Incêndio na Vila Socó começou em 24 de fevereiro de 1984 e deixou um saldo oficial de 93 mortos, mas estimativas falam em até 500 vidas perdidas
Era a noite de 24 de fevereiro de 1984, quando um vazamento de combustível de um oleoduto, no mangue que passava sob a comunidade da Vila Socó, em Cubatão (atual Vila São José) deu início a um incêndio sem precedentes. As chamas se alastraram rapidamente pelas moradias de madeira, quando muitos moradores já estavam dormindo, trasformando o local em um pesadelo de fogo. O saldo oficial foi de 93 mortos, mas, até hoje, há contestações sobre esse número, e algumas estimativas falam em até 500 vidas perdidas, no que ficou conhecida como a tragédia da Vila Socó.
E, quando se completam 40 anos da tragédia cravada na história de Cubatão, a prefeitura da cidade realizará homenagens em memória às famílias atingidas pelo incêndio. No domingo (25), às 9 horas, será celebrado um ato ecumênico no Centro Comunitário da Vila São José (rua São Francisco de Assis, 470). O evento contará com a presença de autoridades das igrejas católica, evangélica e outras denominações e religiões, que lembrarão os mortos na tragédia e a importância da luta por justiça. O ato será encerrado com um minuto de silêncio, em memória dos mortos. Às 10 horas, ocorrerá o depósito de flores no monumento construído em homenagem às vítimas.
Já na segunda-feira (26), às 17 horas, será realizada uma sessão solene da Comissão à Memória, à Verdade e à Justiça, grupo que completa 10 anos de existência e apura o ocorrido no incêndio. O evento será no auditório da Ordem dos Advogados (OAB) de Cubatão, na rua São Paulo, 260, Jardim São Francisco.
A prefeitura de Cubatão lembrou os ensinamentos absorvidos pela municipalidade, com a tragédia de 1984. A administração municipal destacou a proteção da vida humana e da preservação do meio ambiente, uma vez que as medidas tomadas, após o incêndio, entrelaçaram-se com ações assumidas em prol da recuperação ambiental do município.
O fato, inclusive, culminou com o reconhecimento mundial de Cubatão como Cidade Símbolo de Recuperação Ambiental, na ECO-92, conferência das Nações Unidas (ONU) pelo meio- ambiente, realizada no Rio de Janeiro em 1992. Segundo a prefeitura, "ficou a responsabilidade compartilhada pelo poder público e indústrias, em gerar desenvolvimento econômico e progresso industrial em harmonia com o meio ambiente, protegendo a comunidade".
De acordo com a Secretaria Municipal de Segurança Pública e Cidadania (SSPC), após a tragédia, toda a área da Vila Socó foi aterrada, inclusive a tubulação, além de controle rigoroso da mesma, por meio de sofisticados equipamentos que monitoram a pressão e a resistência dos tubos, diariamente, incluindo as condições climáticas, além da ampla sinalização da área.
Segundo especialistas, a tragédia foi um marco para a área de emergência na época. A SSPC informou, também, que, a partir do incêndio, foram intensificados os sistemas de apoio para respostas mais rápidas e eficientes, envolvendo todas as indústrias do parque industrial. Entre as medidas implantadas estão:
Após o incêndio, a Petrobras construiu, por meio de convênio com a prefeitura, um núcleo residencial composto por 400 casas, na Vila São José. Sobreviventes da tragédia da Vila Socó foram indenizados e passaram a habitar o local, que foi totalmente urbanizado, e recebeu escola, creche, posto de saúde, infraestrutura urbana e calçamento.
A partir de 2017, o bairro passou por processo de regularização fundiária e, em 2019, as 400 famílias iniciaram o processo de recebimento das escrituras definitivas de seus imóveis, tornando-se oficialmente proprietárias do terreno. A Vila São José possui cerca de cinco mil moradores, atualmente.