador♬ Beautiful Things - Benson Boone

A atitude de interagir com o animal não deve ser reproduzida. Como explica Ed Ventura, apesar de não atacarem, normalmente a raia pode usar seu ferrão para proteção, caso sinta-se acuada. “Não são agressivas (as raias) e utilizam esses ferrões apenas para se defender”, adverte.

Raias ou arraias?

Segundo os dicionários de língua portuguesa, os dois termos estão corretos, apesar de, cientificamente, o mais usado (e aceito) ser o termo ‘raia’. Popularmente, no entanto, é mais usada a palavra ‘arraia’, e está tudo certo.

Paulo Henrique Chaves

Paulo Henrique Chaves

Formado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH)

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