AUDIÊNCIA PÚBLICA

Travessia Ilhabela-São Sebastião: soluções ainda levarão tempo

Em audiência, vereadores alertaram que Ilhabela está à beira de um colapso, uma vez que o transporte hidroviário é essencial para a cidade

Gabriela Petarnella
Publicado em 24/10/2023, às 14h00

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Audiência abordou problemas recorrentes no sistema de travessia das balsas - Gabriela Petarnella
Audiência abordou problemas recorrentes no sistema de travessia das balsas - Gabriela Petarnella

Na noite de segunda-feira (24), a Câmara de Ilhabela realizou audiência pública com a participação do governo do Estado de São Paulo para discutir e buscar soluções para as problemáticas frequentes no sistema de travessia das balsas entre Ilhabela e São Sebastião.

As questões discutidas na audiência abordaram problemas recorrentes no sistema de travessia das balsas, incluindo desordem nos bolsões de embarque; constante falta de embarcações devido à manutenção; falta de estrutura adequada nos flutuantes de atracação; falta de suporte para pedestres, ciclistas e pessoas com deficiência, tanto nos pontos de embarque quanto durante a travessia; e, o mais alarmante, as extensas filas de espera que chegaram a quase 9 horas no último mês.

Jamille Consulin, diretora do Departamento Hidroviário, apresentou na audiência os dados mensais das demandas das oito travessias em todo o Estado de São Paulo, destacando que São Sebastião-Ilhabela é a segunda travessia com maior demanda, com 10.959 de volume entre automóveis e pedestres, ficando atrás apenas do sistema Santos-Guarujá, com 29.731 de volume.

Atualmente, no litoral norte, existem 10 embarcações no sistema hidroviário - oito balsas e duas lanchas para pedestres. Duas balsas estão em manutenção (FB-28 e FB-30). A FB-Valda, FB-29 e FB-25 foram recentemente reformadas e estão ativas na travessia, e em breve, a FB-10 sairá para inspeção.

A diretora tanbém lembrou que fatores ambientais ou climáticos, como ventos fortes, maré alta, neblina e assoreamento no atracadouro de Ilhabela, podem causar interrupções na travessia, suspensão de algumas embarcações ou atrasos. A questão do assoreamento, embora não coloque em risco a segurança dos passageiros, pode afetar certas embarcações, especialmente lanchas, em períodos de maré baixa.

Foram apresentadas soluções emergenciais já adotadas pelo Departamento Hidroviário, incluindo: uma força-tarefa para manutenção corretiva nas embarcações paradas, aditamento do contrato de locação com a inclusão de uma embarcação a partir de novembro/23, remanejamento de uma ferry-boat para reforço no litoral norte (por exemplo, FB-19), contratação emergencial de Manutenção Naval com previsão de trabalho noturno e aumento na quantidade de insumos. 

Também haverá restrição e controle de caminhões, uso de balanças, decreto para restrição ou incentivo tarifário em determinados horários e proibição de cargas especiais em horários de pico. A negociação com a Marinha do Brasil para flexibilizar o uso de empurradores acima de 12 nós e a aquisição de 16 reversores estão em andamento.

Apontamento de usuários

Durante a participação da sociedade civil na audiência, o principal ponto de discussão foi o tempo de espera para embarque e a falta de suporte durante esse período. Foram sugeridas ideias, como prestar apoio aos usuários em momentos com fila superior a 2 horas, semelhante ao que ocorre nos aeroportos, e a revisão do contrato de prestação de serviço da travessia, incluindo cláusulas de multa para longos períodos de espera. Essas sugestões serão consideradas nos próximos planejamentos da SEMIL, conforme respondeu Jamile.

Segundo informado, alguns dos problemas apontados pelos usuários, como o pagamento da tarifa não sendo apenas em dinheiro, sinalização adequada dos banheiros, e uma maior atenção para a travessia de pedestres e ciclistas, já estão em andamento e serão implementados nos próximos meses.

O governo também comprometeu-se a trabalhar em conjunto com a Marinha e a Secretaria de Meio Ambiente para o mais rápido possível remover o assoreamento do atracadouro de Ilhabela e reformular o bolsão de embarque em São Sebastião para organizar as filas que se misturam com o fluxo de veículos local.

Sem tempo

No final da audiência, os vereadores expressaram preocupação com as medidas que, em sua maioria, parecem ser a longo e médio prazo, mesmo as consideradas emergenciais. Eles alertaram que a cidade de Ilhabela está à beira de um colapso, uma vez que o transporte hidroviário é essencial para a cidade. A falta de um sistema funcional durante a alta temporada, de acordo com os parlamentares, resultará em problemas sérios no setor turístico da cidade, afetando o abastecimento de itens básicos. 

Representantes civis ee ofereceram para criar uma comissão que trabalhará com os poderes municipais e estadual para encontrar soluções rápidas e emergenciais para novembro e dezembro. Uma reunião será agendada para a próxima semana discutir o tema.

Presentes

Participaram da audiência representantes do poder legislativo estadual e municipal, incluindo Jamille Consulin, Diretora do Departamento Hidroviário; Agnaldo Almeida Junior, representante da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (SEMIL); Diogo Nascimento, representante do deputado Estadual Paulo Corrêa; o comandante da Capitania dos Portos de São Sebastião, o Capitão de Fragata; os vereadores Gabriel Rocha, Alessandro Carvalho (Abençoado), Diana Matarazzo, Edilson dos Santos, José Pereira da Silva (Zé Preto), Donato dos Santos (Viola); o secretário de Mobilidade Urbana de Ilhabela, Cristobal Parraga; e o prefeito Toninho Colucci.

Como representantes civis, estiveram Heloisa Lacerda, presidente da Associação Comercial de Ilhabela, e Márcio Franco, presidente do Ilhabela Convention & Visitors Bureau.

Gabriela Petarnella

Gabriela Petarnella

Jornalista formada pelo Centro Universitário Módulo. Possui experiência em videorreportagem e fotojornalismo

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