LENDAS

Pedra do Sino: conheça curiosidades e lendas do cartão postal de Ilhabela

O curioso som emitido das pedras quando tocadas deu origem a antigas histórias ligadas a santos, índios e piratas na região

Gabriela Petarnella
Publicado em 17/10/2023, às 09h08

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Os visitantes podem acessar as pedras e comprovar que emitem sons - Prefeitura Ilhabela
Os visitantes podem acessar as pedras e comprovar que emitem sons - Prefeitura Ilhabela

A praia da Pedra do Sino é um dos mais marcantes cartões postais de Ilhabela. Localizada no lado norte da cidade, a 4 km do Centro Histórico (Vila), é um refúgio de tranquilidade e beleza natural. Um dos motivos que atrai tantos visitantes ao local é a curiosidade que gira em torno das famosas pedras que produzem sons de sino e as histórias por trás do fenômeno.

O acesso é simples, pois a praia está localizada na própria avenida principal. Ela oferece uma boa infraestrutura com estacionamento, restaurantes e quiosques, além de ser um paraíso para os amantes de atividades náuticas, como mergulho, stand up paddle (SUP) e caiaque, disponíveis para aluguel diretamente na praia. Além de atrair turistas que chegam pelo mar, seja de barco ou jet skis.

Imagem da Praia da Pedra do Sino, Ilhabela
Prefeitura Ilhabela

Um atrativo à parte são as pedras que ficam no canto direito da praia, onde os curiosos podem vivenciar a experiência de golpeá-las para escutar os sons de sinos. O fenômeno deu origem, inicialmente, ao nome Praia da Garapocaia, que vem da língua tupi e significa pedra que canta. Com o passar dos anos, o nome foi adaptado para Praia da Pedra do Sino.

Lendas

Por trás do fenômeno existem lendas que, na cultura popular, explicariam o evento. Uma dessas lendas conta que, em uma noite comum, do ano de 1647, o alto repicar dos sinos despertou a população adormecida de Ilhabela. Alguns dos moradores correram até a praia para entender o que estava acontecendo e foram testemunhas da passagem de um caixão com velas passando pelo mar em direção ao sul. Ao fundo, era possível escutar as ondas quebrando nas pedras e emitindo sons de sino, como em um cortejo.

Os caiçaras imediatamente se ajoelharam e começaram a orar, diante daquela visão, que lhes permitiu identificar que dentro do caixão havia a imagem de um santo. Mais tarde, essa história pode ser validada de certa forma, pois na pequena cidade de Iguape, também do litoral paulista, foi encontrada no mesmo ano a imagem de Bom Jesus.

Existem registros de que a estátua partiu de Pernambuco, no navio de guerra de Segismund Van Schkope. No percurso, a embarcação foi atacada e, na tentativa de salvar a imagem, ela foi posta no caixão com as velas. Após uma longa viagem e sua passagem pelo canal de Ilhabela, os moradores de Iguape fizeram seu resgate.

A cidade, que fica a mais de 300 km de distância do canal de São Sebastião, ainda venera a imagem que hoje é conhecida como o Bom Jesus da Cana Verde ou Bom Jesus de Iguape e a lenda sobre a chegada da estátua no município se funde à do imaginário popular ilhabelense.

Imagem da procissão de Bom Jesus de Iguape
Reprodução Santuário de Bom Jesus de Iguape

Outra lenda, mais conhecida entre os munícipes, conta que, novamente em 1647, a pacata ilha foi despertada pelo repicar dos sinos. Na época, a cidade era constantemente alvo de ataques piratas e a população estava sempre em alerta para novos atentados.

Naquela noite, os homens correram até a praia preparados para o combate, até que um corajoso guerreiro com o nome de São Sebastião surgiu, assumindo o comando da situação e guerreando sozinho com os piratas, que recuaram rapidamente.

À medida que a calmaria retornava ao povoado, todos se perguntavam de onde tinham vindo os sons de sinos que pareceram um alerta. Após constatar que não eram provenientes dos sinos da Igreja da Armação, e ainda sem explicação para a origem dos sons.

A única pista sobre tal evento foi fornecida pelos indígenas do lugar, que repetiam sem parar a palavra Garapocaia, enquanto apontavam em direção às pedras da costeira. Assim, as pedras da praia passaram a ser chamadas de Pedras do Sino e se tornaram uma atração turística icônica de Ilhabela.

Gabriela Petarnella

Gabriela Petarnella

Jornalista formada pelo Centro Universitário Módulo. Possui experiência em videorreportagem e fotojornalismo

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